Aline Borges

Aline Borges foi diagnosticada com adenomiose, uma esp�cie similar � endometriose e agora vai se submeter � retirada do �tero

Arquivo pessoal


Em 2022, a cantora Anitta descobriu que tinha endometriose e alertou suas milhares de seguidoras e f�s sobre o que sentia e como agir nesses casos. � �poca, ela disse que sofria dores abdominais terr�veis e c�licas severas havia pelo menos quatro anos e foi submetida a uma laparoscopia para a retirada de tecido endometrial. 
 
Ginecologistas afirmam que a doen�a � sim um alerta, j� que, de acordo com o Minist�rio da Sa�de, uma a cada 10 mulheres em fase reprodutiva apresentam o quadro. 
 
Carolina Paiva

Carolina Paiva chegou a tomar rem�dios � base de morfina para evitar as dores, passou por cirurgia e finalmente conseguiu engravidar

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Mulheres como Carolina Paiva, de 33 anos, convivem com a endometriose e sabem que a condi��o � sim um problema que afeta diversos aspectos da vida, desde a tentativa de engravidar at� o dia a dia no trabalho. “Descobri quando eu tentava engravidar. Achei que fosse algo leve, mas n�o era. Precisei passar por cirurgia”, explica a rela��es-p�blicas. 
 
 
Aos 29 anos, Carolina foi diagnosticada e, s� a�, conseguiu compreender por que o fluxo dela era aumentado, um total de 10 dias, com fortes hemorragias e dores que precisavam de medica��es pesadas. “Antes de passar por cirurgia, eu tomava rem�dios � base de morfina para dar conta das c�licas. Tinha que usar absorvente interno e externo para n�o vazar e trocar com bastante frequ�ncia. Depois da cirurgia, consegui engravidar. Por�m, piorou novamente e acredito que terei de passar pelo procedimento mais uma vez”, relata. 
 
 
Maria de F�tima Lobato Vila�a, ginecologista cooperada da Unimed-BH, explica que a doen�a � uma condi��o na qual o endom�trio, tecido que reveste o �tero internamente e descama no per�odo menstrual, migra para outros locais e cresce e descama como se estivesse na cavidade uterina. “Esse sangramento an�malo faz com que o organismo gere uma rea��o inflamat�ria naquele local”, refor�a. 
 
Ela descreve que os sintomas s�o muito vari�veis, dependendo principalmente da localiza��o e extens�o da les�o. “Dores, c�licas fortes associadas ou n�o � menstrua��o, sangramento intestinal ou urin�rio, durante a menstrua��o, dores na rela��o sexual, altera��o do h�bito intestinal, fadiga e infertilidade s�o as reclama��es mais frequentes das pacientes com endometriose”, lista Maria de F�tima. 
 
Ela conta que a hereditariedade ainda n�o � uma causa cientificamente comprovada para a enfermidade, por�m, j� existem v�rios trabalhos comprovando essa rela��o. Outros fatores s�o: primeira menstrua��o precoce, malforma��es uterinas, ciclos menstruais curtos, per�odo longo, fluxo aumentando, colo uterino com estreitamento, primeira gesta��o tardia e cirurgia uterina pr�via. 

BI�PSIA A m�dica indica que o diagn�stico da endometriose pode ser realizado por meio de exames n�o invasivos, como o ultrassom e resson�ncia magn�tica. Se n�o detectado, a op��o � a  videolaparoscopia, com bi�psia das les�es. “O tratamento precisa ser individualizado, de acordo com v�rios fatores, sendo os principais a localiza��o da endometriose, sintomas, paridade e/ou infertilidade. Pode ser cir�rgico ou cl�nico, com uso de medicamentos por via oral, injet�veis, adesivos ou DIU hormonal. Deve ser complementado com melhora de h�bitos alimentares e atividades f�sicas”, diz a ginecologista.
 
A jornalista Aline Monteiro Borges, de 44 anos, sofre com adenomiose, uma forma de endometriose na qual as c�lulas endometriais infiltram a musculatura uterina, acarretando hemorragia severa e dores extremas. 
 
Aline ter� de passar por uma histerectomia, ou seja, a retirada do �tero, ap�s diversas outras tentativas de contornar a situa��o, tais como  coloca��o de DIU, tratamento hormonal, entre outros. “Eu fui tardiamente indicada para a cirurgia, pois muitos dos m�dicos que procurei n�o entendiam que eu n�o queria ter filhos e condicionavam a decis�o a uma futura mudan�a de ideia”, lamenta. 
Ela conta que est� sangrando diariamente desde setembro do ano passado e que s� agora conseguiu indica��o para a realiza��o do procedimento.
 
Maria de F�tima explica que os principais sintomas da endometriose s�o c�licas e aumento do fluxo menstrual. “O tratamento a princ�pio � cl�nico, com uso de medicamentos por via oral, injet�veis, adesivos ou DIU hormonal. “O tratamento cir�rgico da adenomiose � a retirada do �tero, algo que, em casos extremos, � a melhor op��o”, relata a especialista. 
 
Márcia Mendonça Carneiro

M�rcia Mendon�a Carneiro

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Palavra de especialista 

M�rcia Mendon�a Carneiro, professora Titular do Departamento de Ginecologia (UFMG) e diretora cient�fica da Cl�nica Origen BH

A endometriose afeta intensamente o curso de vida

 
“A triste realidade � que a endometriose continua sendo uma doen�a heterog�nea para a qual n�o h� cura dispon�vel. As diretrizes atuais recomendam que mulheres com endometriose sejam tratadas por equipes multidisciplinares para obter os melhores resultados com foco em melhorar a qualidade de vida daquela mulher, mas, infelizmente, nem todas t�m acesso a esse atendimento. H� um longo e sinuoso caminho at� que os melhores atendimento e tratamento poss�veis estejam dispon�veis para todas as pacientes com endometriose. Lamentavelmente, doen�as benignas que afetam mulheres recebem pouco investimento e podem levar anos at� que um medicamento que trate a dor e a infertilidade de forma eficaz, ao mesmo tempo em que previne a recorr�ncia da doen�a, esteja pronto para uso cl�nico. Enquanto isso, o que podemos fazer por essas meninas e mulheres com endometriose? Em primeiro lugar, acreditar que a dor � real e parar de achar que as c�licas menstruais s�o “coisa de mulher” e “normais”. Em seguida, al�m de acolher a mulher com dor ou dificuldade para engravidar em casa, no trabalho e na fam�lia, ajud�-la a buscar atendimento adequado. Converse com o m�dico da sua confian�a. Pergunte sobre as op��es dispon�veis e discuta d�vidas e medos, bem como eduque os familiares sobre o assunto. Busque fontes de informa��o confi�veis como as oferecidas por sociedades m�dicas como a Sociedade Brasileira de Endometriose (@sbendometriose) e a Federa��o Brasileira das Associa��es de Ginecologia e Obstetr�cia (https://www.febrasgo.org.br/pt/). Por fim, tenha cuidado com “curas milagrosas” e lembre-se que a doen�a � benigna, mas traz um sofrimento profundo que afeta intensamente o curso de vida dessas mulheres. Se no Brasil h� cerca de 8 milh�es de mulheres com endometriose, � prov�vel que perto de voc� haja algu�m precisando de ajuda.”