
"No setor p�blico dever�amos ter gente mais corajosa, que tem vontade de falar 'n�o'. O que esses deputados fizeram � o que um pai faz quando o filho pede qualquer barbaridade: 'Ah, quero comprar isso'. Compra, mesmo n�o tendo recurso para pagar. 'Quero me drogar'. Deixa o filho [se] drogar. A vida n�o � desse jeito. A vida � feita com responsabilidade", disse, durante evento em Varginha, no Sul mineiro, onde assinou ordem de servi�o para obra na MG-167.
O governador concedeu recomposi��o salarial de 10,06% a todos os servidores, mas na Assembleia Legislativa, durante a tramita��o do projeto de lei sobre o tema, parlamentares inseriram emendas que incrementam parte dos reajustes. Aos trabalhadores da sa�de e da educa��o, h� mecanismo que garante adicional de 14%; na educa��o, o percentual extra � de 33,24%, conforme os termos do piso nacional do magist�rio.
Ontem, 55 dos 77 deputados estaduais votaram pela derrubada do veto. Apenas tr�s parlamentares se manifestaram em prol da manuten��o do ato do governador - Bart� (PL), Guilherme da Cunha e Laura Serrano (ambos do Novo). Horas ap�s a oficializa��o do rev�s no Parlamento, o Pal�cio Tiradentes anunciou que vai � Justi�a a fim de tentar impedir os pagamentos extras.
"Na minha opini�o, faltou coragem de encarar a realidade. [Minas Gerais �] um estado falido, que at� quatro meses atr�s quitava o 13° em dez pagamentos. Um estado que precisa atender � popula��o com medicamentos, escolas e seguran�a. � um estado que precisa ser respons�vel", disparou Zema.
O acr�scimo de 10% a todos os vencimentos mensais, segundo o governo, traria impacto anual de R$ 5 bilh�es. Com os �ndices especiais destinados a agentes de seguran�a, profissionais da educa��o e trabalhadores da sa�de, o poder Executivo estima ter de desembolsar mais R$ 9 bilh�es a cada 12 folhas de pagamento.
"� muito f�cil fazer benesses sem ter recursos e viver s� de promessas. � o que j� aconteceu no passado. Na minha gest�o, n�o. Sou respons�vel e encaro a realidade", protestou o governador. "Gostaria muito de dar um aumento de 40% ou 50%, mas n�o posso ser irrespons�vel e dar o que n�o tenho. O que posso dar � 10%; quando puder dar 30%, vou dar", pontuou.
Impasse amplia 'racha' entre poderes
Os estranhamentos entre Romeu Zema e os integrantes da Assembleia t�m se acumulado nos �ltimos anos. Ontem, o presidente do Parlamento, Agostinho Patrus (PSD), de quem o governador � advers�rio pol�tico, foi �s redes se isentar de culpa pelo placar de 55 a 3 - pelo cargo que ocupa, Agostinho n�o tem direito a voto nas reuni�es plen�rias.
"Perde em uma semana por 50 votos a 0 e na outra semana por 55 a 3. Ainda quer dizer que a culpa � de algu�m que nem sequer vota? Promessa � feita para ser cumprida e mentira tem perna curta", escreveu, em men��o ao resultado da vota��o em segundo turno do projeto dos reajustes, ocorrida antes do veto.
O l�der da oposi��o a Zema na Assembleia, Andr� Quint�o (PT), cr� que, mesmo com a judicializa��o do tema, as recomposi��es concedidas pela Assembleia n�o deixar�o de constar nas contas banc�rias dos servidores.
"Se ele judicializar, o debate vai para outra esfera. Mas j� existe, por exemplo no caso do piso nacional [dos professores], uma recomenda��o do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG) de que o piso seja pago, porque � uma legisla��o federal, est� na Constitui��o mineira. Esperamos que a Justi�a, caso ele de fato judicialize, esteja do lado do povo mineiro, principalmente daquele que depende da escola p�blica, do Sistema �nico de Sa�de (SUS) e precisa da seguran�a p�blica".
O governador, por sua vez, afirmou em Varginha que o professorado, hoje, tem condi��es superiores �s vistas na gest�o de Fernando Pimentel (PT), que o antecedeu.
"Quem � professor, sabe que h� tr�s anos e tr�s meses t�nhamos escolas caindo aos peda�os e uma merenda que era sopa de arroz e feij�o. Professor aposentado n�o recebia f�rias-pr�mio. Conosco, tudo isso � passado. Temos merenda de primeir�ssima, reformamos mais de 1,3 mil escolas, [h�] sal�rio em dia", alfinetou.