
Fetos expostos ao �lcool est�o vulner�veis a um grupo de condi��es chamadas transtornos do espectro alco�lico fetal, considerado uma das principais causas de atraso no neurodesenvolvimento. Crian�as com essa condi��o podem desenvolver dificuldades de aprendizagem, problemas comportamentais ou atrasos na fala e na linguagem. "Infelizmente, muitas mulheres gr�vidas desconhecem a influ�ncia do �lcool sobre o feto durante a gravidez", lamenta Kienast. "Portanto, � nossa responsabilidade n�o apenas fazer a pesquisa, mas tamb�m educar ativamente o p�blico sobre os efeitos do �lcool no feto."
Para o estudo, Kienast e colegas analisaram o resultado da resson�ncia magn�tica de 24 fetos com exposi��o pr�-natal ao �lcool. No momento da pesquisa, os fetos tinham entre 22 e 36 semanas de gesta��o. Autor s�nior do estudo, Gregor Kasprian explica a escolha pelo exame de imagem: "� um m�todo altamente especializado e seguro que nos permite fazer declara��es precisas sobre a matura��o cerebral pr�-natal".
A exposi��o ao �lcool foi determinada por meio de pesquisas an�nimas com as m�es das crian�as. Para isso, a equipe usou os question�rios espec�ficos, como o Pregnancy Risk Assessment Monitoring System (PRAMS), um sistema de monitoramento de riscos na gravidez adotado pelos Centros de Controle e Preven��o de Doen�as. Tr�s m�es bebiam de um a tr�s drinques por semana. Duas m�es, de quatro a seis drinques. Uma das participantes relatou ingerir 14 ou mais bebidas por semana. Seis tamb�m relataram pelo menos um evento de consumo excessivo de �lcool (mais de quatro doses em uma ocasi�o) durante a gravidez.
C�rebro do feto menor
As an�lises revelaram que, em fetos com exposi��o ao �lcool, o escore de matura��o fetal total (fTMS) foi significativamente menor do que naqueles sem contato com a subst�ncia. Al�m disso, o sulco temporal superior direito (STS) foi mais raso. O STS est� envolvido na cogni��o social, integra��o audiovisual e percep��o da linguagem.
"Dezessete das 24 m�es bebiam �lcool com pouca frequ�ncia, com consumo m�dio de �lcool de menos de uma bebida alco�lica por semana. No entanto, fomos capazes de detectar mudan�as significativas nesses fetos com base na resson�ncia magn�tica pr�-natal", enfatiza Kienast. N�o est� claro para o grupo de cientistas como essas mudan�as estruturais afetar�o o desenvolvimento do c�rebro desses beb�s ap�s o nascimento.
Segundo Kienast, para avaliar os efeitos com precis�o, � preciso "esperar que as crian�as que foram examinadas como fetos naquela �poca fiquem um pouco mais velhas para que possamos convid�-las a voltar para exames adicionais". "No entanto, podemos assumir fortemente que as mudan�as que descobrimos contribuem para as dificuldades cognitivas e comportamentais que podem ocorrer durante a inf�ncia", enfatiza.
Mielina
Segundo os pesquisadores, o atraso no desenvolvimento do c�rebro fetal de crian�as expostas ao �lcool pode estar especificamente relacionado a problemas na mieliniza��o e na girifica��o nos lobos frontal e occipital. O primeiro processo � cr�tico para o funcionamento do c�rebro e do sistema nervoso, pois a mielina protege as c�lulas nervosas, permitindo que elas transmitam informa��es mais rapidamente. Marcos importantes do desenvolvimento de beb�s, como rolar, engatinhar e processar a linguagem, est�o diretamente ligados � mieliniza��o.
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A girifica��o, por sua vez, se refere � forma��o das dobras do c�rtex cerebral, que aumentam a �rea de superf�cie do c�rtex, permitindo um aumento no desempenho cognitivo. Quando a girifica��o � diminu�da, a funcionalidade � reduzida. "Como mostramos em nosso estudo, mesmo baixos n�veis de consumo de �lcool podem levar a mudan�as estruturais no desenvolvimento do c�rebro e atraso na matura��o do c�rebro", destaca Kienast. Detalhes do trabalho ser�o apresentados, na pr�xima semana, durante a reuni�o anual da Sociedade Radiol�gica da Am�rica do Norte.