
O julgamento do ex-prefeito de Una� Ant�rio M�nica dever� ser encerrado nesta quinta-feira. Ant�rio � irm�o do fazendeiro Norberto M�nica, conhecido na cidade do Noroeste mineiro como o 'Rei do Feij�o'. O fazendeiro foi condenado na �ltima sexta-feira (31/10) como mandante do crime, com senten�a de 25 anos para cada assassinato, totalizando 100 anos de pris�o. Norberto vai recorrer da decis�o em liberdade. Em 2004, tr�s fiscais e um motorista do Minist�rio do Trabalho e Emprego foram executados a tiros. Eles fiscalizavam den�ncias de trabalho escravo em fazendas da regi�o.
Previsto inicialmente para terminar nesta sexta-feira (6), o julgamento de Ant�rio poder� ser encerrado ainda hoje. A agenda divulgada nesta quinta-feira informa que na manh� de hoje ser�o lidas as pe�as processuais e apresentados v�deos e grava��es telef�nicas feitas pela for�a-tarefa que investigou o crime, integrada pelas pol�cias Civil e Federal.
Na tarde de hoje, a previs�o � de realiza��o de debates entre acusa��o e defesa. Ant�rio M�nica deve depor antes do debate. A estimativa � que a leitura do processo, apresenta��o de v�deos e grava��es durem seis horas. Outras cinco horas podem ser usadas para os debates. Esse tempo descrito est� previsto em lei. Contudo, os advogados e promotores t�m a prerrogativa de gastar menos tempo. O interrogat�rio do r�u, no entanto, n�o tem tempo determinado na legisla��o.
Acusa��o
O advogado das vi�vas das v�timas e assistente da promotoria, Ant�nio Francico Patente, antes do in�cio do julgamento, nesta quinta-feira, informou que amanh� (6) ele ir� se reunir com promotores para definir se v�o pedir a anula��o do acordo de dela��o premiada feito entre o Minist�rio P�blico Federal e o cerealista Hugo Alves Pimenta.
De acordo com Patente, a iniciativa se explica pelo fato de, nessa quarta-feira (4), ao chegar ao plen�rio do tribunal do j�ri, Pimenta, que foi arrolado como testemunha da acusa��o, fez um sinal com o polegar, s�mbolo de 'joia' ou 'legal', para Ant�rio M�nica. " O gesto pode gerar v�rias interpreta��es. E n�o se pode dizer que n�o � um gesto de amizade. Essa solidariedade por ele (Hugo Pimenta) manifestada n�o pode ser prejudicial para a acusa��o", afirmou Patente.
Patente ressalvou que ainda que o acordo de dela��o premida seja anulado, ele n�o ter� repercuss�o no resultado do julgamento de hoje, muito menos no ocorrido na sexta-feira (31/10), quando Norberto M�nica foi condenado. O �nico que perderia com essa anula��o � Hugo Pimenta. Neste caso, n�o seria beneficiado com a redu��o de pena, se condenado. O julgamento de Hugo Pimenta est� marcado para o pr�ximo dia 10, tamb�m em Belo Horizonte. Ele � acusado de intermediar a contrata��o dos pistoleiros que executaram a tiros os fiscais e o motorista do Minist�rio do Trabalho e Emprego.
Grava��es

Os v�deos apresentados na manh� desta quinta-feira s�o do depoimento de Norberto M�nica, na Pol�cia Federal, logo ap�s os assassinatos. Tamb�m foram apresentadas grava��es de conversas de Norberto e Ant�rio M�nica, por telefone, com funcion�rios das fazendas.
O registro das conversas dos dois irm�os revela o alerta deles para a presen�a de fiscais do trabalho na regi�o. Ant�rio e Norberto pedem nestas liga��es para os funcion�rios "se precaverem". O objetivo da acusa��o � mostrar que a a fam�lia rastreava as movimenta��es de fiscais na regi�o.
O juiz Murilo Fernandes de Almeida fez uma pausa no julgamento, com previs�o de retorno a partir das 13 horas.
Entenda o caso
A Chacina de Una� aconteceu em 28 de janeiro de 2004 e repercutiu mundialmente. Os auditores fiscais do Trabalho Erast�tenes de Almeida Gon�alves, Jo�o Batista Soares Lage e Nelson Jos� da Silva e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram mortos a tiros enquanto faziam uma fiscaliza��o de rotina na zona rural de Una�.
A Pol�cia Federal (PF) pediu o indiciamento de nove pessoas por homic�dio triplamente qualificado: os fazendeiros e irm�os Ant�rio e Norberto M�nica, os empres�rios Hugo Alves Pimenta, Jos� Alberto de Castro e Francisco Elder Pinheiro, al�m de Erinaldo de Vasconcelos Silva e Rog�rio Alan Rocha Rios, apontados como autores do crime, Willian Gomes de Miranda, suposto motorista da dupla de assassinos, e Humberto Ribeiro dos Santos, acusado de ajudar a apagar os registros da passagem dos pistoleiros pela cidade.
Um dos r�us, o empres�rio Francisco Elder, morreu no �ltimo dia 7, aos 77 anos. Apesar do crime ter sido cometido em 2004, os tr�s primeiros respons�veis pela chacina de Una� s� foram condenados em agosto de 2013. Erinaldo de Vasconcelos Silva recebeu pena de 76 anos e 20 dias por tr�s homic�dios triplamente qualificados e por forma��o de quadrilha, Rog�rio Alan Rocha Rios a 94 anos de pris�o pelos mesmos crimes e William Gomes de Miranda a 56 anos de reclus�o por homic�dio triplamente qualificado.