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Estado de Minas C�REBRO

Hipertens�o intracraniana: a press�o dentro do cr�nio

Pouco falada, a chamada hipertens�o intracraniana pode ser grave. Hoje, j� � poss�vel, a partir de uma simples varia��o, identificar uma doen�a


10/04/2022 04:00 - atualizado 10/04/2022 08:26

Albert Louis Rocha Bicalho
Albert Louis Rocha Bicalho, coordenador do Ambulat�rio de Doen�as Cerebrovasculares e Hipertens�o Intracraniana da Santa Casa de Belo Horizonte, alerta que a doen�a deve ser monitorada por diversas �reas (foto: Laio Amaral/Divulga��o)

Ao pensar nos cuidados com a sa�de, o mais comum � a maioria estar atenta � press�o alta ou hipertens�o arterial. Quando se fala em hipertens�o intracraniana, poucos sabem dizer o que �, quando ocorre, as causas, os sintomas, os riscos e perigos, o diagn�stico e quando procurar ajuda, como ser� o tratamento. Mas a Santa Casa de Belo Horizonte tem um Ambulat�rio de Doen�as Cerebrovasculares e Hipertens�o Intracraniana com uma equipe expert que o jornal Estado e Minas foi ouvir para saber tudo a respeito, para que todos possam ficar atentos e se cuidar.
 
Guilherme da Cunha Messias dos Santos, neurologista e neuro-oftalmologista, preceptor do Ambulat�rio de Neuro-Oftalmologia da Cl�nica de Olhos da Santa Casa de Belo Horizonte, explica que a hipertens�o intracraniana, como o pr�prio nome diz, � o aumento da press�o dentro do cr�nio. Esse aumento pode ser decorrente de diversos processos patol�gicos, como crescimento de tumores no c�rebro e/ou meninges, trombose venosa cerebral, hemorragias e isquemias extensas, traumatismos, infec��es, medicamentos, s�ndrome da apneia do sono, al�m da hipertens�o intracraniana associada � obesidade.

A hipertens�o intracraniana oscila e depende dos vasos e da taxa de perfus�o cerebral, batimentos e da capacidade de chegada dos nutrientes pelas art�rias e drenagem do sangue pelas veias. Logo, mudan�as e movimentos alteram a press�o, assim como atividades f�sicas, mas n�o necessariamente � uma doen�a. Assim como ocorre hipertens�o arterial

Albert Louis Rocha Bicalho, coordenador do Ambulat�rio de Doen�as Cerebrovasculares e Hipertens�o Intracraniana da Santa Casa de Belo Horizonte


 
Guilherme Cunha destaca que o sintoma mais comum da hipertens�o intracraniana � a cefaleia. Ela geralmente ocorre quando o paciente faz algum esfor�o como pegar peso, tossir, espirrar, evacuar ou mesmo quando fica em dec�bito (deitado) por algum tempo. “A cefaleia costuma ser matutina, holocranina, associada a zumbido puls�til, borramento visual ou mesmo queixa de vis�o tubular, formigamentos na face, entre outros sinais de alerta. H� quadros descritos de hipertens�o intracraniana fulminante (de r�pida evolu��o); embora rara, pode ter complica��es catastr�ficas para o paciente.”
 
Guilherme da Cunha Messias dos Santos,
Guilherme da Cunha Messias dos Santos, neurologista e neuro-oftalmologista, explica que hipertens�o intracraniana � o aumento da press�o dentro do cr�nio e esse aumento pode ser decorrente de diversos processos patol�gicos (foto: Laio Amaral/Divulga��o)


Conforme Guilherme Cunha, h� um valor normal de press�o intracraniana, que � de 20 cent�metros de �gua, e n�o � medido em mil�metros de merc�rio, como na press�o arterial. “O procedimento de medida � feito de forma invasiva, por m�dico habilitado, por meio de uma pun��o lombar. Esse procedimento � relativamente simples e r�pido, e pode ser feito, na maioria das vezes, ambulatorialmente, com anestesia local. A press�o intracraniana pode ser ainda aferida por meio de dispositivos inseridos no c�rebro ou ventr�culos (cavidades cerebrais por onde circula o l�quor) em pacientes mais graves ou que demandam cuidados intensivos.”
 
O neurologista e neuro-oftalmologista tamb�m conta que a preval�ncia da hipertens�o intracraniana idiop�tica (aquela sem causa ainda definida) � maior entre mulheres jovens e, frequentemente, est� associada ao sobrepeso/obesidade ou mesmo quando ocorre r�pido ganho de peso (nesse caso, tamb�m chamada de hipertens�o intracraniana associada � obesidade). “Quando nos deparamos com homens com hipertens�o intracraniana, um leque maior de diagn�sticos diferenciais deve ser considerado. Do ponto de vista epidemiol�gico, � bem menos frequente essa condi��o nessa popula��o.”

O sintoma mais comum da hipertens�o intracraniana � a cefaleia. Ela geralmente ocorre quando o paciente faz algum esfor�o como pegar peso, tossir, espirrar, evacuar ou mesmo quando fica em dec�bito (deitado) por algum tempo. A cefaleia costuma ser matutina, holocranina, associada a zumbido puls�til, borramento visual ou mesmo queixa de vis�o tubular, formigamentos na face, entre outros sinais de alerta.

Guilherme da Cunha Messias dos Santos, neurologista e neuro-oftalmologista, preceptor do Ambulat�rio de Neuro-Oftalmologia da Cl�nica de Olhos da Santa Casa de Belo Horizonte


 
E � poss�vel prevenir? Conforme Guilherme Cunha, na hipertens�o intracraniana associada � obesidade, a preven��o passa pelo controle ponderal e mudan�a do estilo de vida. “Frequentemente, nos deparamos com pacientes com estilo de vida irregular, alimenta��o hipercal�rica, rica em farinha branca, s�dio, a��car refinado, guloseimas, sedentarismo e dist�rbio do sono.”

GEN�TICA


J� Albert Louis Rocha Bicalho, coordenador do Ambulat�rio de Doen�as Cerebrovasculares e Hipertens�o Intracraniana da Santa Casa de Belo Horizonte, preceptor do Ambulat�rio de Neuro-Oftalmologia da Cl�nica de Olhos da Santa Casa e coordenador da Neurologia do Pronto-Socorro de Neurologia do Hospital S�o Lucas, diz que alguns investigadores sugeriram que a hipertens�o intracraniana pode ter um componente familiar de 5%. Uma pesquisa da Universidade de Iowa nos Estados Unidos (Center for Vision Research Idiopathic Intracranial Hypertension Treatment Trial/ IIHTT) demonstrou altera��es gen�ticas e muta��es n�o muito importantes a ponto de avaliar um gene espec�fico causador da doen�a.
 
Albert Bicalho alerta que h� relatos de maior preval�ncia de acometimento em irm�os g�meos. “Esse grau de ocorr�ncia familiar � muito maior do que o esperado na popula��o e sugere um componente gen�tico da doen�a. Mais provavelmente, qualquer vi�s em dire��o ao desenvolvimento do quadro � mediado por v�rios genes diferentes.”
 
Ele alerta que, uma vez constatada a doen�a, ela deve ser monitorada por diversas �reas visando � preserva��o dos nervos cranianos que afetam a sensibilidade e motricidade da face, vis�o e audi��o, por exemplo. “O acompanhamento multidisciplinar � importante para fornecer par�metros referentes ao quadro e avaliar se est� havendo piora. Hoje, � poss�vel a monitoriza��o n�o invasiva da press�o intracraniana, por meio de dispositivos de alta tecnologia que nos permitem medir esse dado vital. Entretanto, classicamente, essa medida � feita de forma invasiva.”

médica oftalmologista
A m�dica Oftalmologista Alessandra Leite Pasqualini diz que as consequ�ncias mais graves da hipertens�o intracraniana cr�nica s�o a cegueira e a surdez (foto: Laio Amaral/Divulga��o)

 
A m�dica oftalmologista Alessandra Leite Pasqualini, especialista em neuro-oftalmologia, preceptora do Ambulat�rio de Neuro-Oftalmologia da Cl�nica de Olhos da Santa Casa de Belo Horizonte, chama a aten��o para as consequ�ncias, das leves �s mais graves, diante do quadro da hipertens�o intracraniana: “As consequ�ncias mais graves da hipertens�o intracraniana cr�nica s�o a cegueira e a surdez. Por�m, h� pesquisas indicando uma maior tend�ncia desses pacientes evolu�rem com trombose e les�es cerebrais associadas decorrentes do quadro.”
 
Conforme Alessandra Pasqualini, infelizmente, � grande o n�mero de pacientes que chegam aos ambulat�rios da Santa Casa j� no est�gio de cegueira, surdez e paralisia de nervos cranianos de forma irrevers�vel, tornando-os dependentes e incapazes funcionalmente. Por isso, a import�ncia do diagn�stico precoce e tratamento.

RELA��O COM A HIPERTENS�O ARTERIAL


Albert Bicalho explica que h� v�rias formas de tratamento que t�m sido sugeridas para tratar pessoas com hipertens�o intracraniana idiop�tica ou associada � obesidade, como perda de peso, atividades f�sicas, f�rmacos (ex: diur�ticos) e cirurgias, como de descompress�o de uma membrana que recobre o nervo �tico, cirurgias cranianas ou da coluna por meio da coloca��o de cateteres que retiram o l�quido que recobre o sistema nervoso, direcionando para abd�men ou at� o cora��o, cirurgia bari�trica, medicamentos que ajudam a controlar o apetite, al�m de tratamento de dist�rbios hormonais que possam estar associados.
 
Outro alerta confirmado pelo m�dico Albert Bicalho � que h� um paralelo importante entre a hipertens�o arterial e intracraniana. Segundo ele, ela � din�mica, assim como a hipertens�o arterial, e depende diretamente do bombeamento do cora��o. Sua eleva��o s�bita pode ser igual �s crises de hipertens�o arterial e pode perdurar por um determinado per�odo de tempo, aumentando a press�o intracraniana. Assim, como no cora��o, a monitoriza��o � necess�ria, por exemplo, nos casos onde h� edema cerebral, AVCs grandes e tumores por meio de implante de dispositivos dentro do cr�nio.
 
Albert Bicalho explica que a hipertens�o intracraniana oscila e depende dos vasos e da taxa de perfus�o cerebral, batimentos e da capacidade de chegada dos nutrientes pelas art�rias e drenagem do sangue pelas veias. “Logo, mudan�as e movimentos alteram a press�o, assim como atividades f�sicas, mas n�o necessariamente � uma doen�a. Assim como ocorre hipertens�o arterial. Por exemplo, quando se est� de p�, a press�o intracraniana � menor do que a press�o venosa central devido � gravidade que retira o l�quor do enc�falo, facilitando o retorno do sangue ao cora��o. Assim, o volume intracraniano normal � praticamente constante por muito tempo. Quando h� um s�bito aumento do volume intracraniano, isso pode levar a uma r�pida eleva��o da press�o intracraniana.”
 

TRATAMENTOS EST�TICOS


Albert Bicalho aponta entre as causas altera��es hormonais como hipotireoidismo, excesso ou falta de algumas vitaminas, uso de alguns medicamentos espec�ficos utilizados em tratamentos est�ticos, quimioter�picos e de infec��es. “Quando n�o achamos uma causa espec�fica, a investiga��o inclui exames cardiovasculares, endocrinol�gicos e at� imunol�gico para a causa. � imprescind�vel afastar a forma��o de co�gulos no sistema venoso cerebral para diagn�stico diferencial, por exemplo.”
 
A hipertens�o intracraniana � pouco falada, mas est� presente na vida de muitos brasileiros. Albert Bicalho, inclusive, acredita que a doen�a possa ser subdiagnosticada. Sua preval�ncia, segundo os �ltimos dados compilados das diretrizes internacionais de 2021 e 2022, � de 0,5 e 2 pacientes para cada 100.000 habitantes. Em pa�ses onde a obesidade � maior, a sua incid�ncia alcan�a at� 6 casos por 100.000 habitantes. No entanto, se o �ndice de Massa Corp�rea (IMC) for maior que 30 em mulheres jovens e obesas, as pesquisas estimam uma preval�ncia de mais de 20 casos por 100.000.
 
Albert Bicalho destaca que h� um ano foi criado o Ambulat�rio de Hipertens�o Intracraniana Idiop�tica para atendimento especializado e interdisciplinar, coordenado pela equipe de neurologia e suporte dos ambulat�rios de neuro-oftalmologia, neuro-otorrinolaringologia e neurocirurgia. “Estamos levantando dados de todos os pacientes e iniciando pesquisas para introdu��o de novas tecnologias, como avalia��o do nervo �ptico com equipamentos port�teis e 'medida' da press�o intracraniana sem necessidade de pun��o lombar invasiva ou cirurgia para diagn�stico e acompanhamento.”
 
De posse de dados, ser� poss�vel no futuro diminuir o tempo de suspeita do diagn�stico e maior acesso � popula��o: “Gra�as tamb�m �s universidades p�blicas e startups brasileiras que criaram equipamentos m�veis capazes de ajudar o m�dico a avaliar o grau de edema do nervo �ptico, medida da press�o intracraniana n�o invasiva e compara��o evolutiva. Esses equipamentos associados � expertise dos m�ltiplos ambulat�rios subespecialidades da Santa Casa ajudam a prevenir as sequelas pela capacidade de quantificar as pioras sutis dos sintomas, facilitando a decis�o de tratamento, seja ele cl�nico ou cir�rgico.”
 
 


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