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Livro re�ne a hist�ria do cinema em 89 cr�nicas-ensaios

O cr�tico S�rgio Augusto concede entrevista exclusiva ao EM sobre o seu novo livro, Vai come�ar a sess�o


postado em 17/01/2020 06:00 / atualizado em 17/01/2020 08:44

Cena do filme O grande ditador, de 1940, no qual Chaplin interpreta Hitler com o globo terrestre. Obra do genial ator e diretor é lembrada no livro de Sérgio Augusto, principalmente as referências ao ditador alemão(foto: TV BRASIL/DIVULGAÇÃO)
Cena do filme O grande ditador, de 1940, no qual Chaplin interpreta Hitler com o globo terrestre. Obra do genial ator e diretor � lembrada no livro de S�rgio Augusto, principalmente as refer�ncias ao ditador alem�o (foto: TV BRASIL/DIVULGA��O)

O cinema faz parte da vida, e n�o o contr�rio. Mas, em seus melhores momentos – dialogando tamb�m com a literatura e outras artes – oferece del�cias e prazeres a quem a ele se entrega. Essa � a vibe, a pedra de toque do rec�m-lan�ado Vai come�ar a sess�o (Editora Objetiva), uma vers�o ampliada de O colecionador de sombras (e-gal�xia, 2015), que saiu apenas em vers�o digital. Na nova edi��o, s�o 89 cr�nicas (na defini��o do autor) originalmente publicadas no O Estado de S.Paulo – � exce��o de seis delas, entre 2001 e 2018. � preciso deixar claro que a colet�nea representa s� uma parte da extensa produ��o de S�rgio Augusto ao longo de mais de cinco d�cadas em v�rias publica��es: ele come�ou a escrever cedo sobre cinema, e passou, para citar algumas, pelas reda��es de Correio da Manh�, Jornal do Brasil, O Cruzeiro, Veja, Isto�, O Pasquim e Folha de S.Paulo.
No livro, S�rgio disseca quest�es sobre o cinema por todos os �ngulos imagin�veis, urdindo um texto repleto de pequenas epifanias e insights e constitu�do de diversos g�neros – perfil e resenha entrecruzados por lances de biografia pessoal. Nesse sentido, Paulo Roberto Pires lembra na introdu��o que “todo ensaio que vale a pena � uma conversa e aqui h� uma dezena delas, das que valem a pena”.

Cena de Janela indiscreta, clássico de Alfred Hitchcock, de 1954, com James Stewart e Grace Kelly(foto: INTERNET/REPRODUÇÃO)
Cena de Janela indiscreta, cl�ssico de Alfred Hitchcock, de 1954, com James Stewart e Grace Kelly (foto: INTERNET/REPRODU��O)

O jornalista e cr�tico discute teses (exemplos, a import�ncia de Wagner para as trilhas de cinema, o roteirista como principal autor de filmes), aponta a rela��o de escritores e poetas com a s�tima arte (Faulkner, Thomas Mann, Fernando Sabino e Vinicius de Moraes), perfila diretores e atores (Ernst Lubitsch, John M. Stahl, William Wyler, Luis Bu�uel, Jerry Lewis, Gregory Peck, Isabelle Huppert).

Em tudo, age feito o artes�o que considera o jornalismo cultural o ponto de encontro do conhecimento sem pedantismo com a informa��o sofisticada, de associa��es inusitadas com a originalidade das abordagens, da amplitude de interesses com uma rede inesgot�vel de refer�ncias (o �ndice onom�stico tem 45 p�ginas!!), embalada por humor ir�nico e eventualmente momentos de lirismo (“As falas escritas por Odets s�o como l�minas vibradas na penumbra”). Leia, a seguir entrevista, por e-mail, com S�rgio Augusto

(foto: Chico Cerchiaro/Divulgação)
(foto: Chico Cerchiaro/Divulga��o)

Quando vai escrever um texto sobre cinema, qual o seu m�todo? Voc� confia apenas na mem�ria ou recorre aos seus arquivos?
O mesmo m�todo aplicado a qualquer trabalho cr�tico. Re�no o m�ximo do que me lembro, anotei ou pesquisei sobre o assunto, no caso, um filme. Em geral, aproveito 30% do material anotado. Por que tanto desperd�cio de tempo e energia? Pra evitar interromper o cada vez mais dif�cil fluxo de ideias com alguma consulta de �ltima hora sobre a segunda vers�o de tal e tal filme. Quando fazia cr�tica praticamente di�ria, assistia aos filmes – a maioria em cabine, pela manh� – anotando coisas num caderninho: di�logos, observa��es e ila��es que me ocorriam durante a proje��o. N�o confio em minha mem�ria. S� a utilizo socialmente, digamos assim, em conversas e tira-teimas. Consulto o que estiver � m�o, sempre que poss�vel em fontes confi�veis da internet.

Como era sua rotina para escrever esses ensaios na �poca e como � hoje? Mudou alguma coisa?
S� mudou o tamanho. Escrevia, em m�dia, entre 8 mil e 10 mil caracteres no Segundo Caderno do Estad�o, at� a cria��o do caderno Ali�s e do Sab�tico, por volta de 2010. Ou seja, disponho, h� algum tempo, da metade do espa�o que me era concedido nos meus primeiros quatro anos de Estad�o, quando, saliente-se, publicava dois textos por semana, �s quintas e s�bados. D� pra sentir essa diferen�a no livro. Na revista Florense, o espa�o era mais ou menos livre; podia chegar, e �s vezes cheguei, a 12 mil caracteres.

Quando voc� considera que encontrou esse estilo, essa forma de escrever? J� come�ou assim ou foi algo sendo constru�do?
N�o acho que tenha estilo; tenho v�cios de linguagem peculiares. Tenho certeza de que evolu� com o tempo. Na Veja, aprendi a ser mais conciso, compacto, mas depois enjoei daquela rigidez, daquele estilo uniforme, impessoal – e, cansado de tentar imitar a maneira de escrever da casa, para n�o ser copidescado, embarquei na experi�ncia da Isto�, lan�ada por Mino Carta, quase ao final dos anos 70, em que me liberei por completo de qualquer amarra. Num certo sentido, o Pasquim e a Isto� do Mino foram os meus mestrado e doutorado em reda��o.

Que tipos de arquivo voc� tem? S�o s� f�sicos ou digitais tamb�m?
Meus arquivos b�sicos s�o e continuar�o sendo anal�gicos: pastas com recortes sobre os mais variados temas, pastas espec�ficas sobre diretores de cinema, com fotos cada vez mais descart�veis, pois na internet voc� encontra tudo. Se tivesse grana digitalizaria tudo, aliviando gavetas e mais gavetas de papelada. Mas n�o tenho sequer pra pagar algu�m para apenas digitar minha produ��o em jornal e revista entre os anos 60 e 90, guard�-la num HD com backup e aproveitar as gavetas para outros guardados, certas raridades que requeiram digitaliza��o em scanner, o que nunca lograrei fazer.

Voc� mant�m suas cole��es da Cahiers e da New Yorker? Guarda outras revistas tamb�m?
J� guardei. New Yorker, Esquire, Paris Review, Partisan Review, Esprit, Encounter, Temps Modernes, diga uma a�. As revistas de cinema (Cahiers, Positif, Sight & Sound, a Cinema & Film italiana, Film Comment etc., at� Pr�sence du Cin�ma e La Revue de Cin�ma, precursora da Cahiers), sim, cheguei at� a encadernar algumas. Tenho os primeiros anos da New York Review of Books encadernados e os n�meros seguintes empilhados num arm�rio e numa arca de metal que comprei em Paris para outros fins. N�o faz mais sentido guardar toda essa tralha, dispon�vel on-line aos assinantes da revista. Salvo alguma coisa rara, especial, algum gibi ligado � minha inf�ncia, procuro me desfazer de tudo, aboli o papel. Cancelei minha assinatura impressa da New Yorker (US$ 300/ano), mantive s� a digital, a metade do pre�o. S� a assinatura (digital) do New York Times me consome o que, pra mim, � uma fortuna.

Em O mestre de uma gera��o, voc� diz que desde crian�a [era] viciado em cinema pela m�e, (e tinha � disposi��o) o matutino assinado pelo pai, (e) um exemplar de cortesia de um concorrente, que ele s� conhecia de nome e fama: o Correio da Manh�. Pode falar um pouco dessa �poca? Quais as profiss�es e os nomes de seus pais? A que filmes sua m�e assistia?
Meu pai assinava O Jornal, por causa do Suplemento Feminino, que minha m�e gostava de ler, por causa das receitas, dos modelos de roupa e das reportagens sobre artistas de cinema, e � noitinha, na volta do trabalho, comprava O Globo por minha causa. O Globo, que na �poca era um jornal vespertino, tinha uma p�gina inteira de quadrinhos. Naquela �poca, o Rio tinha uma d�zia de jornais di�rios. O Globo e A Noite eram vespertinos e o Correio da Manh� e o Jornal do Brasil, matutinos. Os vespertinos n�o circulavam aos domingos, os matutinos n�o sa�am �s segundas-feiras. O Correio era o jornal mais poderoso da �poca, sua for�a pol�tica, de alcance nacional, superava at� a do Estad�o, pois o Rio era a capital do pa�s. O JB, at� sua revolucion�ria reforma, quase ao final dos anos 50, era um jornal de classificados. O Globo era pouco mais que irrelevante se comparado ao Correio, ao Tribuna da Imprensa e ao �ltima Hora.

E seu pai?
Meu pai, Juli�o Augusto Pinto, era portugu�s, nunca se naturalizou, trabalhou a vida inteira na Companhia de Seguros Sul-Am�rica. Seu pai, meu av�, Alfredo, foi ma�tre no restaurante do legend�rio Hotel Avenida, o da Galeria Cruzeiro, onde hoje fica o Edif�cio Central. Minha m�e, Iracema, nasceu em Minas Gerais e era filha de portugueses. Tinha apenas 19 anos quando nasci; era mais uma irm� mais velha do que m�e, um barato! Cineman�aca, me levava ao cinema, ainda no colo, mentindo sobre a minha idade para os porteiros e bilheteiros. �amos ao cinema mesmo durante a semana, quando eu n�o tinha aula, escondidos de minha av�, m�e dela, com quem moramos at� os meus 13 anos. Mam�e, que talvez conhecesse tango at� mais do que Jos� Lino Gr�newald, fazia o g�nero rom�ntico; adorava as operetas da Metro, com Jeanette MacDonald e Nelson Eddy, outra paix�o do Z� Lino, e tamb�m melodramas,  como Supl�cio de uma saudade, A ponte de Waterloo, Tarde demais para esquecer, as com�dias da s�rie Road to, com Bob Hope, Bing Crosby e Dorothy Lamour, sobre as quais, ali�s, escrevi um artigo, que est� no livro.

Nos seus pr�prios textos h� refer�ncias de cr�ticos que voc� admira (no sentido de que incorporou algo do estilo deles)? Penso em Moniz Vianna e Pauline Kael, por exemplo.
Tenho a pretens�o de dizer que aprendi – como muitos aprenderam, inclusive Ely Azeredo – a fazer cr�tica de filmes lendo Moniz Vianna. Claro que absorvi ensinamentos de in�meros outros cr�ticos ao longo da vida, muitas vezes inconscientemente. No livro, elogio e falo muito de Pauline Kael, mas seu proverbial rival, Andrew Sarris, influenciou mais meu gosto cinematogr�fico do que ela. Lamento n�o ter escrito sobre Sarris quando de sua morte, em 2012.

No livro, o “gatilho” para os ensaios s�o mostras da TV fechada, lan�amento de livros, efem�rides. Hoje, com cada vez menos filmes relevantes, o que desperta sua vontade de escrever sobre cinema (se, claro, concordar com essa afirma��o)?
Nosso relacionamento, e n�o apenas o meu, com o cinema mudou bastante. Antigamente, os filmes estrangeiros demoravam em m�dia de seis meses a um ano para estrear aqui. Essa demora criava um frisson hoje inexistente. Isso pra in�cio de conversa. H� filmes demais, demandas demais, informa��es demais, dif�cil processar toda essa carga de palavras e imagens de forma produtiva e prazerosa. Vi alguns seriados de TV, encantei-me sobremodo com Mad Men, mas passei a evit�-los para n�o me tornar prisioneiro de cria��es que me roubar�o tempo de leitura, conviv�ncia com amigos e outras formas de lazer e conex�o com o mundo, que no m�ximo ir�o me distrair. Se h� coisa de que n�o preciso atualmente � de distra��o. Desobrigado a cobrir o mercado cinematogr�fico, filtro com rigor o que irei ver. Evito os filmes “de lanchonete” – comediotas, blockbusters – que poderei ver um dia na TV, armado de controle remoto, o que j� � um tremendo adianto. Passo ao largo de filmes de franquia, super-her�is, refilmagem, anima��o. N�o perco meu tempo com filmes de Baz Luhrmann e Jean-Pierre Jeunet, por exemplo. A qualidade dos Telecines caiu bastante (e os filmes e ciclos que inspiraram alguns de meus textos contidos no livro exp�em essa decad�ncia), os repert�rios da Netflix e da Popcorn Tim s�o med�ocres. Me abaste�o mais de filmes velhos e novidades europeias, como, entre outros, o turco Nuri Bilge Ceylan, o sueco Ruben �stlund, que primeiro me cativaram no cineclube priv� de Daniel Filho, um inveterado cin�filo, dono de uma fant�stica videoteca, periodicamente abastecida atrav�s da internet.

O advento do streaming, com Netflix, Amazon, de certa forma “matou” o cinema de arte e de autor? � como se essa nova m�dia tivesse sequestrado toda essa produ��o. H� sa�da para esse estado de coisas?
Ainda � cedo pra uma afirma��o t�o categ�rica. Receio que tenha condicionado o cinema a novas f�rmulas, a novos esquemas de narrativa afinal viciantes. Pois a ind�stria de filmes sempre viveu da altern�ncia de inova��es que depois viram mesmice. A “ditadura” do seriado, com sua dur�e de telenovela, n�o me atrai porque me desagrada ficar preso a um mesmo universo ficcional por v�rias horas e dias. E a �nica maneira de evitar essa compassada frui��o � entregar-se ao que os americanos chamam de “binge” e n�s de “maratona”, esporte para o qual me faltam voca��o e paci�ncia. Fiz isso uma �nica vez, com a primeira temporada de House of cards, que ganhei de presente num r�veillon e curti em grupo, confesso que numa boa. O tal streaming interativo, lan�ado pela Netflix, � uma bobagem, como em geral s�o, a meu ver, as manifesta��es art�sticas que estimulam e mesmo exigem a interfer�ncia “criativa” da plateia. Imagine uma vers�o “interativa” de Casablanca, por exemplo? N�o tenho o menor interesse em saber o que outros espectadores dariam ao futuro de Rick, Ilsa e Viktor. Se bem que algumas especula��es interessantes a respeito tenham sido feitas, e at� postas em livros, como no falso romance de David Thomson, Suspeitos.

Muito embora voc� diga, num dos ensaios, n�o gostar de listas, se arriscaria a cravar os 10 filmes melhores do s�culo 21, em sua opini�o?
N�o gosto mesmo. S�o inevitavelmente reducionistas e sempre me arrependo das escolhas, das injusti�as e omiss�es cometidas. O s�culo 21 foi aquele em que menos filmes vi na vida. Assistia a mais filmes num m�s nas d�cadas de 50, 60 e 70 do que nos �ltimos 20 anos – sem considerar, claro, os filmes revistos em DVD. Seria menos penoso pra mim listar sucessos que julguei detest�veis, como O artista e A.I. Intelig�ncia artificial. Assim, de cabe�a, destacaria alguns filmes que me impressionaram bem na �poca: Leviathan, Melancolia, Acima das nuvens, For�a maior, O quarto do filho, Escritor fantasma, Winter sleep (em Portugal, Sono de inverno, do Nuri Ceylan), e a maioria dos filmes argentinos, alguns iranianos (destaque para Asghar Farhadi e Kiarostami), Agn�s Varda. Acrescentaria os document�rios de Eduardo Coutinho e Jo�o Moreira Salles, os tr�s longas do Kleber Mendon�a Filho (O som ao redor, Aquarius e Bacurau) e, com especial destaque, A vida invis�vel. O cinema brasileiro talvez esteja vivendo a melhor �poca de sua hist�ria, que me desculpem os meus contempor�neos colegas do Cinema Novo. Pena que, justamente agora, tenha ca�do sobre ele e a cultura em geral um leviat� (ou um moloch) pior do que o(s) da ditadura militar.

Se n�o me engano, a �nica s�rie que voc� cita, elogiosamente, � Mad Men. Voc� concorda que vivemos uma esp�cie de era de ouro da TV, com s�ries como a citada e The Wire, Soprano e outras poucas? De algum modo essa produ��o foi positiva para o cinema?
Sem d�vida. A teledramaturgia (ou o cinema televisivo) sempre foi um celeiro de talentos que posteriormente desabrocharam no cinema, vide John Frankenheimer, Arthur Penn, Sidney Lumet, Robert Mulligan. Em algum momento deste s�culo, a qualidade dos filmes produzidos para a TV, antes mesmo do streaming, superou a das produ��es destinadas � tela grande, ao mercado exibidor convencional. � uma grande escola profissional, sobretudo para roteiristas, e um mercado de trabalho sem competidor atualmente. Leopoldo Serran, o mais destacado roteirista do Cinema Novo, n�o perdia um seriado, daqueles antigos, dos anos 70, que passavam dublados na TV. Falo de Columbo, Arquivo Confidencial, Casal 20, Lou Grant, que, segundo ele, eram uma fonte inesgot�vel de solu��es c�nicas e dram�ticas. As teless�ries mais tradicionais, como Law and Order, Criminal Intent, C.S.I., esclerosaram porque ficaram presas a um esquema r�gido de enredo, estrutura narrativa e essa coisa batida, irritante, que s�o os di�logos em coral, com os personagens emendando a fala dos demais.

Voc� assistiu a Irishman? Qual sua opini�o sobre o filme? Acha que m�dias como a Netflix podem atrair criadores como Scorsese?
O filme, muito bem dirigido, pois Scorsese � um artes�o irreproch�vel, que sabe tudo de cinema, me pareceu longo demais e meio sem interesse para quem, como eu, j� viu todos os filmes sobre a M�fia que precisava ter e n�o ter visto. � uma curti��o cinematogr�fica, cheia de alus�es not�lgicas ao cinema americano e � m�sica pop dos anos 50, e por isso, pelo bom humor, e pela atua��o de Joe Pesci, me interessou muito mais do que, por exemplo, Goodfellas. A Netflix, at� prova em contr�rio, � o futuro da produ��o cinematogr�fica. A Netflix e suas cong�neres.

Percebo que sua rotina jornal�stica inclui uma atividade de certo modo intensa nas redes sociais, sobretudo no Twitter. Voc� acompanha sites ou blogs relacionados a cinema nas redes?
Twitter � o meu jornal particular, o meu r�dio, a minha TV. No Twitter eu sou eu, e nas outras m�dias, a minha circunst�ncia. Isso n�o quer dizer que n�o tenha liberdade total no Estad�o. Tenho. Mas o Twitter � meio como morar sozinho e poder andar pelado pela casa inteira. N�o tenho o h�bito de ler blogs ou sites relacionados com cinema.

“O pior filme brasileiro nos ensina mais sobre n�s do que o melhor filme estrangeiro.” A famosa frase de Paulo Em�lio ficou datada ou ainda explica a nossa cinematografia?
Sempre me pareceu uma frase de efeito, bastante discut�vel, at� meio xen�foba e provinciana. Concordaria inteiramente com ela se assim formulada: “Qualquer filme brasileiro nos ensina mais sobre n�s do que qualquer filme estrangeiro” – que, no fundo, foi o que Paulo Em�lio quis dizer, de forma menos prosaica.

� poss�vel tra�ar paralelos da �poca Collor de destrui��o da Embrafilme com a de agora, de ataque � arte e � cultura de Bolsonaro � Ancine, artistas etc.?
� poss�vel e necess�rio. Collor muito se esfor�ou, mas n�o conseguiu acabar com a ind�stria de filmes no Brasil. Se Bolsonaro demorar mais tempo no poder do que Collor, talvez possa causar um estrago ainda maior, j� que nunca houve, na hist�ria de nossa rep�blica, governo mais tosco e obscurantista do que este que a� est�.

Fabr�cio Marques � jornalista, autor do livro-reportagem Uma cidade se inventa 
(Scriptum, 2015),  entre outros
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