Bra�o com hidradenite
Doen�a de pele pouco conhecida, a hidradenite supurativa � uma doen�a negligenciada que pode levar � depress�o, ansiedade e, inclusive, ao isolamento social e a dificuldades profissionais. Em entrevista � Ag�ncia Brasil, o dermatologista Wagner Galv�o, especialista na doen�a, enumerou entre os fatores de risco para a hidradenite supurativa a obesidade, o tabagismo e atrito nas �reas de dobras.
A hidradenite supurativa � uma doen�a inflamat�ria de pele, dolorosa e cr�nica, caracterizada por n�dulos e caro�os que aparecem com frequ�ncia em regi�es de grandes dobras no corpo, como as axilas, sob as mamas, n�degas e entre as regi�es genitais. Eventualmente, pode surgir tamb�m no couro cabeludo, nuca e face. Esses caro�os, que podem ser do tamanho de uma ervilha at� o de uma bola de gude, tendem a soltar pus. Apesar de a doen�a estar ligada � predisposi��o gen�tica, a obesidade e o tabagismo podem ser gatilhos para agravar o quadro inflamat�rio.
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Galv�o, que � membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) regional S�o Paulo, onde participa do Grupo de Doen�as Autoimunes, destacou a import�ncia do diagn�stico precoce. “Para intervir precocemente, para que a pessoa n�o venha, com a progress�o da doen�a, ter as complica��es e problemas que s�o o grande fardo da hidradenite supurativa”.
Como se trata de uma doen�a que evolui em crise, as les�es que aparecem nas axilas, virilha, n�degas ficam vermelhas, dolorosas, muitas vezes soltando pus. A hist�ria normal do paciente � procurar ajuda em pronto-socorro. Wagner Galv�o afirmou por�m que, muitas vezes, os m�dicos de pronto-socorro t�m dificuldade de fazer diagn�stico. “Tipicamente, o atraso do diagn�stico entre o surgimento das les�es e o paciente chegar ao diagn�stico da hidradenite supurativa leva 12 anos e ele passa, em m�dia, por 14 m�dicos, at� conseguir o diagn�stico”, revelou o especialista.
O conceito de preven��o se equipara � preven��o secund�ria. Ou seja, identificar antes para n�o evoluir. “Para fazer o diagn�stico, eu preciso da les�o t�pica no lugar t�pico de uma decorr�ncia de crise. Sem a les�o, eu n�o consigo falar nada. Para eu conseguir intervir, a pessoa j� tem o problema”. Galv�o destacou que, quando o dermatologista interv�m precocemente, consegue evitar grandes complica��es. Significa que, desse modo, as les�es, ou caro�os, n�o evoluem a tal ponto de prejudicar a pessoa e faz�-la entrar em depress�o. “A gente minimiza muito os impactos da doen�a, que podem ser tenebrosos. Quando a gente diagnostica precocemente � a janela de oportunidade para impedir a evolu��o da doen�a”, refor�ou.
Preval�ncia
Estudos de preval�ncia mostram que a hidradenite supurativa atinge 0,4% da popula��o no Brasil. “Muitas vezes, essa preval�ncia � subestimada, por atraso de diagn�stico. No mundo, a propor��o de casos graves �, em geral, em torno de 5%”. No Brasil, os casos graves representam quase 40%, informou Wagner Galv�o. Segundo ele, os casos s�o mais comuns em afrodescendentes e em mulheres. “Cerca de 60% a 70% dos casos s�o em mulheres”, informou.
Existe uma raz�o para isso. � que, normalmente, a doen�a est� associada a uma fase hormonal mais bem definida na mulher do que no homem. “Eu tenho mais casos em mulheres. Mas, quando olho somente os casos mais graves, n�o tenho uma diferen�a t�o grande entre homens e mulheres”. Nos homens, h� menos casos mas, proporcionalmente, h� mais casos graves.
Por faixa et�ria, a doen�a come�a, tipicamente, na puberdade ou na fase pr�-p�bere, por volta dos 10 anos, 12 anos, 14 anos, podendo surgir mais tarde. Ela � menos comum na fase infantil, quando est� associada a s�ndromes de algumas doen�as autoinflamat�rias.
Galv�o participa, nesta semana, do Congresso Europeu de Hidradenite Supurativa. Naquela regi�o, o diagn�stico � melhor, afirmou o m�dico brasileiro, que vai participar das discuss�es sobre a doen�a.
Tratamento
Wagner Galv�o explicou que o tratamento para a doen�a depende do est�gio de gravidade. “Houve um grande avan�o, nos �ltimos anos, no tratamento da hidradenite supurativa”, comentou. Em casos leves, s�o usados cremes e pomadas, al�m de outras medidas para reduzir crises. Nos casos que v�o de intermedi�rios a graves, existe uma medica��o imunobiol�gica denominada Adalimumabe, dispon�vel atualmente no Brasil no Sistema �nico de Sa�de (SUS) e tamb�m coberta pelos planos de sa�de. No do Minist�rio da Sa�de, o SUS publicou o primeiro Protocolo Cl�nico de Diretrizes Terap�uticas (PCDT) para tratar a doen�a. O protocolo inclui terapias inovadoras, como, medicamentos biol�gicos, dispon�veis atualmente tamb�m em planos de sa�de privados.
No ver�o, por conta das altera��es de temperatura, � preciso ter cuidados especiais, como roupas mais folgadas e de tecido leves nos dias mais quentes, que n�o friccionem a pele, alertam os especialistas. Wagner Galv�o � tamb�m m�dico do Hospital S�rio-Liban�s e do Hospital Alem�o Oswaldo Cruz, ambos em S�o Paulo.
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