
Enquanto a Ag�ncia de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em ingl�s) procura novos fornecedores do produto no exterior, traz de avi�o importa��es de emerg�ncia e tenta ajudar a f�brica a retomar a produ��o, os pais enfrentam dificuldades para conseguir o insumo de que precisam para alimentar os seus beb�s.
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Infelizmente, os pais de hoje em dia n�o s�o as primeiras pessoas da hist�ria a precisar lidar com esse problema. O primeiro leite de f�rmula do mercado, o alimento sol�vel para beb�s de Liebig, foi lan�ado nos anos 1860, mas as pessoas v�m tentando encontrar alternativas seguras para o leite materno h� mil�nios.
Arque�logos descobriram, em t�mulos de beb�s datados de at� 6 mil anos atr�s, curiosos objetos pequenos em forma de chifre. � primeira vista, eles acreditaram que fossem ferramentas para abastecer l�mpadas de �leo. Mas an�lises qu�micas revelaram que pelo menos alguns deles eram usados n�o com �leo, mas com leite de ruminantes, como vacas ou ovelhas. Aparentemente, trata-se das mamadeiras dos beb�s, enterradas ao lado deles.
� comprovado que o leite materno � sempre a melhor op��o. Pesquisas indicam claramente que o leite materno oferece uma ampla s�rie de benef�cios para os beb�s, promovendo desde sistemas imunol�gicos mais robustos at� o desenvolvimento cognitivo e a sa�de a longo prazo.
Ocorre que, infelizmente, surgem dificuldades em alguns casos. Os corpos de algumas m�es n�o produzem leite suficiente para sustentar uma crian�a. Alguns beb�s nascem incapazes de mamar no peito corretamente. E os mamilos de muitas mulheres n�o se encaixam bem na boca dos beb�s.
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Em um epis�dio tr�gico registrado no di�rio de Samuel Pepys, que se revelou o grande historiador da Londres dos anos 1660, ele descreve uma m�e recente que n�o tinha mamilos. Talvez seja uma forma de descrever o que hoje chamamos de mamilos invertidos, que podem dificultar a amamenta��o. O beb� dessa m�e morreu logo em seguida.
Antes da medicina moderna, os beb�s morriam a todo tempo, por todo tipo de raz�es. Mas, se o beb� e a m�e n�o conseguissem extrair leite suficiente do peito, muitas vezes seria um caminho curto para a morte do rec�m-nascido, j� que n�o havia boas alternativas.
Existe um relato de que, no in�cio do s�culo 19, os maus h�bitos de higiene das mamadeiras e a armazenagem de leite animal sem seguran�a causavam a morte de um ter�o dos beb�s alimentados com mamadeira.
�s vezes, havia outra mulher lactante dispon�vel e, para muitos beb�s, as "amas-de-leite" profissionais eram sua t�bua de salva��o. Em diversos momentos ao longo da hist�ria, as amas-de-leite - mulheres que amamentavam beb�s profissionalmente - formaram uma pr�spera ind�stria, completa e com refer�ncias e exames m�dicos.
Mas, quando foram inventadas as mamadeiras e os bicos de borracha que podiam ser esterilizados, mais para o final do s�culo 19, os pais da Europa e dos Estados Unidos parecem ter abandonado as amas-de-leite como alternativa. As mamadeiras podiam ent�o ser usadas com seguran�a. O momento era de pensar no conte�do.

A evolu��o da f�rmula
A f�rmula de Liebig, inventada pelo qu�mico alem�o Justus von Liebig, continha leite de vaca, farinha de malte, farinha de trigo e bicarbonato de pot�ssio. Cerca de 20 anos depois, em 1883, havia 27 leites de f�rmula no mercado.
Uma an�lise inicial concluiu que o leite de vaca continha mais prote�nas e menos carboidratos que o leite humano, de forma que muitas formula��es tentavam diluir o leite de vaca em �gua e ajustar suas propriedades nutricionais para que fosse mais similar ao leite materno humano.
Mas muitas pessoas produziam suas pr�prias f�rmulas em casa. De fato, no in�cio do s�culo 20, os m�dicos eram ensinados a misturar uma f�rmula usando leite, �gua e a��car, calculando 123 g de leite, 6,5 g de a��car e 185 g de �gua por kg de peso do corpo do beb� por dia.
Da mesma forma, estudos conclu�ram que o leite em f�rmula evaporado, baseado na fenomenal descoberta de aquecer o leite at� temperaturas muito altas para concentr�-lo e quebrar as prote�nas, era uma forma razo�vel de alimentar os beb�s.
Atualmente, a falta de leite em f�rmula fez com que pais desesperados nos Estados Unidos procurassem receitas antigas para produzir sua pr�pria f�rmula, mas os especialistas recomendam veementemente n�o fazer isso, pois os substitutos dom�sticos podem ser perigosos e resultar em desnutri��o ou infec��es que podem levar � morte dos beb�s.
O equil�brio entre carboidratos e prote�nas estava longe de ser a �nica diferen�a entre o leite materno e as primeiras vers�es do leite de f�rmula. Pouco a pouco, ao longo do �ltimo s�culo, nutricionistas, m�dicos e pesquisadores ajustaram, alteraram e fizeram experi�ncias com a composi��o das f�rmulas patenteadas, como os tipos que as pessoas usam atualmente, em busca de formas de torn�-las mais parecidas com o leite materno.
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Primeiro, vieram as vitaminas. Foi adicionado �leo de f�gado de bacalhau, al�m de misturas de gorduras de uma s�rie de fontes.
Levou um tempo para que as pessoas que usavam a op��o f�cil e barata do leite em f�rmula evaporado se interessassem pelo produto. At� que, nos anos 1950, as f�rmulas patenteadas como o Similac, inventado nos anos 1920, come�aram a ganhar for�a. O leite em f�rmula deixou de ser apenas um paliativo para tornar-se uma esp�cie de superalimento, capaz de fornecer uma enorme variedade de elementos nutritivos.
Nos anos 1970, por diversas raz�es, as f�rmulas patenteadas eram extremamente populares nos Estados Unidos e as taxas de amamenta��o entraram em queda livre. Desde ent�o, a amamenta��o vem aumentando - 84% dos beb�s nascidos nos Estados Unidos em 2017 mamaram no peito por algum per�odo de tempo - mas o leite em f�rmula veio para ficar.
Benef�cios e dificuldades
Embora os substitutos do leite materno possam ter surgido em meio ao desespero para conseguir alimento para os beb�s, a exist�ncia de uma alternativa mudou radicalmente para melhor a vida de todos os tipos de pais.

As desvantagens dos produtos industrializados para a alimenta��o de beb�s incluem o tipo de dificuldade encontrado atualmente pelos pais nos Estados Unidos, mas este obst�culo n�o � o �nico.
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H� alguns anos, os pais da China enfrentaram outro tipo de dificuldade, quando se descobriu que os fabricantes chineses de leite em f�rmula haviam adulterado conscientemente o produto acrescentando melamina, que � prejudicial para os rins dos beb�s, a fim de reduzir custos. E, nos Estados Unidos, os Centros de Controle de Doen�as (CDC) indicaram que existe o risco de infec��o pela bact�ria Cronobacter com leite de f�rmula, embora seja um risco baixo.
Os benef�cios da fabrica��o de alimentos em massa - como a padroniza��o e o controle de qualidade - �s vezes s�o prejudicados pelas vulnerabilidades do sistema � gan�ncia e interrup��es de produ��o.
Enquanto enfrentam a crise, os pais podem deparar-se com o tipo de conselho que recebi da enfermeira quando dei � luz nos primeiros dias da pandemia e n�o havia lojas abertas, nem servi�os de entrega: se voc� precisar de leite de f�rmula, fa�a o que costumava ser feito antigamente e produza a sua pr�pria.
Felizmente, n�o precisei procurar leite evaporado, nem lidar com fra��es de gramas, para conseguir uma mistura potencialmente perigosa. Mas foi um lembrete de que, afinal, nossa situa��o atual � bastante recente.
Leia a vers�o original desta reportagem (em ingl�s) no site BBC Future.
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