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Estado de Minas PENSAR

Conhe�a os livros que tornaram Jos� Murilo de Carvalho uma refer�ncia

As obras indispens�veis que fazem com que o historiador mineiro, morto no dia 13/8, seja um nome incontorn�vel nos estudos sobre a hist�ria do Brasil


18/08/2023 04:00 - atualizado 17/08/2023 23:24
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Livros de José Murilo de Carvalho
Livros de Jos� Murilo de Carvalho: obra extensa e detalhada (foto: Divulga� �o)

“Os bestializados, o Rio de Janeiro e a Rep�blica que n�o foi”
  • De Jos� Murilo de Carvalho
  • Companhia das Letras (1992)
  • 192 p�ginas
  • R$ 67,90 (livro); R$ 28,79 (e-book)

“O povo assistiu �quilo bestializado, at�nito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada.” A c�lebre frase de Aristides Lobo (1838-1896), ministro do Interior do governo provis�rio formado ap�s a Proclama��o da Rep�blica, inspirou Jos� Murilo de Carvalho a produzir uma de suas obras historiogr�ficas de maior impacto, apresentando, de forma in�dita e original, as contradi��es da Rep�blica que nascia: embora o ide�rio do novo regime devesse promover a soberania popular, entre os pr�prios republicanos difundia-se a ideia que a popula��o assistia a tudo alheia. Nesta obra, o historiador atravessa os campos da hist�ria social e liter�ria, da antropologia urbana, da cr�tica cultural e da an�lise pol�tica para demonstrar a posi��o subalterna em que a popula��o brasileira sempre foi colocada face ao Estado, n�o apenas no per�odo imperial, mas tamb�m no per�odo republicano. O grande tema da obra s�o os direitos cidad�os. E ao discutir a forma como, em 1904, no Rio de Janeiro, foi empregada a viol�ncia para promover a vacina��o obrigat�ria contra a var�ola, Jos� Murilo de Carvalho cunha o neologismo ‘estadania’, para dizer que o Estado brasileiro � mais forte na defesa de si pr�prio do que no respeito aos direitos de seus cidad�os, tratados como subordinados e sujeitos � opress�o. 
 
“A constru��o da ordem e Teatro das sombras”
  • De Jos� Murilo de Carvalho
  • Editora Civiliza��o Brasileira (2003)
  • 460 p�ginas
  • R$ 79,90


A decis�o de fazer a independ�ncia do Brasil com a monarquia representativa, de manter unida a ex-col�nia, de evitar predom�nio militar e de centralizar rendas p�blicas foi uma op��o pol�tica entre outras poss�veis � �poca. Sendo estas decis�es pol�ticas, o que Jos� Murilo de Carvalho faz � buscar no estudo de grupos especiais de elites, marcados por caracter�sticas espec�ficas, a explica��o para esta op��o que levou � manuten��o da ordem escravista e da unidade no Imp�rio. Ele argumenta nesta obra, originalmente elaborada para a defesa de sua tese de doutorado junto � Universidade de Stanford em 1974, que o tipo de elite pol�tica existente � �poca da Independ�ncia, recrutada em setores sociais dominantes e caracterizada pela homogeneidade ideol�gica e de treinamento, levaram � solu��o mon�rquica e � constru��o de um governo civil est�vel, com a preserva��o da unidade territorial da antiga col�nia. Embora estivessem presentes os conflitos de interesses intraelite – de mineradores com fazendeiros; de produtores para o mercado externo com produtores para o mercado interno; de latifundi�rios de uma regi�o contra latifundi�rios de outras regi�es –, a homogeneidade ideol�gica  gerada pela socializa��o , educa��o e carreira pol�tica  forneceu a concep��o e a capacidade de implementar determinado modelo de domina��o pol�tica. Com a met�fora teatral para a caracteriza��o do Imp�rio brasileiro, na esteira das observa��es de Joaquim Nabuco e Ferreira Vianna, o autor lan�a nova luz ao Imp�rio brasileiro, em densa an�lise do perfil das elites pol�ticas brasileiras no s�culo 19, de sua composi��o e da rela��o que elas mantiveram com os partidos pol�ticos imperiais, elementos que apontam para a compreens�o dos protagonistas do enredo pol�tico da �poca. 
 
 
“D. Pedro II”
  • De Jos� Murilo de Carvalho
  • Companhia das Letras (2007)
  • 296 p�ginas
  • R$ 67,90

Dois personagens em conflito. De um lado, o imperador  Pedro II, que governou o Brasil de 1840 at� a proclama��o da Rep�blica, em 1889. De outro, Pedro d'Alc�ntara, cidad�o comum, que amava as ci�ncias e as letras tanto quanto detestava as pompas do poder. Em sua magistral biografia de D. Pedro II, Jos� Murilo de Carvalho explora o conflito deste homem que oscilava entre ser e n�o ser  – entre a coroa imperial de D. Pedro II e a cartola comum de Pedro d'Alc�ntara. Em sua atua��o pol�tica, Pedro II encarnava o padr�o de equil�brio e de austeridade do governante racional e dedicado aos interesses do pa�s. Procurou manter a modera��o nas lutas pol�ticas do seu tempo, preservou a liberdade de imprensa e conduziu o Imp�rio � vit�ria na Guerra do Paraguai. Mas, intimamente, emerge a figura de um homem t�mido, oprimido pelo pr�prio poder, �s vezes inconformado com os sacrif�cios pessoais que lhe eram exigidos e, sobretudo, nem sempre capaz de conter suas paix�es – como a que por d�cadas o ligou � preceptora de suas filhas, a condessa de Barral. Explorando as essas facetas do monarca, o historiador revela uma personalidade complexa e torturada entre o dever e o desejo, o Estado e as paix�es pessoais. 
 
 
“A forma��o das almas, o imagin�rio da Rep�blica no Brasil”
  • De Jos� Murilo de Carvalho
  • Companhia das Letras (2017)
  • 174 p�ginas
  • R$ 62,90

O que dizem sobre a hist�ria de um pa�s os monumentos erguidos em pra�a p�blica? Ou as bandeiras e hinos nacionais? Ou, ainda, caricaturas e charges tiradas das p�ginas de um jornal? Nesta obra, Jos� Murilo de Carvalho discorre sobre a legitima��o da Rep�blica pela elabora��o art�stica e social de seus s�mbolos. Ao analisar textos e ilustra��es, ele revela como os mitos de origem criados pelos republicanos traduzem com fidelidade as batalhas travadas pela constru��o de um rosto nacional. Depois de abordar o imagin�rio do “fato” ( a proclama��o), Jos� Murilo explora a constru��o de um mito de origem da Rep�blica brasileira – Tiradentes – e as suas diversas apropria��es por diferentes grupos sociais, alguns inclusive antag�nicos.  O autor segue discorrendo sobre a tentativa de cria��o de uma simbologia para a pr�pria Rep�blica, que aproximasse Estado e Na��o, Rep�blica e Brasil. Ele aponta para a cria��o, ou reciclagem, dos s�mbolos da bandeira – a cor verde representa a Casa de Bragan�a, da fam�lia real portuguesa; e a cor amarela, os Habsburgos, da fam�lia da imperatriz Leopoldina –  que acabaram por tornar-se muito mais representativos da Na��o (Brasil) do que do Estado (Rep�blica). A obra se encerra com a aplica��o dos modelos filos�ficos comtianos no Brasil, visando promover uma reflex�o sobre a constru��o de um imagin�rio da Rep�blica capaz amalgamar o Brasil enquanto Na��o, enquanto comunidade de sentido.
 
 
“Guerra liter�ria –  Panfletos da Independ�ncia (1820-1823)”
  • Organizadores: Jos� Murilo de Carvalho, L�cia Bastos e Marcello Basile
  • Editora UFMG (2015)
  • Quatro volumes
  • Edi��o esgotada

Por quase duas d�cadas, os historiadores Jos� Murilo Carvalho, L�cia Bastos e Marcello Basile pesquisaram bibliotecas no Brasil, em Portugal e no Uruguai (a antiga Prov�ncia Cisplatina), em busca de informa��es sobre um dos per�odos mais conturbados da pol�tica brasileira:  os anos de 1820 a 1840. O material encontrado foi mais extenso e complexo do que jamais suposto: foram selecionados 362 panfletos, 68 cartas, 60 an�lises, 107 serm�es, di�logos e manifestos e 127 poesias e relatos para compor os quatro volumes do livro “Guerra liter�ria – Panfletos da Independ�ncia (1820-1823)”, que apontam para a realidade da participa��o popular muito diferente da propagada narrativa de apatia face aos acontecimentos pol�ticos, com todo poder de mobiliza��o e decis�o entregue �s elites. Foram identificados 95 autores dos panfletos, entre magistrados, padres, militares e profissionais liberais ligados � administra��o p�blica, al�m de populares-, que come�aram a ser escritos em 1820, quando eclodiu a Revolu��o Liberal do Porto, em Portugal, exigindo o retorno de D. Jo�o VI. O epis�dio abriu "guerra liter�ria" entre portugueses e brasileiros. Em defesa do Brasil, o c�nego Lu�s Gon�alves dos Santos, o padre Perereca, publicava contra insultos de alguns lusos como Manuel Fernandes Tom�s, que considerava o pa�s "selvagem, inculto e terra de macacos”. Outros epis�dios recrudesceram o embate, como a mobiliza��o para D. Pedro I ficar no pa�s, a Independ�ncia do Brasil, a Guerra da Cisplatina, al�m de situa��es geradas com a Guerra dos Farrapos, a Sabinada, a Cabanagem, a Revolta dos Mal�s e a Balaiada. O ano de 1840 marca o decl�nio dessa pr�tica, com o reconhecimento da maioridade de D. Pedro II.  Esse material in�dito publicado pelos historiadores deixa claro que o processo da Independ�ncia do Brasil teve a participa��o popular, assim como ocorrera na abdica��o do imperador Pedro I e na maioridade de Pedro II. 
 
 
“Clamar e agitar sempre: os radicais na d�cada de 1860”
  • De Jos� Murilo de Carvalho
  • Editora Topbooks (2018)
  • 365 p�ginas
  • R$ 61,43

Em busca das origens do radicalismo pol�tico na cena brasileira, o historiador Jos� Murilo de Carvalho mergulha nos anos 1860, em que a “gera��o Segundo Reinado” plantou as sementes do reformismo liberal, que marcaria a pol�tica das d�cadas seguintes. Num contexto de grande efervesc�ncia intelectual, o autor situa as confer�ncias radicais, pronunciadas em teatros da Corte, de S�o Paulo e do Recife, constituindo o novo espa�o para o debate p�blico, que se consolidou para al�m da tribuna parlamentar e da imprensa. O autor demonstra que a d�cada de 1860 pode ter sido a mais f�rtil de todo o Segundo Reinado em termos de pensamento e de debate pol�tico, com grandes temas pol�ticos, institucionais e sociais do pa�s. Ao reunir esse material at� ent�o esquecido em velhos jornais, ou disperso em publica��es de dif�cil acesso, Jos� Murilo de Carvalho colocou luz sobre o car�ter inovador de que se revestiram essas confer�ncias, em que os radicais buscavam ampliar os limites da esfera p�blica e, em suas propostas, foram mais ousados do que os pr�prios republicanos que os sucederam. Em texto de apresenta��o da obra, o professor Christian Lynch aponta para o ineditismo da obra em que se evidenciam os limites do radicalismo em uma sociedade profundamente hier�rquica como a do per�odo: a despeito da invoca��o constante do povo soberano em suas iniciativas, os pr�prios radicais pertenciam ao c�rculo das elites urbanas, e era nelas que, por fim, angariavam seu p�blico. Segundo Lynch, o resultado dessa pr�tica foi um radicalismo cuja agenda, restrita a reformas que pretendiam reduzir o Estado a um m�nimo, mostrava-se desproporcional � ret�rica inflamada de que lan�avam m�o.
 
 
“For�as Armadas e pol�tica no Brasil”
  • De Jos� Murilo de Carvalho
  • Editora: Aut�ntica (2019)
  • 320 p�ginas
  • R$ 84,90

Apesar de a promulga��o da Constitui��o de 1988 ter consolidado a transi��o democr�tica ap�s longo per�odo de ditadura militar que se seguiu ao golpe de 1964, a sombra dos militares ainda paira sobre a sociedade brasileira. Ap�s a queda da monarquia, abriu-se um longo per�odo de ativa participa��o e interven��o militar na vida pol�tica brasileira. Tolerados ou aceitos, os militares saltaram de categoria subordinada ao poder civil ao protagonismo. Atuaram nas principais conjunturas do Brasil republicano, da funda��o e do encerramento da Primeira Rep�blica; da Revolu��o de 1930 e a ascens�o de Get�lio Vargas; da cria��o e do fim do Estado Novo; da deposi��o de Vargas; da elei��o do general Dutra em 1945 contra o general Eduardo Gomes; da crise que levou ao suic�dio de Vargas em 1954; do golpe preventivo do marechal Lott para garantir a posse de Juscelino Kubistchek que havia vencido as elei��es; da instaura��o do parlamentarismo ap�s a ren�ncia de J�nio Quadros; do golpe de 1964 e dos governos militares at� 1985. Nessa obra, Jos� Murilo de Carvalho re�ne ensaios produzidos sobre os militares ao longo de 30 anos. Em 1964, o autor dirigia a pergunta � comunidade acad�mica: Por que n�o estudamos os militares antes que protagonizassem o golpe? Todos os ensaios apontam para a necessidade de se rediscutir o papel dos militares no �mbito da pol�tica brasileira, sob pena, segundo alertava o historiador, de “sermos surpreendidos pelos acontecimentos como em 1964 e sermos, novamente, atropelados pela roda da fortuna”. Originalmente publicada em 2005, a edi��o desta reuni�o de ensaios se esgotou. Relan�ada em 2019, foi acrescida de texto in�dito, que aborda as transforma��es das for�as militares nos �ltimos 30 anos. O autor analisa a trajet�ria do Ex�rcito politizado da queda do Imp�rio ao golpe de 1964. O recente governo de Jair Bolsonaro demonstra que os sinais de interfer�ncia militar na pol�tica seguem por toda parte; por isso, o debate segue atual e de extrema import�ncia.
 
 
“Cidadania no Brasil: o longo caminho”
  • De Jos� Murilo de Carvalho
  • Editora Civiliza��o Brasileira (2001, mais recente edi��o � de 2021)
  • 272 p�ginas
  • R$ 54,90

Cl�ssico das ci�ncias humanas e sociais brasileiras, em “Cidadania no Brasil: O longo caminho”, Jos� Murilo de Carvalho descreve as etapas e as trajet�rias dos direitos civis, pol�ticos e sociais no Brasil na constru��o da cidadania. Duas foram as quest�es centrais consideradas nesse processo, que levaram aos fundamentos de uma democracia pol�tica com profundas desigualdades sociais: por um lado, o abismo existente entre parcelas da popula��o brasileira em rela��o � garantia de seus direitos civis; por outro, o desajuste entre a extens�o dos direitos pol�ticos e a efetiva��o dos direitos sociais. Diferentemente do que possa sugerir o senso comum, as �ltimas d�cadas mostraram que a popula��o brasileira n�o est, ap�tica e bestializada, inerte aos rumos da na��o. O fen�meno da cidadania � muito mais complexo e, para dar conta dele, Jos� Murilo de Carvalho apresent amplo panorama que abarca desde os primeiros passos representados pela Independ�ncia do Brasil, passando pela marcha em dire��o ao progresso do s�culo 20, analisando retrocessos pol�ticos decorrentes das ditaduras, at� chegar ao per�odo da redemocratiza��o. O que os leitores e leitoras encontram ao fim desta viagem � um rico arcabou�o te�rico que os torna capazes de avaliar criticamente tanto o cen�rio pol�tico passado quanto o atual. 
Em sucessivas edi��es, a obra ganhou em seu 20º anivers�rio de publica��o, em 2021, edi��o revista e ampliada com posf�cio exclusivo do autor.  


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