
A crian�a pequena, principalmente, n�o consegue fazer esse filtro. Mistura o que assiste com o que vive, como uma coisa s�"
Aline de Rosa, especialista em desenvolvimento infantil
Educa��o � sempre humana, diz a especialista em desenvolvimento infantil Aline De Rosa. Envolve sentimentos e conex�es entre seres humanos, olho no olho e contato. “Nada que o eletr�nico forne�a pode se comparar a uma educa��o de um ser humano para com outro ser humano”, pontua a profissional.
"N�o existe nenhum tipo de benef�cio no eletr�nico quanto a isso. � apenas uma distra��o do mundo moderno para as crian�as. Para os mais velhos, n�s podemos oferecer o meio eletr�nico como uma plataforma de estudos, pesquisa e cone- x�o entre pessoas, para seu desenvolvimento pr�vio de carreira e estudos, mais racional e l�gico. Um ponto positivo, nesse caso, � poder conectar fam�lias que est�o distantes fisicamente."
� importante que a tem�tica do que a crian�a ou adolescente assiste nos meios eletr�nicos seja de acordo com sua fase de desenvolvimento, orienta Aline De Rosa. � preciso evitar o acesso a conte�dos que n�o s�o adequados ao seu est�gio de consci�ncia. "Tudo aquilo que recebe de fora vem com um grande poder para dentro. A crian�a pequena, principalmente, n�o consegue fazer esse filtro. Mistura o que assiste com o que vive, como uma coisa s�", diz.
Aline recomenda as telas a partir dos 2 anos. Nessa idade, at� mais ou menos os 4ou 5 anos, o ideal, aponta a profissional, � que o desenho seja o reflexo da vida da crian�a. Personagens crian�as ou beb�s que vivam temas voltados para a rotina de casa, cozinhar, brincar, explorar o quintal e descobrir coisas novas. Segundo Aline, isso faz com que a crian�a pequena se identifique, porque � parte do que faz tamb�m.
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"Ainda para crian�as pequenas, � bom que os epis�dios sejam bem curtos, j� que, nessa faixa et�ria, elas n�o t�m capacidade de ficar muito tempo se concentrando, entendendo in�cio, meio e fim. J� para crian�as mais ve- lhas, podem ser desenhos mais longos e filmes", continua.
Uma orienta��o essencial � observar o palavreado dos personagens, se usam palavras agressivas uns com os outros. "O indicado � buscar desenhos e filmes que tragam valores agregados aos de cada fam�lia. Valores de fraternidade, de cuidado com a natureza, de fam�lia e de cuidar dos mais novos. Por incr�vel que pare�a, as classifica��es et�rias dos desenhos n�o respeitam esse tipo de observa��o", acrescenta.
Aline aponta ainda a dificuldade da maior parte das fam�lias em decidir qual tipo de conte�do � aceit�vel ou n�o para os filhos. Dessa maneira, � comum que optem simplesmente por n�o olhar o que a crian�a est� vendo e, assim, ela acaba tendo acesso irrestrito a diversos conte�dos n�o recomendados para idade nenhuma, como chama a aten��o a profissional.
"N�o recomendo para crian�as de at� 7 anos nenhum desenho que envolva luta, agress�o, combate ou palavras ruins. Nem se for como brincadeira. A crian�a absorve o palavreado e, muito provavelmente, vai us�-lo na escola e em casa. � preciso ter muito cuidado com desenhos que passam muito r�pido, em que as cenas n�o ficam muito tempo na tela."
A especialista em desenvolvimento infantil Aline De Rosa lista as melhores s�ries e filmes para crian�as e adolescentes:
Filmes para crian�as
» Encanto
Um lindo filme, baseado na cultura colombiana. Se passa em torno da fam�lia Madrigal e traz muito presente a for�a e uni�o de uma fam�lia, com seus desafios e alegrias
» Up – Altas Aventuras
A hist�ria de um velhinho que fica vi�vo, conhece um garoto e eles acabam juntos explorando o mundo nas alturas. "Gosto muito da forma como a rela��o da crian�a se desenvolve com o senhor de idade. Traz o conceito de que a terceira idade importa e essa rela��o tem amor."
» Carros
Um filme que todo menino adora. O McQueen, personagem principal, come�a demonstrando um car�ter arrogante e debochado, por causa da fama e das corridas ganhas. Ap�s viver grandes desafios e se isolar em uma cidade onde s� vivem carros "simples", ele aprende o verdadeiro valor da vida, que s�o as amizades
S�ries para adolescentes
» Anne with an E
Uma linda s�rie que mostra a personagem principal amadurecendo. Desde a primeira paix�o, ao impulso de querer estudar, at� chegar na escolha da sua profiss�o e sair de casa. Tudo isso em um
contexto de uma menina �rf�, que vive realidades muito duras
» Sex Education
Em um clima divertido, a s�rie mostra a rotina de uma escola de ensino m�dio e remete � vida e dilemas cl�ssicos de adolescentes. Mostra as diferen�as de cria��o e educa��o dos pais. "� muito interessante ver como cada tipo de educa��o reflete na personalidade e escolhas de cada personagem"
» Outer Banks
Uma s�rie centrada em um grupo de amigos que vivem na Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Fala sobre o contexto do jovem quando come�a a se enxergar como um indiv�duo e buscar suas pr�prias verdades, com um p� ainda em casa, tendo que dar satisfa��o para os pais e com o impulso da vida adulta j� correndo nas veias

Di�logo e transpar�ncia
A gerente de inova��o �ricka Gon�alves de Paula Menegaz reconhece o lado bom que a tecnologia pode trazer, ainda mais em um mundo em que est� t�o presente. Mas, ela diz, � muito comum que seu uso seja deturpado. Na rela��o que ela e o marido mant�m com as filhas, Antonella, de 16 anos, e Rafaela, de 14, o di�logo e a transpar�ncia s�o as melhores formas de lidar com as quest�es que o contexto dos eletr�nicos suscita.
O controle de acesso das meninas aos conte�dos digitais era mais de perto quando crian�as, inclusive com uso de softwares que mapeiam o que � acessado. Hoje, com as duas crescidas, a pr�pria consci�ncia que adquiriram pela educa��o dos pais faz com que a liga��o com a tecnologia seja sadia.
"O mais importante � a conversa. Sempre alertamos para os perigos do mundo virtual. Que existem pessoas boas e m�s, como no mundo real. Que o uso da tecnologia tem riscos, mas tamb�m oferece oportunidades. Tudo isso � da pr�pria �poca em que vivemos. A agilidade, a rapidez das mudan�as. Voc� est� conectado o tempo todo. E proibir n�o adianta, o que � proibido pode at� se tornar mais interessante. Mais do que o controle, o importante � a conscientiza��o", diz �ricka.
Com tantos afazeres como m�e e esposa, al�m dos cuidados com a casa, logo que o filho Eduardo nasceu, a empres�ria Manoela Kohl Costa Verenka conta que acabou se deixando levar pelo uso das telas. "Eduardo era um beb� calmo, mas tamb�m muito explorador. Como era bom aquele momento de paz. Eu conseguia resolver grande parte das minhas obriga��es e ele l� vidrado nos desenhos", lembra. O primog�nito hoje tem 4 anos.
A gravidez de Murilo, agora com tr�s anos, veio logo depois. Nesse ponto, Manoela lembra que o cansa�o di�rio e a falta de um tempo para cuidar de si come�aram a se tornar inc�modos. Eduardo s� dormia ap�s as 22h, com desenho passando, e a m�e se perguntava o porqu� disso.
"No momento em que estavam assistindo � televis�o era tudo maravilhoso. Filhos quietos, sentados no sof�, completamente concentrados em todos aqueles est�mulos. Mas, quando eu desligava a TV, me deparava com meus filhos totalmente irritados, birra atr�s de birra, imediatistas e sem conex�o nenhuma comigo", recorda.
E a� Manoela resolveu pedir ajuda. No acompanhamento com Aline De Rosa, diz que o que mais a marcou foi entender os malef�cios do uso das telas. Relata que ficou horrorizada em saber como o uso mal administrado dos dispositivos eletr�nicos pode influenciar tanto no comportamento das crian�as.
DETOX
“Foi a� que decidi ir reduzindo aos poucos o uso de telas. Aos poucos, porque esse v�cio em telas � comparado com um adulto viciado em coca�na. Toda semana eu reduzia mais um pouquinho”, diz. Com paci�ncia e const�ncia, em suas palavras, a empres�ria conseguiu “zerar” esse uso durante a semana e, agora, os filhos s� t�m acesso aos s�bados e domingos, uma hora a cada dia, e assistindo aos desenhos que ela seleciona.
"Meus filhos s�o outras crian�as depois desse ‘detox de telas’. Passaram a entender e respeitar esse limite. S�o muito mais conectados comigo, conseguem brincar sozinhos e s�o mais calmos e pacientes. A vida tem muito mais a oferecer aos nossos pequenos do que esses est�mulos prontos que v�m das telas. Vamos permitir que nossos filhos mostrem sua ess�ncia, que desenvolvam a criatividade e se conectem com o melhor da vida", sugere, ela que tamb�m � m�e de Laura, de 10 meses.