(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas ONCOLOGIA

Congresso Brasileiro debate tratamentos e novas drogas contra o c�ncer

Cerca de 3 mil profissionais de oncologia se reuniram no Rio de Janeiro; entre as novidades medicamentos menos t�xicos e mais eficazes


14/11/2022 12:40 - atualizado 16/11/2022 09:52

Congresso da SBOC
Congresso foi realizado no Rio de Janeiro, com a presen�a de autoridades nacionais e internacionais na �rea de oncologia (foto: SBOC/Divulga��o )
Medicamentos inteligentes, menos t�xicos e mais eficazes, al�m da amplia��o da sobrevida do paciente. Esse talvez seja um resumo simplista do que foi apresentado no 23º Congresso Brasileiro de Oncologia Cl�nica, realizado de 3 a 5 deste m�s, no Rio de Janeiro, pela Sociedade Brasileira de Oncologia Cl�nica (SBOC). 

Cerca de 3 mil profissionais de sa�de nacionais e internacionais especializados em oncologia participaram de cursos, palestras e debates sobre os avan�os na �rea, novos tratamentos, medicamentos, pesquisas, estudos de casos cl�nicos e pol�ticas p�blicas para o enfrentamento do c�ncer. 

O oncologista Paulo Hoff, presidente da SBOC e presidente do Conselho Diretor do Instituto do C�ncer do Estado de S�o Paulo (ICESP), alerta para o panorama do c�ncer no Brasil, que ultrapassa 600 mil novos casos por ano. "Infelizmente, um n�mero substancial desses pacientes ainda vai acabar falecendo pela doen�a", comenta. "Embora n�s tenhamos uma taxa de cura que se aproxima de 60%, h� ainda um n�mero muito grande de pessoas que acabam morrendo." 


O c�ncer �, atualmente, a segunda causa de morte no Brasil, perdendo apenas para as doen�as cardiovasculares. Com o envelhecimento da popula��o, a sociedade tem assistido ao aumento  da incid�ncia de casos de c�ncer no pa�s, a ponto de que, at� 2030, diversas cidades e regi�es do Brasil estar�o enfrentando o c�ncer como a principal causa de mortes, suplantando os eventos cardiovasculares. "Portanto, o c�ncer � um problema de sa�de p�blica", define. 
 
Paulo Hoff, oncologista
Paulo Hoff, presidente da SBOC, coordenou o 23� Congresso Brasileiro de Oncologia Cl�nica (foto: Paulo Henrique Amorim dos Santos/Kona Produtora)
 
Paulo Hoff refor�a que atualmente o c�ncer � a segunda causa de mortes no Brasil, perdendo apenas para as doen�as cardiovasculares. "Com o envelhecimento da popula��o, temos visto o aumento da incid�ncia de casos de c�ncer no pa�s, a ponto de at� 2030 diversas cidades e regi�es do Brasil estarem enfrentando o c�ncer como a principal causa de mortes, j� suplantando inclusive as doen�as cardiovasculares", comenta. "Portanto, o c�ncer � um problema de sa�de p�blica."

C�ncer de pulm�o e as modalidades de tratamento


Gustavo Schvartsman, oncologista cl�nico do Hospital Israelita Albert Einstein, diz que o c�ncer de pulm�o � o que mais mata no mundo e no Brasil. "� o segundo em incid�ncia entre os homens e o quarto entre as mulheres." 
 

Segundo o especialista, o motivo pelo qual os c�nceres de pulm�o t�m altos �ndices de mortalidade � o fato de que no Brasil 70% dos casos s�o diagnosticados no est�gio 4, ou seja, quando a doen�a � metast�tica (em fase avan�ada), sem possibilidade cir�rgica ou radioter�pica (com efeito de cura). 
 
Gustavo Schvartsman, oncologista
Gustavo Schvartsman, oncologista cl�nico: 'Nos pr�ximos anos, ser�o desenvolvidos outros medicamentos mais eficazes e menos t�xicos' (foto: Arquivo pessoal)

"J� partimos de um problema no momento em que o c�ncer � diagnosticado - seja pelo perfil usual do paciente que desenvolve c�ncer de pulm�o (tabagista, que n�o se atenta � sua sa�de e n�o faz acompanhamento m�dico rotineiro), seja por surgimento de sintomas somente em fase tardia, no est�gio avan�ado",- j� que ele praticamente n�o apresenta sintomas, a n�o ser que o tumor seja grande ou j� esteja espalhado, quando o paciente apresenta dor, tosse, falta de ar, emagrecimento", comenta.

Por outro lado, Gustavo faz uma compara��o entre a forma de como o c�ncer era tratado h� uma d�cada e como especialistas e pacientes lidam com a doen�a atualmente. "Felizmente, houve muitos avan�os. H� cerca de 10 anos, trat�vamos todos os c�nceres de pulm�o com quimioterapia. Quando havia met�stases, n�o havia perspectiva de sobrevida de longo prazo. A quimioterapia funcionava para cerca de metade dos pacientes, mas por pouco tempo e o tumor rapidamente entendia como era atacado, ficava resistente e avan�ava. Al�m disso, a quimio tem uma toxicidade importante e o paciente sofre com os efeitos colaterais", explica. 

"O que ocorre hoje � que os novos tratamentos atacam o mecanismo que altera a c�lula pulmonar, focado no que levou o c�ncer a crescer. Eles podem at� atacar c�lulas normais, mas � menos frequente. Portanto, os tratamentos s�o mais espec�ficos, tendo efic�cia melhor e menos efeitos colaterais." 

Atualmente, existem duas grandes modalidades de tratamento para o c�ncer de pulm�o: a imunoterapia e a terapia alvo-dirigida: a primeira funciona melhor em pacientes que fumaram bastante. Nesses casos, os tumores t�m muitas muta��es induzidas pelo cigarro, s�o heterog�neos, muito diferentes daquela c�lula de origem de pulm�o. "O que � feito � o bloqueio de uma prote�na chamada PD-1, que � utlizada pelo tumor para escapar do sistema imune. Essa classe de medicamentos intravenosos restabelecem a atividade do sistema imune para atacar o c�ncer", diz o oncologista.

A boa not�cia � que a imunoterapia oferece menos toxicidade, quando comparada � quimio, e, nesses pacientes, que apresentam a express�o da prote�na PD-L1 em mais de 50% das c�lulas, a sobrevida se estende para cinco anos em 30% dos casos. H� 5 anos, essa sobrevida n�o ultrapassava 10%. Nos casos em que n�o h� express�o elevada de PD-L1, a imunoterapia � combinada � quimioterapia. 

A segunda classe de novos tratamentos � a terapia alvo-dirigida e, como o pr�prio nome diz, precisa do encontro do alvo. "O que fazemos � extrair o DNA da c�lula do tumor e esse DNA � sequenciado para ver se h� alguma altera��o no material gen�tico. Muitas vezes essa muta��o gera uma prote�na aberrante que constantemente manda a c�lula se replicar, e o resultado � um tumor que cresce muito mais r�pido." O tratamento, ent�o, se baseia no bloqueio da a��o dessa muta��o, o que faz com que o tumor regrida.

Um dos medicamentos utilizados em terapias-alvo � o sotorasibe, prescrito a pacientes com c�ncer de pulm�o de c�lulas n�o pequenas (CPCNP) localmente avan�ado ou metast�tico. Gustavo Schvartsman esclarece que essa � uma droga dirigida a uma altera��o em um gene - chamado KRAS - que at� bem pouco tempo n�o era "alvej�vel", ou seja, os medicamentos n�o surtiam efeito sobre essas c�lulas cancer�genas.  

O sorotasibe est� dispon�vel no Brasil e faz parte de uma gama de medicamentos que atua nas muta��es do c�ncer de pulm�o, no caso na altera��o KRAS, citada acima. "Em um estudo que comparativo entre a quimio e o rem�dio, ele se mostrou muito bem tolerado e mais eficaz que a quimio. Portanto, o paciente tem mais qualidade de vida. Os cientistas fizeram um trabalho extraordin�rio ao conseguir fazer dessa altera��o um alvo terap�utico", acrescenta o oncologista. 

Gustavo Schvartsman � muito otimista quanto � evolu��o dos tratamentos para c�ncer de pulm�o. "Nos pr�ximos anos, ser�o desenvolvidos outros medicamentos mais eficazes e menos t�xicos, alguns deles inclusive para combater a resist�ncia adquirida a esses novos rem�dios. H� um grande trabalho a ser feito, por�m, para garantir o acesso � popula��o mais carente no nosso pa�s." 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)