
A trajet�ria art�stica de Ricardo se ancora na dimens�o verbivocovisual, um conceito extra�do da obra de James Joyce. A palavra d� conta da tripla dimens�o de todas as palavras: dimens�o verbal, dimens�o vocal e dimens�o visual. “Isso � a base do meu fazer, todo focado pela obsess�o de pensar cada palavra, dentro de cada verso, dentro de cada estrofe, dentro de cada poema, dentro de cada livro, como objeto nessa tripla resson�ncia”, diz.
Ricardo publicou 13 livros, entre os quais Festim (1992), A roda do mundo (1996, com Edimilson de Almeida Pereira), Quem faz o qu�? (1999), Tr�vio (2001), A aranha Ariadne (2003), M�quina zero (2004) e Modelos vivos (2010), com o qual foi finalista dos pr�mios Portugal Telecom e Jabuti 2011, e Antiboi (2017), escolhido como finalista do Pr�mio Oceanos. Curador do Festival Internacional de Arte Negra de Belo Horizonte/FAN, editou a revista RODA – Arte e cultura do Atl�ntico Negro. Em 2018, a editora paulista Todavia lan�ou Pesado demais para a ventania, antologia po�tica do autor, nascido em BH em 1960.
No final de 2020, Ricardo lan�ou Extraquadro (Impress�es de Minas) e Di�rio da encruza (Organismo). Nesta entrevista concedida ao Pensar, ele fala do processo de escrita, do lugar de onde irradia sua po�tica (Campo Alegre), do conceito “pessoas-muitas” e dos m�ltiplos significados do ato de respirar.
Voc� completou 60 anos em setembro. O que fez para comemorar?
Eu respirei. Eu vim me preparando muito nos �ltimos anos para chegar a essa idade redonda, do jeito que eu fiz quando completei 50 anos. Vivi com muita alegria a chegada aos 50, com livro novo, Modelos vivos, que tinha um apanhado do que eu estava fazendo e apontando um caminho para o que viria depois. A quest�o da idade nunca foi um problema. O envelhecimento n�o me traz mal-estar nem quando contemplo a situa��o brasileira, que tem um contexto “velhof�bico”.
Aprendi que as gera��es anteriores � minha inventaram novos modos de envelhecer. Gera��o dos m�sicos, por exemplo, Caetano, Gil, Paulinho da Viola, gera��o que est� chegando aos 80 anos muito ativa, muito criativa e sem dar sinais de que vai parar, vai dependurar as chuteiras. Tudo isso � nutriente para mim e me animou a pensar com alegria, inclusive porque os meus 60 anos se d�o no mesm�ssimo ano dos 60 anos de Arnaldo Antunes, Eder Santos, Nuno Ramos. Como viajo muito, era para fazer de cada viagem uma comemora��o. Estaria nos EUA em abril, depois Su��a; a� veio a pandemia.
Aprendi que as gera��es anteriores � minha inventaram novos modos de envelhecer. Gera��o dos m�sicos, por exemplo, Caetano, Gil, Paulinho da Viola, gera��o que est� chegando aos 80 anos muito ativa, muito criativa e sem dar sinais de que vai parar, vai dependurar as chuteiras. Tudo isso � nutriente para mim e me animou a pensar com alegria, inclusive porque os meus 60 anos se d�o no mesm�ssimo ano dos 60 anos de Arnaldo Antunes, Eder Santos, Nuno Ramos. Como viajo muito, era para fazer de cada viagem uma comemora��o. Estaria nos EUA em abril, depois Su��a; a� veio a pandemia.
Respirar tem um sentido m�ltiplo para os negros...
Respirar � uma palavra muito vasta para n�s, negros. Ela aponta n�o s� para a pandemia como para o genoc�dio: “Eu n�o consigo respirar”. Tive que passar a lidar com essas quest�es e, fazendo esse movimento, tudo ficou poss�vel. Entrei numa roda-viva de autoconhecimento. Projetos antigos afloraram e agora estou com 12 livros. Coisas de v�rios anos que fui deixando de lado e, agora, sem as viagens, consegui examinar com calma. Os 60 anos est�o sendo de muita vivacidade.
Conte um pouco sobre os dois livros mais recentes.
Um deles � o Di�rio da encruza, que vim escrevendo ao longo dos anos, tal qual foi com Antiboi, em 2017, com poemas que escrevo ao sabor dos ventos. A crise pol�tica e social que se instaurou no Brasil foi sugerindo a cria��o dos poemas, que publiquei nas redes sociais. Pela recep��o dos leitores, j� selecionava. O Di�rio da encruza tem outra caracter�stica, que � a tentativa de entendimento da encruzilhada n�o como um beco sem sa�da, como o ocidente pensa. Mas a encruzilhada como lugar de movimento, se � lugar de Exu, � lugar de coisas acontecerem.
Ao mesmo tempo em que temos o genoc�dio, celebra a experi�ncia negra, coloca a experi�ncia negra no Brasil na ponta de lan�a, da inven��o de um pa�s, e n�o d� lam�ria, apesar de constar a exist�ncia do genoc�dio, n�o deixa de celebrar a nossa experi�ncia de resist�ncia nas diversas formas de celebrar. Como disse Muniz Sodr�, em entrevista a voc� para a revista Roda: “Santo � aquele que olha a alegria de frente na dire��o do desejo”. � uma das ep�grafes do Di�rio da encruza. A outra ep�grafe � de Pixinguinha de quem Muniz fala nessa resposta. O rep�rter fazia um monte de perguntas complicadas para ele, ele estava com os velhos companheiros, Donga, Jo�o da Baiana. Ele ri diante da pergunta, aponta para os velhos companheiros e diz: 'N�s somos um poema'. Eu pus essas duas ep�grafes para conversar.
Ao mesmo tempo em que temos o genoc�dio, celebra a experi�ncia negra, coloca a experi�ncia negra no Brasil na ponta de lan�a, da inven��o de um pa�s, e n�o d� lam�ria, apesar de constar a exist�ncia do genoc�dio, n�o deixa de celebrar a nossa experi�ncia de resist�ncia nas diversas formas de celebrar. Como disse Muniz Sodr�, em entrevista a voc� para a revista Roda: “Santo � aquele que olha a alegria de frente na dire��o do desejo”. � uma das ep�grafes do Di�rio da encruza. A outra ep�grafe � de Pixinguinha de quem Muniz fala nessa resposta. O rep�rter fazia um monte de perguntas complicadas para ele, ele estava com os velhos companheiros, Donga, Jo�o da Baiana. Ele ri diante da pergunta, aponta para os velhos companheiros e diz: 'N�s somos um poema'. Eu pus essas duas ep�grafes para conversar.
E o outro livro?
O outro livro se chama Extraquadro, � irm�o quase g�meo do Di�rio da encruza, poemas tamb�m vindos das redes sociais. S� que pontuados, nesse caso atravessados, por imagens da minha inf�ncia. Uma fotografia de minha inf�ncia: eu e minha irm� no Clube Palmeiras, onde a gente morava e meu pai era zelador, que funciona at� hoje na (rua) Gr�o Par�. Minha irm� e eu estamos juntos de outras crian�as nos brinquedos. Somos as �nicas crian�as com express�o s�ria. Da� “extraquadro”, aquele procedimento t�cnico-formal tanto da foto- grafia quanto do cinema para falar do que n�o est� na foto. Os poemas n�o est�o falando sobre a foto, est�o falando sobre o entorno da foto da nossa inf�ncia e dos anos que se seguiram.
Em Extraquadro, voc� faz essa mirada para situa��es que viveu ou lan�a o olhar vivenciado pelo coletivo?
Tenho trabalhado h� alguns anos com o conceito de “pessoas-muitas”. A�lton Krenak se referiu a mim, em conversa com uma amiga em comum, como sujeito-coletivo. Fiquei muito feliz e me dei conta de que sempre trabalhei com a ideia do poeta como algu�m que tem muita gente na cabe�a. Tenho uma sensa��o muito agrad�vel quando pego qualquer livro meu; � que tem v�rios poetas ali. Eu penso que meus livros s�o colet�neas. N�o precisa procurar por uma singularidade de Ricardo Aleixo.
N�o existe singularidade, no sentido de marca pessoal. A minha marca pessoal � ser coletivo. Tenho desenvolvido o conceito de pessoa-muitas, o que acaba ampliando a no��o de pessoa. A pessoa-muita n�o � s� a minha cabe�a, o meu pai Ogum, minha m�e Iemanj�, um dia descobri que tenho Exu na cabe�a e tenho Xang�. N�o s�o s� meus ancestrais, o meu pai, minha m�e. N�o. � quem n�o nasceu ainda e s�o as viv�ncias que se d�o no entorno… Eu escrevo como se estivesse vivido essas vidas. O “Eu” dos meus poemas n�o � necessariamente o ‘eu l�rico do Ricardo Aleixo’.
N�o existe singularidade, no sentido de marca pessoal. A minha marca pessoal � ser coletivo. Tenho desenvolvido o conceito de pessoa-muitas, o que acaba ampliando a no��o de pessoa. A pessoa-muita n�o � s� a minha cabe�a, o meu pai Ogum, minha m�e Iemanj�, um dia descobri que tenho Exu na cabe�a e tenho Xang�. N�o s�o s� meus ancestrais, o meu pai, minha m�e. N�o. � quem n�o nasceu ainda e s�o as viv�ncias que se d�o no entorno… Eu escrevo como se estivesse vivido essas vidas. O “Eu” dos meus poemas n�o � necessariamente o ‘eu l�rico do Ricardo Aleixo’.
Voc� fala da perspectiva de quem ainda n�o nasceu, � um devir...
� o mundo que est� posto no oriki de Exu: atingiu ontem um p�ssaro, com uma pedra que s� hoje atirou. Tenho um poema no Di�rio de encruza: “Ancestral � quem vive no meio do tempo sem tempo. � quem veio e j� foi e � quem ainda n�o veio. Se veio, n�o vir�. Se j� foi ainda n�o veio”. � circular. � o que garante a dimens�o �tica do pertencimento � vida, n�o como algo que posso negociar, mas algo que ultrapassa o meu tempo de vida aqui.
Em Antiboi, voc� tem um poema que diz que voc� escreve, mesmo n�o sendo o melhor m�s para escrever, o melhor ano para escrever, n�o � o melhor s�culo para escrever. Antiboi foi publicado em 2017 e esses versos s�o muito pertinentes a 2020, �ltimo ano do s�culo.
N�o gosto do Facebook por v�rias raz�es e gosto por um �nico motivo: as lembran�as que me permitem ver que, desde 2012, estava cantando a pedra sobre o desastre que estava ocorrendo. N�o podia saber que era golpe, n�o podia saber que o genoc�dio seria ampliado. Muita gente que lia na �poca me chamava de exagerado. Dizia que estava vendo chifre na cabe�a de cavalo. No Brasil, cavalo tem chifres, muitos chifres. N�o me gabo disso, obviamente. Boa parte do que tenho escrito tem vindo de sonhos, nem tudo que escrevo � mat�ria de observa��o e reflex�o. �s vezes, sou acordado no meio da noite com um poema pronto, s� tenho que anotar. �s vezes, fa�o ajuste na diagrama��o, mudan�a de uma palavra.
Casa como espa�o que permite uma reinven��o, voc� relaciona muito os seus projetos ao Campo Alegre, � sua casa, fazendo da sua casa muito mais do que um ateli�, lugar onde voc� convoca as pessoas para essas inven��es. O que pensa da sua casa como espa�o de inven��es?
A casa � fundante para que eu seja um escritor. N�o existiria o Ricardo Aleixo, voltado para as artes e pensamento, se a fam�lia negra e pobre da qual descendo n�o tivesse podido... Na velhice, o casal consegue adquirir essa casa. Meu pai adquiriu porque era funcion�rio p�blico federal, por meio de um sorteio concorreu a uma das 586 casas do Campo Alegre. O Campo Alegre significa o conv�vio com um n�mero muito maior de gente no meu entorno, j� d� uma ideia de diversidade.
V�amos, pela primeira vez, dezenas de tons de pele negras. Para minha irm� e eu foi fascinante. Um dos efeitos imediatos � que puderam investir na educa��o minha e de minha irm�. Primeira pessoa da fam�lia a entrar para a universidade. Letras n�o forma escritor. Ela se decepciona. Me apresentou bibliografia, praticamente fiz o curso com ela, meu amor pela literatura tudo vem dessa carona que peguei com minha irm�, que me permitiu n�o cursar na universidade. Primeiro fato do Campo Alegre sobre a minha sensibilidade foi isso a�, pude chegar aos meus pais e dizer vou estudar sozinho. Conto em detalhes no Memorial Art�stico Cultural que escrevi a pedido da UFMG.
Vou receber o not�rio saber no n�vel de doutorado, com possibilidade de participar de concursos e participar de bancas. Tive que fazer memorial com 158 p�ginas. Qual a import�ncia? Mostra a import�ncia do n�cleo familiar na defini��o de rumos de seus filhos. Meus pais nunca questionaram minha decis�o, pelo contr�rio, eles abra�aram minha decis�o. O que quero frisar � algo que Muniz Sodr� disse para voc� naquela entrevista. Lembra-se de que ele falou sobre o valor dos livros na casa dos pobres? Livro � um objeto que mobiliza, mais do que na casa dos brancos e classe m�dia, na casa dos negros e dos ind�genas � um dispositivo que permite a mobilidade, o sonho da mobilidade sociocultural. Fa�o a celebra��o de uma tradi��o que vem desde o s�culo 19.
Meu pais de 1911 e 1918. Muita gente do s�culo 19, o s�culo de Machado, de Cruz e Souza, Lu�s Gama, Jos� do Patroc�nio, ou seja, � um s�culo que n�o estranhou a presen�a negra no mundo intelectual. Meus av�s, que n�o conheci, foram tocados por isso, porque legaram ao meu pai e � minha m�e tr�s tecnologias fundamentais: leitura, escrita e capacidade de inter-relacionar os c�digos. � muito sofisticado o processo que esse casal legou aos filhos. Meu pai era cal�grafo, cin�filo, al�m de dominar a orat�ria. O Campo Alegre � o lugar onde tudo isso aflora. Lugar de trocas, n�o s� da fam�lia para quem chegava. Nunca faltaram comida, lugar de descanso e conversa. Essa casa � terreiro, lugar de atravessamento.
V�amos, pela primeira vez, dezenas de tons de pele negras. Para minha irm� e eu foi fascinante. Um dos efeitos imediatos � que puderam investir na educa��o minha e de minha irm�. Primeira pessoa da fam�lia a entrar para a universidade. Letras n�o forma escritor. Ela se decepciona. Me apresentou bibliografia, praticamente fiz o curso com ela, meu amor pela literatura tudo vem dessa carona que peguei com minha irm�, que me permitiu n�o cursar na universidade. Primeiro fato do Campo Alegre sobre a minha sensibilidade foi isso a�, pude chegar aos meus pais e dizer vou estudar sozinho. Conto em detalhes no Memorial Art�stico Cultural que escrevi a pedido da UFMG.
Vou receber o not�rio saber no n�vel de doutorado, com possibilidade de participar de concursos e participar de bancas. Tive que fazer memorial com 158 p�ginas. Qual a import�ncia? Mostra a import�ncia do n�cleo familiar na defini��o de rumos de seus filhos. Meus pais nunca questionaram minha decis�o, pelo contr�rio, eles abra�aram minha decis�o. O que quero frisar � algo que Muniz Sodr� disse para voc� naquela entrevista. Lembra-se de que ele falou sobre o valor dos livros na casa dos pobres? Livro � um objeto que mobiliza, mais do que na casa dos brancos e classe m�dia, na casa dos negros e dos ind�genas � um dispositivo que permite a mobilidade, o sonho da mobilidade sociocultural. Fa�o a celebra��o de uma tradi��o que vem desde o s�culo 19.
Meu pais de 1911 e 1918. Muita gente do s�culo 19, o s�culo de Machado, de Cruz e Souza, Lu�s Gama, Jos� do Patroc�nio, ou seja, � um s�culo que n�o estranhou a presen�a negra no mundo intelectual. Meus av�s, que n�o conheci, foram tocados por isso, porque legaram ao meu pai e � minha m�e tr�s tecnologias fundamentais: leitura, escrita e capacidade de inter-relacionar os c�digos. � muito sofisticado o processo que esse casal legou aos filhos. Meu pai era cal�grafo, cin�filo, al�m de dominar a orat�ria. O Campo Alegre � o lugar onde tudo isso aflora. Lugar de trocas, n�o s� da fam�lia para quem chegava. Nunca faltaram comida, lugar de descanso e conversa. Essa casa � terreiro, lugar de atravessamento.
E poderia explicar o conceito de dimens�o verbovocvisual?
� um conceito que os poetas extra�am da obra de James Joyce. No romance Inven��o Fina Gazoeica, Joyce escreve essa palavra que d� conta da tripla dimens�o de todas as palavras: dimens�o verbal, dimens�o vocal e dimens�o visual. Isso � a base do meu fazer, todo focado pela obsess�o de pensar cada palavra, dentro de cada verso, dentro de cada estrofe, dentro de cada poema, dentro de cada livro, como objeto nessa tripla resson�ncia. Isso � t�o importante em mim que, at� no sonho, aparece o tempo todo. A casa �, para mim, n�o a confirma��o da no��o do lar burgu�s, mas a destrui��o dessa perspectiva.
Eu tento me lembrar tantas coisas, desde mar�o e abril, posso fazer na minha casa: Etec�tera espa�o do texto criativo, aulas on-line que dou desde 2016, projetos que acompanho, desde 2018, com gente do Brasil inteiro. Gravei muito Ita� Cultural, IMS, gravei videoperformance, instala��o interm�dia, recebi convite para fazer abertura de festival de arte sonora no ano que vem e n�s resolvemos fazer a grava��o de um v�deo. Vamos os quatro fazer uma cria��o aqui em casa, regras de seguran�a, aproveitar celebrar, transformar em ri- tual, vai beber, comemorar e conversar. Sou caseiro quando estou em casa e rueiro quando estou na rua.
Eu tento me lembrar tantas coisas, desde mar�o e abril, posso fazer na minha casa: Etec�tera espa�o do texto criativo, aulas on-line que dou desde 2016, projetos que acompanho, desde 2018, com gente do Brasil inteiro. Gravei muito Ita� Cultural, IMS, gravei videoperformance, instala��o interm�dia, recebi convite para fazer abertura de festival de arte sonora no ano que vem e n�s resolvemos fazer a grava��o de um v�deo. Vamos os quatro fazer uma cria��o aqui em casa, regras de seguran�a, aproveitar celebrar, transformar em ri- tual, vai beber, comemorar e conversar. Sou caseiro quando estou em casa e rueiro quando estou na rua.
Extraquadro
.Ricardo Aleixo
.Impress�es de Minas
.64 p�ginas
.R$ 50
.impressoesdeminas.com.br
Di�rio da encruza
.Ricardo Aleixo
.Organismo Editora
.74 p�ginas
.R$ 50
.editorasegundoselo.com.br
Oriki de Ogum � beira-mar
Pai
meu pai
inumer�vel
meu inumer�vel
pai
que eu n�o seja
insens�vel
a nenhuma
beleza
e que nunca
me baste
nem toda a
beleza
que existe
no mundo
enquanto houver
mundo
L
Tr�s tambores negros
semeiam no corpo
do vento um grito
de guerra e de paz
que income�a pela
invoca��o do Mar
ancestral e se expande
em meio �s dobras do L
(de Luta e de Liberdade)
que infinda
o nome sagrado
daquela a quem Ians�
chama com tanta ternura
de Minha Irm�
Marielle
