
S�O PAULO, SP (FOLHAPRESS) - At� 2050, todas as crian�as do mundo devem estar expostas a elevadas frequ�ncias de ondas de calor. As mais de 2 bilh�es que existir�o naquele ano sofrer�o com a const�ncia do evento extremo mesmo no melhor cen�rio clim�tico poss�vel, ou seja, se o planeta conseguir chegar perto de cumprir os compromissos acordados, o que, no momento, parece improv�vel de acontecer.
� o que aponta o Unicef (Fundo das Na��es Unidas para a Inf�ncia), que, na �ltima quarta (26), publicou um relat�rio sobre a situa��o das crian�as (menores de 18 anos) em decorr�ncia da crise clim�tica. Com o t�tulo "O ano mais frio do resto de nossas vidas", a entidade estima que, atualmente, cerca de 559 milh�es de crian�as no mundo j� est�o expostas a uma elevada frequ�ncia de ondas de calor --o que � caracterizado por 4,5 ou mais registros desse evento extremo.
Estima-se que, em 2020, 1 a cada 4 crian�as enfrentava elevada frequ�ncia de ondas de calor. No mesmo ano, as Am�ricas e a Europa registravam os percentuais mais elevados de crian�as expostas a uma elevada frequ�ncia de ondas de calor, enquanto a �sia tinha o maior n�mero absoluto.
Segundo o Unicef, medidas de mitiga��o e de adapta��o s�o urgentes.
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As crian�as, especialmente as mais novas, est�o entre os grupos mais vulner�veis � crise clim�tica. Os pequenos t�m mais dificuldade para regular a temperatura corporal. Isso sem considerar os impactos das altas temperaturas sobre a sa�de mental e emocional das crian�as.
"O mundo precisa, urgentemente, investir na constru��o de resili�ncia e na adapta��o de todos os sistemas dos quais as crian�as dependem para, assim, dar conta dos desafios da r�pida mudan�a clim�tica", afirma Catherine Russell, diretora-executiva da Unicef.
Segundo o relat�rio, as crian�as nas �reas mais ao norte do planeta ser�o as que enfrentar�o a situa��o mais dram�tica no aumento da severidade das ondas de calor. Os pesquisadores estimam que, em 2050, cerca de metade de todas as crian�as da �frica e da �sia viver� exposta continuamente a temperaturas extremamente altas --segundo o Unicef, quando 83 dias ou mais por ano registram mais de 35°C.
Atualmente, 1 a cada 3 crian�as no mundo vive em pa�ses com cerca de 83 dias ou mais por ano de temperatura acima de 35°C. A exposi��o a temperaturas extremamente altas j� atinge �reas do Oriente M�dio, �fricas do Norte e Central, o sul da �sia e partes da Am�rica Latina e da Austr�lia, o que dificulta rotinas b�sicas di�rias e leva crian�as a situa��es de doen�a e morte.
As regi�es que, em 2020, tinham as maiores exposi��es de crian�as a temperaturas extremamente altas s�o a �frica e a �sia, o que deve se manter at� 2050.
O documento aponta que, no mundo, as ondas de calor matam cerca de meio milh�o de pessoas por ano. Entre os riscos � sa�de associados ao aumento de temperatura est�o alergias, insola��o e estresse t�rmico, maiores n�veis de asma e de risco condi��es respirat�rias cr�nicas, aumento de doen�as cardiovasculares, risco de doen�as transmitidas por mosquitos, baixo peso ao nascer, subnutri��o e diarreia.
O relat�rio afirma que em regi�es j� costumeiramente quentes as temperaturas podem rapidamente chegar a n�veis letais. Os autores d�o como exemplo a �ndia e o Paquist�o, onde, em mar�o deste ano, foram registradas temperaturas superiores a 40°C, o que levou a mortes, quedas de energia, inc�ndios e perdas de colheitas.
O Brasil tamb�m � citado por, em agosto de 2021, ter registrado temperaturas extremamente altas por diversos dias, como no Mato Grosso, que chegou a 41°C.
O Acordo de Paris, do qual o Brasil faz parte, determina que os pa�ses reduzam suas emiss�es para, preferencialmente, conter o aumento da temperatura global m�dia em at� 1,5°C.