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Estado de Minas DEN�NCIA DE PREVARICA��O

Seis raz�es que dificultam impeachment de Bolsonaro

Apesar do aumento do desgaste do presidente com den�ncias de poss�vel corrup��o em seu governo, seu mandato ainda n�o parece amea�ado.


05/07/2021 07:36 - atualizado 05/07/2021 10:10


Manifestante em Brasília, em ato durante a apresentação do
Manifestante em Bras�lia, em ato durante a apresenta��o do"superpedido" de impeachment contra Bolsonaro (foto: Reuters)

Em meio a uma s�rie de den�ncias de poss�veis ilegalidades envolvendo contratos para compra de vacinas contra covid-19, tem crescido a press�o pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro, com sucessivos protestos contra seu governo em todas as regi�es do pa�s.

Mas, apesar do aumento do desgaste de Bolsonaro e da recente apresenta��o por partidos de oposi��o do que vem sendo chamado de "superpedido de impeachment", seguem presentes fatores que dificultam a abertura de um processo para cassar o presidente no Congresso.

Para o cientista pol�tico Antonio Lavareda, presidente do conselho cient�fico do Instituto de Pesquisas Sociais Pol�ticas e Econ�micas (Ipespe), os tr�s principais obst�culos s�o: a alian�a de Bolsonaro com o presidente da C�mara, Arthur Lira (PP-AL) (�nica autoridade que pode iniciar o procedimento), a falta de votos suficientes entre os deputados para dar aval a um processo de cassa��o no Senado, e a dimens�o ainda insuficiente de atos nas ruas capazes de pressionar os parlamentares a mudar de posi��o.

Somam-se a isso fatores adicionais como a falta de provas que confirmem cabalmente as den�ncias de pedidos de propina dentro do Minist�rio da Sa�de, a proximidade cada vez maior das elei��es de 2022, e o fato de o vice-presidente, general Hamilton Mour�o, n�o ser visto no Congresso como uma op��o interessante para presidir o pa�s.

Entenda a seguir melhor esses seis obst�culos que hoje protegem o mandato presidencial, apesar de j� terem sido apresentados 125 pedidos de impeachment.

Nessas dezenas de solicita��es, os denunciantes acusam o presidente de cometer crimes de responsabilidade na condu��o da pandemia de coronav�rus (ao promover aglomera��es e demorar a comprar vacinas, por exemplo), assim como por ter participado em 2020 de atos que pediam o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), ou ao supostamente interferir em institui��es de investiga��o, como a Pol�cia Federal (PF).

1) Mais povo nas ruas

Embora os protestos de rua contra Bolsonaro tenham crescido desde maio, essas manifesta��es n�o ganharam, at� o momento, a dimens�o dos atos pelo impeachment da ent�o presidente Dilma Rousseff em 2015 e 2016. Em um desses protestos, em mar�o de 2016, havia 500 mil pessoas na Avenida Paulista, em S�o Paulo, segundo estimativa do Instituto Datafolha.


Manifestações contra Bolsonaro cresceram, mas continuam menores que atos pelo impeachment de Dilma Rousseff(foto: Reuters)
Manifesta��es contra Bolsonaro cresceram, mas continuam menores que atos pelo impeachment de Dilma Rousseff (foto: Reuters)

Pesquisas de avalia��o da popularidade do presidente tamb�m mostram que ele mant�m apoio maior do que tinha a petista quando foi iniciado o processo de impeachment. Segundo recente pesquisa Ipec (instituto fundado por executivos que eram do Ibope), o governo Bolsonaro contava no final de junho com 24% de avalia��o bom ou �timo. J� em dezembro de 2015, a avalia��o de positiva de Dilma era de apenas 9%, segundo pesquisa Ibope.

Para organizadores dos protestos contra Bolsonaro, em sua maioria partidos e movimentos de centro-esquerda como Frente Povo Sem Medo, Frente Brasil Popular e Coaliz�o Negra por Direitos, a pandemia de coronav�rus acaba afastando parte dos opositores de Bolsonaro das ruas devido ao medo de contrair a doen�a nos atos - embora a convoca��o estimule o distanciamento entre os manifestantes e o uso de m�scaras, preferencialmente modelos mais eficazes como a PFF2.

Os atos do �ltimo s�bado contaram com a ades�o de alguns setores da centro-direita, como o diret�rio municipal do PSDB em S�o Paulo e os movimentos Livres e Agora, numa amplia��o do espectro pol�tico em rela��o aos protestos realizados em maio e junho.

Por outro lado, organiza��es que lideraram os atos contra o governo Dilma Rousseff, como MBL e Vem pra Rua, continuaram sem convocar seus apoiadores para as manifesta��es, embora defendam tamb�m o impeachment de Bolsonaro.

A expectativa dos grupos que j� est�o nas ruas pelo impeachment � que o gradual aumento do desgaste que vem sendo provocado pelas sucessivas suspeitas sobre contratos de vacinas e a atua��o da CPI (Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito) da Covid atraia cada vez mais pessoas aos atos.

A CPI estava prevista originalmente para durar at� o in�cio de agosto, mas j� h� apoio suficiente de senadores para que seja prorrogada por mais 90 dias. Nesta semana, est�o programados depoimentos de servidores do Minist�rio da Sa�de para dar explica��es sobre as suspeitas de ilegalidade no contrato firmado em fevereiro para compra de 20 milh�es de doses da vacina indiana Covaxin e sobre den�ncias de pedidos de propina.

Regina C�lia, fiscal do contrato da Covaxin, ser� ouvida nesta ter�a-feira (6/7). Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de log�stica do Minist�rio da Sa�de acusado de ter pedido de propina numa oferta para compra de vacinas da AstraZeneca, prestar� depoimento na quarta-feira (7/7). E, no dia seguinte, � a vez da CPI receber Carolina Palhares Lima, diretora de Integridade do Minist�rio da Sa�de.

Al�m dos trabalhos da Comiss�o no Senado, Bolsonaro passou a ser alvo de um inqu�rito da Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR). A investiga��o, aberta na sexta-feira passada (2/7) vai apurar se o presidente deixou de tomar previd�ncias para apurar poss�veis ilegalidades no contrato da Covaxin. Caso isso tenha ocorrido, ele pode ter cometido o crime de de prevarica��o.

As suspeitas sobre o contrato foram levadas a ele em mar�o pelo servidor do Minist�rio da Sa�de Lu�s Ricardo Miranda e seu irm�o, o deputado Lu�s Cl�udio Miranda (DEM-DF).

2) Votos insuficientes para aprovar impeachment

O instrumento do impeachment n�o foi feito para ser de f�cil utiliza��o: h� necessidade de 342 votos dos 513 deputados federais para que Senado seja autorizado a processar o presidente. O objetivo � justamente trazer estabilidade ao mandato presidencial conquistado nas urnas.

Hoje, o apoio na C�mara ainda est� distante desse patamar, o que deixa o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), aliado de Bolsonaro, em situa��o confort�vel para n�o dar andamento a pedidos de impeachment.


Parlamentares que apoiam
Parlamentares que apoiam "superpedido" de impeachment somam menos de 140 votos na C�mara (foto: Ag�ncia C�mara)

Na quarta-feira (30/6), partidos e parlamentares de oposi��o, juntos com movimentos da sociedade civil, protocolaram um "superpedido" de impeachment. No entanto, contabilizando os deputados das siglas que assinaram o pedido (PT, PCdoB, PSB, PDT, PSOL, Cidadania, Rede, PCO, UP, PSTU e PC) mais os deputados que apoiaram a iniciativa individualmente, como Joice Hasselmann (PSL-SP), Kim Kataguiri (DEM-SP) e Alexandre Frota (PSDB-SP), esse grupo soma pouco menos de 140 congressistas na C�mara.

O apoio que tem hoje no Congresso come�ou a ser constru�do h� cerca de um ano, quando Bolsonaro buscou uma alian�a com os partidos do Centr�o por meio da distribui��o de cargos na m�quina federal entre indicados de parlamentares e do aumento da libera��o de verbas para redutos eleitorais de congressistas aliados.

A aproxima��o visou a constru��o de uma base para aprovar pautas de interesse do governo e a prote��o contra um processo de impeachment depois da pris�o de Fabr�cio Queiroz, acusado de ser o operador de um esquema de rachadinha (desvio de recursos) do antigo gabinete de deputado estadual de um de seus filhos, o hoje senador Fl�vio Bolsonaro (Patriota-RJ).

"Os principais fatores que impedem o impeachment s�o a inexist�ncia de manifesta��es de rua de grandes propor��es, tal como se deu no impeachment de Dilma, e falta de apoio suficiente no Congresso. A maioria parlamentar que o presidente construiu a partir de junho do ano passado n�o se desestruturou ainda", afirma o cientista pol�tico Antonio Lavareda.

3) A agenda pr�pria de Lira

A ampla articula��o constru�da por Arthur Lira para sua elei��o, com apoio do Pal�cio do Planalto, lhe permitiu imprimir um ritmo acelerado para a aprova��o de propostas na C�mara, incluindo pautas controversas.

Os deputados aprovaram este ano, por exemplo, a flexibiliza��o do licenciamento ambiental e a revis�o da lei de improbidade administrativa - as duas propostas ainda ser�o analisadas no Senado. Al�m disso, as duas Casas do Congresso aprovaram a privatiza��o da Eletrobras.

Se Lira decidisse abrir o processo de impeachment, na pr�tica isso significaria frear essa intensa agenda de vota��es para que os deputados focassem na an�lise das den�ncias contra o presidente.

"O Arthur Lira est� tocando sua agenda e essa situa��o, at� agora, pareceu confort�vel para ele", nota Lavareda.

Na semana passada, o pr�prio presidente da C�mara enfatizou o foco na aprova��o de "reformas".

"Aqui seguimos a pauta do Brasil, das reformas e dos avan�os. Respeito a manifesta��o democr�tica da minoria. Mas um processo de impedimento exige mais que palavras. Exige materialidade", afirmou ao portal G1 o presidente da C�mara, ap�s a entrega do "superpedido" de impeachment.

4) Necessidade de provas que comprovem as den�ncias

Embora tenham se acumulado nos �ltimas duas semanas ind�cios de poss�veis ilegalidades nos contratos para compra de vacinas, parlamentares consideram que n�o h� ainda prova cabal de corrup��o nesses neg�cios, nem de envolvimento direto de Bolsonaro.

O l�der do MDB na C�mara, deputado Isnaldo Bulh�es J�nior (AL), disse � BBC News Brasil que as den�ncias s�o graves, mas considera necess�rio aguardar a conclus�o da investiga��o da CPI para avaliar se h� provas de ilegalidades. Prevista para durar at� o in�cio de agosto, a comiss�o deve ser prorrogada por mais 90 dias.

"N�o � o momento ainda de discutir isso (impeachment). Tem que ter um ambiente pol�tico, de (manifesta��es contra Bolsonaro nas) ruas principalmente. E o ponto principal � a comprova��o de crime. Mas, pelo que me consta at� agora, est� em fase de den�ncia, n�o � uma conclus�o de investiga��o", ressaltou.


Manifestante exibe notas com rosto de Bolsonaro sujas de sangue em referência às denúncias de pedido de propina em contratos de compra de vacinas(foto: Reuters)
Manifestante exibe notas com rosto de Bolsonaro sujas de sangue em refer�ncia �s den�ncias de pedido de propina em contratos de compra de vacinas (foto: Reuters)

Os defensores do impeachment, por outro lado, consideram que j� h� elementos suficientes para iniciar um processo contra Bolsonaro.

"Para o impeachment, o presidente ter sido omisso em rela��o a um esquema de corrup��o que havia em seu governo j� caracteriza um crime de responsabilidade", nota Rafael Mafei, professor da Faculdade de Direito da Universidade de S�o Pauo (USP) e autor do rec�m-lan�ado livro "Como Remover um Presidente: Teoria, Hist�ria e Pr�tica do Impeachment no Brasil".

Os que pedem sua cassa��o argumentam tamb�m que j� h� provas suficientes de outros crimes de responsabilidade, como sua atua��o na condu��o da pandemia, ao promover rem�dio sem efic�cia contra covid-19, estimular aglomera��es e boicotar a vacina��o da popula��o.

Apesar disso, o professor da USP explica que, historicamente, esc�ndalos de corrup��o s�o um fator importante para aprova��o de um impeachment, o que aumenta a import�ncia de provas contra o governo Bolsonaro para impulsionar um processo contra ele. No caso de Dilma Rousseff, a presidente foi cassada sob a justificativa de que gest�o ilegal das contas p�blicas, mas as den�ncias da Opera��o Lava Jato de desvios na Petrobras foram fundamentais para impulsionar sua cassa��o.

"Corrup��o tem peso importante, n�o necessariamente como fundamento jur�dico, mas seguramente como impulso pol�tico. Gera esc�ndalo, derruba popularidade e torna mais custoso manter-se associado ao presidente", refor�a Mafei.

5) Governo Mour�o "n�o enche os olhos" do Congresso

Em recente entrevista � BBC News Brasil, o ex-presidente da C�mara, Rodrigo Maia, ressaltou como um das diferen�as entre o contexto que levou � cassa��o de Dilma Rousseff e o contexto que preserva o mandato de Bolsonaro � o perfil bastante diverso dos seus vice-presidentes.

No caso da petista, seu vice era Michel Temer, um homem da pol�tica, que presidia at� ent�o o maior partido do pa�s (MDB) e havia comandado a C�mara tr�s vezes quando era deputado federal. Ou seja, era uma pessoa que sabia negociar com os parlamentares e atuou ativamente para articular o impeachment da presidente.

J� o vice-presidente de Bolsonaro, general Hamilton Mour�o, "n�o � uma pessoa ligada ao Congresso Nacional", resumiu Maia.

O fato de ele ser do Ex�rcito agrada menos ainda, disse tamb�m � BBC News Brasil o deputado Paulinho da For�a (Solidariedade-SP). Para ele, os parlamentares n�o tem clareza sobre o que seria um governo Mour�o.

"Oficialmente, estar�amos pondo os militares no poder", diz, com desconfian�a.

6) Elei��o de 2022 cada vez mais pr�xima

O correr do tempo tamb�m joga a favor de Bolsonaro. Quanto mais o pa�s se aproxima da elei��o de 2022, menos atraente fica a ideia de iniciar um processo para alguns parlamentares, acredita Paulinho da For�a.

Na sua vis�o, o melhor � uma frente ampla derrotar Bolsonaro nas urnas, para evitar tamb�m que ele possa assumir um discurso de "v�tima de golpe", caso ocorra um impeachment.

"Acho que no momento n�o h� clima nem voto para aprovar impeachment no Congresso. Estamos h� um ano e tr�s meses das elei��es e impeachment n�o � um processo simples. N�o � uma coisa que voc� instala hoje e ca�a o cara amanh�. Ent�o, isso levaria a vota��o do impeachment l� para a v�spera da elei��o", argumenta.


Bolsonaro aparece atrás nas pesquisas de intenção de voto para 2022. Se eleição fosse hoje, Lula venceria(foto: Reuters)
Bolsonaro aparece atr�s nas pesquisas de inten��o de voto para 2022. Se elei��o fosse hoje, Lula venceria (foto: Reuters)

O partido de Paulinho da For�a ainda n�o decidiu quem apoiar� em 2022, mas tende a se aliar ao PT, que deve lan�ar o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva.

Nos bastidores de Bras�lia, alguns questionam o real apoio do petista ao impeachment de Bolsonaro, pois consideram que Lula estaria mais interessado em manter a disputa de 2022 polarizada entre ele e o atual presidente. As pesquisas hoje mostram o petista com boas chances de vit�ria na pr�xima elei��o presidencial.

O ex-presidente, por�m, tem se colocado oficialmente a favor do impeachment.

"Parabenizo as for�as de oposi��o ao Bolsonaro e os movimentos sociais que conseguiram unificar os mais de 120 pedidos de impeachment pra pressionar o Lira. Espero que as manifesta��es de rua conven�am o presidente da C�mara a colocar em vota��o", disse Lula em sua conta no Twitter, ap�s a apresenta��o do "superpedido" de impeachment.

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O que � uma CPI?

As comiss�es parlamentares de inqu�rito (CPIs) s�o instrumentos usados por integrantes do Poder Legislativo (vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores) para investigar fato determinado de grande relev�ncia ligado � vida econ�mica, social ou legal do pa�s, de um estado ou de um munic�pio. Embora tenham poderes de Justi�a e uma s�rie de prerrogativas, comit�s do tipo n�o podem estabelecer condena��es a pessoas.

Para ser instalado no Senado Federal, uma CPI precisa do aval de, ao menos, 27 senadores; um ter�o dos 81 parlamentares. Na C�mara dos Deputados, tamb�m � preciso aval de ao menos uma terceira parte dos componentes (171 deputados).

H� a possibilidade de criar comiss�es parlamentares mistas de inqu�rito (CPMIs), compostas por senadores e deputados. Nesses casos, � preciso obter assinaturas de um ter�o dos integrantes das duas casas legislativas que comp�em o Congresso Nacional.

O que a CPI da COVID investiga?


O presidente do colegiado � Omar Aziz (PSD-AM). O alagoano Renan Calheiros (MDB) � o relator. O prazo inicial de trabalho s�o 90 dias, podendo esse per�odo ser prorrogado por mais 90 dias.



Saiba como funciona uma CPI

Ap�s a coleta de assinaturas, o pedido de CPI � apresentado ao presidente da respectiva casa Legislativa. O grupo � oficialmente criado ap�s a leitura em sess�o plen�ria do requerimento que justifica a abertura de inqu�rito. Os integrantes da comiss�o s�o definidos levando em considera��o a proporcionalidade partid�ria — as legendas ou blocos parlamentares com mais representantes arrebatam mais assentos. As lideran�as de cada agremia��o s�o respons�veis por indicar os componentes.

Na primeira reuni�o do colegiado, os componentes elegem presidente e vice. Cabe ao presidente a tarefa de escolher o relator da CPI. O ocupante do posto � respons�vel por conduzir as investiga��es e apresentar o cronograma de trabalho. Ele precisa escrever o relat�rio final do inqu�rito, contendo as conclus�es obtidas ao longo dos trabalhos. 

Em determinados casos, o texto pode ter recomenda��es para evitar que as ilicitudes apuradas n�o voltem a ocorrer, como projetos de lei. O documento deve ser encaminhado a �rg�os como o Minist�rio P�blico e a Advocacia-Geral da Uni�o (AGE), na esfera federal.

Conforme as investiga��es avan�am, o relator come�a a aprimorar a linha de investiga��o a ser seguida. No Congresso, sub-relatores podem ser designados para agilizar o processo.

As CPIs precisam terminar em prazo pr�-fixado, embora possam ser prorrogadas por mais um per�odo, se houver aval de parte dos parlamentares

O que a CPI pode fazer?

  • chamar testemunhas para oitivas, com o compromisso de dizer a verdade
  • convocar suspeitos para prestar depoimentos (h� direito ao sil�ncio)
  • executar pris�es em caso de flagrante
  • solicitar documentos e informa��es a �rg�os ligados � administra��o p�blica
  • convocar autoridades, como ministros de Estado — ou secret�rios, no caso de CPIs estaduais — para depor
  • ir a qualquer ponto do pa�s — ou do estado, no caso de CPIs criadas por assembleias legislativas — para audi�ncias e dilig�ncias
  • quebrar sigilos fiscais, banc�rios e de dados se houver fundamenta��o
  • solicitar a colabora��o de servidores de outros poderes
  • elaborar relat�rio final contendo conclus�es obtidas pela investiga��o e recomenda��es para evitar novas ocorr�ncias como a apurada
  • pedir buscas e apreens�es (exceto a domic�lios)
  • solicitar o indiciamento de envolvidos nos casos apurados

O que a CPI n�o pode fazer?

Embora tenham poderes de Justi�a, as CPIs n�o podem:

  • julgar ou punir investigados
  • autorizar grampos telef�nicos
  • solicitar pris�es preventivas ou outras medidas cautelares
  • declarar a indisponibilidade de bens
  • autorizar buscas e apreens�es em domic�lios
  • impedir que advogados de depoentes compare�am �s oitivas e acessem
  • documentos relativos � CPI
  • determinar a apreens�o de passaportes

A hist�ria das CPIs no Brasil

A primeira Constitui��o Federal a prever a possibilidade de CPI foi editada em 1934, mas dava tal prerrogativa apenas � C�mara dos Deputados. Treze anos depois, o Senado tamb�m passou a poder instaurar investiga��es. Em 1967, as CPMIs passaram a ser previstas.

Segundo a C�mara dos Deputados, a primeira CPI instalada pelo Legislativo federal brasileiro come�ou a funcionar em 1935, para investigar as condi��es de vida dos trabalhadores do campo e das cidades. No Senado, comit� similar foi criado em 1952, quando a preocupa��o era a situa��o da ind�stria de com�rcio e cimento.

As CPIs ganharam estofo e passaram a ser recorrentes a partir de 1988, quando nova Constitui��o foi redigida. O texto m�ximo da na��o passou a atribuir poderes de Justi�a a grupos investigativos formados por parlamentares.

CPIs famosas no Brasil

1975: CPI do Mobral (Senado) - investigar a atua��o do sistema de alfabetiza��o adotado pelo governo militar

1992: CPMI do Esquema PC Farias - culminou no impeachment de Fernando Collor

1993: CPI dos An�es do Or�amento (C�mara) - apurou desvios do Or�amento da Uni�o

2000: CPIs do Futebol - (Senado e C�mara, separadamente) - rela��es entre CBF, clubes e patrocinadores

2001: CPI do Pre�o do Leite (Assembleia de MG e outros Legislativos estaduais, separadamente) - apurar os valores cobrados pelo produto e as diretrizes para a formula��o dos valores

2005: CPMI dos Correios - investigar den�ncias de corrup��o na empresa estatal

2005: CPMI do Mensal�o - apurar poss�veis vantagens recebidas por parlamentares para votar a favor de projetos do governo

2006: CPI dos Bingos (C�mara) - apurar o uso de casas de jogo do bicho para crimes como lavagem de dinheiro

2006: CPI dos Sanguessugas (C�mara) - apurou poss�vel desvio de verbas destinadas � Sa�de

2015: CPI da Petrobras (Senado) - apurar poss�vel corrup��o na estatal de petr�leo

2015: Nova CPI do Futebol (Senado) - Investigar a CBF e o comit� organizador da Copa do Mundo de 2014

2019: CPMI das Fake News - dissemina��o de not�cias falsas na disputa eleitoral de 2018

2019: CPI de Brumadinho (Assembleia de MG) - apurar as responsabilidades pelo rompimento da barragem do C�rrego do Feij�o


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