um coração vermelho em cima de vários comprimidos brancos

Hipertens�o arterial: press�o alta � silenciosa e amea�a cora��o

HeungSoon/Pixabay
Medicamentos comuns usados para tratar hipertens�o, angina e outros problemas cardiovasculares, os betabloqueadores t�m potencial de controlar o comportamento agressivo e hostil em pacientes psiqui�tricos. Um estudo publicado na revista Plos Medicine com dados de 1,4 milh�o de residentes da Su�cia mostrou redu��o na viol�ncia em pessoas que tomam essa classe de droga, comparado aos momentos em que elas n�o usavam o rem�dio.

As observa��es referem-se a um per�odo de oito anos, de 2006 a 2013. Embora reconhe�am a necessidade de mais pesquisas para corroborar as descobertas, os cientistas est�o otimistas. "Se mais estudos confirmarem nossos resultados, os betabloqueadores poderiam ser usados mais amplamente para controlar a viol�ncia em certas pessoas, particularmente naquelas com fatores de risco de fundo, como problemas psiqui�tricos graves. Como os tratamentos baseados em evid�ncias para a viol�ncia s�o limitados, essa � uma descoberta potencialmente importante", diz o professor de psiquiatria forense Seena Fazel, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e coautor do artigo.

O interesse dos pesquisadores da �rea de sa�de mental em uma classe de rem�dios prescrita para eventos cardiovasculares justifica-se pelo mecanismo de a��o dos betabloqueadores. Esses rem�dios agem bloqueando os horm�nios do estresse e os neurotransmissores adrenalina e noradrenalina, que desempenham um importante papel na resposta de luta ou fuga.

"Em uma situa��o estressante, a adrenalina e a noradrenalina mobilizam o c�rebro e o corpo para a a��o, aumentando a quantidade de sangue bombeada pelo cora��o", explica Yasmina Molero, pesquisadora do Departamento de Neuroci�ncia Cl�nica do Instituto Karolinska, na Su�cia, que tamb�m participou do estudo. "Os betabloqueadores impedem o efeito desses horm�nios. Isso diminui a frequ�ncia card�aca, reduz a press�o sangu�nea e tamb�m diminui a tens�o. Por esse motivo, os betabloqueadores �s vezes s�o usados como tratamento para problemas comportamentais e de sa�de mental comuns, como ansiedade, depress�o e agressividade", diz.

Segundo os pesquisadores, com base nesse mecanismo de a��o, nos �ltimos anos houve um aumento nas prescri��es de betabloqueadores para a ansiedade. Eles tamb�m s�o usados ocasionalmente em cl�nicas e hospitais psiqui�tricos para controlar a agress�o em pacientes, diz Fazel, que publicou, anteriormente, um artigo sobre o manejo farmacol�gico da viol�ncia.

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Ao mesmo tempo, por�m, tem havido preocupa��o de que usu�rios da classe de rem�dios apresentem um risco maior de depress�o e suic�dio. "A evid�ncia conflitante deixa os m�dicos com decis�es de tratamento dif�ceis. Os betabloqueadores s�o eficazes no tratamento de sa�de mental e problemas comportamentais ou eles poderiam aumentar o risco de s�rios problemas de sa�de mental?", questiona Fazel.

Precis�o

Para avaliar o efeito desses f�rmacos na sa�de mental, os pesquisadores da Universidade de Oxford e do Insituto Karolinska analisaram os desfechos psiqui�tricos e comportamentais — hospitaliza��o, tentativa de suic�dio, morte por suic�dio e acusa��es de viol�ncia — de 1,4 milh�o de usu�rios de beta-bloqueadores na Su�cia. A compara��o foi feita considerando o per�odo em que essas pessoas estavam tomando os rem�dios e aqueles em que elas mesmas n�o estavam sob o efeito da classe de medicamentos.

O estudo � observacional, ou seja, observa-se o que acontece com os participantes ao longo do tempo. Nessa metodologia, os usu�rios de betabloqueadores seriam comparados a n�o usu�rios, mas os pesquisadores fizeram uma adapta��o para aumentar a precis�o dos resultados. "Os dois grupos podem diferir em caracter�sticas importantes, como hist�ria psiqui�trica. Isso dificulta a interpreta��o dos resultados", explica Yasmina Molero. "Em vez disso, comparamos cada pessoa a si mesma, analisando os per�odos em que tomavam os betabloqueadores com aqueles em que n�o tomavam."

Os pesquisadores descobriram que, quando os usu�rios tomavam betabloqueadores, tinham um risco 13% menor de serem acusados de um crime violento. Eles tamb�m apresentaram 8% menos possibilidade de serem hospitalizados por problemas de sa�de mental. Por�m, a probabilidade de receberem tratamento por tentativas de suic�dio — ou morrer em decorr�ncia — foi 8% maior. Molero e Fazel ressaltam que essas associa��es variaram dependendo do diagn�stico psiqui�trico, do hist�rico de doen�as mentais, al�m da gravidade e do tipo de condi��o card�aca para a qual os medicamentos estavam sendo usados.

O risco maior de tentativas e mortes por suic�dio, por exemplo, foi observado apenas em pessoas com problemas card�acos graves ou hist�rico de doen�as psiqui�tricas. "Sabemos, por pesquisas anteriores, que h� um risco maior de suic�dio ap�s problemas card�acos graves. As pessoas podem ter pensamentos pessimistas, n�o ter certeza sobre o futuro ou se preocupar com sua sa�de", diz Fazel. "Portanto, o sofrimento psicol�gico associado a problemas card�acos, em vez do tratamento com betabloqueador, pode ser a principal explica��o por tr�s do aumento de tentativas de suic�dio e mortes por suic�dio observadas em nosso estudo."

Grande interesse cl�nico

Ignacio Morgado, professor de psicobiologia no Instituto de Neuroci�ncias da Universidade Aut�noma de Barcelona 
 
"Os betabloqueadores s�o medicamentos usados para tratar condi��es como hipertens�o, arritmias, angina ou mesmo ansiedade. Eles agem limitando o efeito dos neurotransmissores adren�rgicos (adrenalina, noradrenalina), ligando-se e bloqueando seus receptores neuronais. Dada a suspeita bem fundamentada de que o tratamento com betabloqueadores poderia levar a efeitos colaterais psiqui�tricos adversos, um grande grupo de profissionais de centros cl�nicos e de pesquisa conduziram um acompanhamento exaustivo de oito anos de 1,4 milh�o de indiv�duos tratados com betabloqueadores observando quantos deles desenvolveram dist�rbios que exigiram interna��o psiqui�trica, comportamento suicida ou comportamento criminoso violento. O estudo foi rigoroso em seus controles metodol�gicos. Os resultados, de grande interesse cl�nico, mostraram pouca rela��o entre o tratamento com betabloqueadores e sintomas psiqui�tricos, mas revelaram uma rela��o significativa com a redu��o da viol�ncia, abrindo as portas para o poss�vel uso dessas drogas para o tratamento terap�utico de agressores e comportamento violento."