Se voc� tem um bra�o imobilizado, pode exercitar o outro, e ambos sentir�o os benef�cios, diz especialista
Os membros lesionados precisam de descanso — e s�o frequentemente mantidos em uma tipoia ou gesso para imobiliz�-los e promover a recupera��o.
Os especialistas est�o aprendendo cada vez mais sobre o "efeito de educa��o cruzada", pelo qual treinar um lado do corpo resulta em um aumento da for�a do lado oposto do corpo. Nosso estudo recente mostra que isso tamb�m pode impedir a perda de massa muscular no bra�o "n�o utilizado".
Ent�o, como podemos aproveitar esse efeito?
Descobertos pela primeira vez h� cem anos, os mecanismos que sustentam o efeito da educa��o cruzada ainda n�o foram totalmente esclarecidos, mas est�o provavelmente associados a adapta��es neurais no c�rtex motor do c�rebro que controla o movimento do corpo.
Pesquisadores revisaram quase cem estudos e mostraram que a taxa m�dia de transfer�ncia entre o ganho de for�a no m�sculo treinado para o m�sculo n�o treinado variou de 48% a 77%. Portanto, se a for�a do seu bra�o treinado subir 20% ap�s treinar o mesmo m�sculo do seu bra�o n�o treinado, a for�a do bra�o n�o treinado poder� aumentar em 10%, mesmo que voc� n�o tenha feito nada com ele.
Tais mudan�as podem ser devido ao aumento da excitabilidade cortical (a atividade cerebral para controlar o movimento), redu��o da inibi��o cortical (o sinal para interromper os movimentos), redu��o da inibi��o inter-hemisf�rica (os sinais que direcionam as instru��es de movimento para um lado do corpo, mas n�o para o outro), mudan�as na ativa��o volunt�ria ou ativa��o de novas regi�es cerebrais.

Perda de massa muscular � um dos principais problemas para quem sofre les�es
Getty ImagesParece que o tipo de contra��o muscular no treinamento afeta a extens�o do efeito de educa��o cruzada.
Existem tr�s tipos de contra��es musculares:
- Isom�trico (est�tico), em que a for�a produzida por um m�sculo � igual � carga para o m�sculo, como segurar um haltere;
- Conc�ntrico (encurtamento), em que a for�a � maior que a carga, como levantar um haltere;
- Exc�ntrico (alongamento), em que a for�a � menor que a carga, como abaixar um haltere.
Os m�sculos podem produzir maior for�a durante contra��es exc�ntricas do que isom�tricas ou conc�ntricas. E menos fadiga � induzida durante a exc�ntrica do que outras contra��es.
Exerc�cios de resist�ncia — quando os m�sculos trabalham contra um peso ou for�a – aumentam a for�a e a resist�ncia muscular usando esses tipos de contra��es musculares.
V�rios estudos relatam que o exerc�cio que consiste em contra��es musculares apenas exc�ntricas (digamos, abaixar um haltere, mas n�o levant�-lo) produz maior efeito de educa��o cruzada do que o exerc�cio que consiste em apenas contra��es conc�ntricas (levantar apenas) ou conc�ntricas-exc�ntricas (levantar e abaixar).
Um estudo mostrou que o treinamento de exerc�cios exc�ntricos afetou as respostas c�rebro-espinhais e os sinais de parada (inibi��o) do membro n�o treinado em maior extens�o do que o treinamento conc�ntrico.

Baixar haltere tem maior efeito de educa��o cruzada do que outros tipos de contra��es musculares
Getty ImagesEm 2021, comparamos o treinamento de exerc�cios de resist�ncia exc�ntrico e conc�ntrico para efeito de educa��o cruzada, no qual 18 jovens (20 a 23 anos) realizaram treinamento progressivo de resist�ncia dos flexores do cotovelo com um bra�o duas vezes por semana durante cinco semanas, usando um haltere.
Ambos os grupos de treinamento exc�ntrico (alongamento) e conc�ntrico (encurtamento) aumentaram a for�a muscular de forma semelhante ap�s o treinamento (de 23 a 26%) para o bra�o treinado. Mas o bra�o n�o treinado apresentou maior aumento de for�a ap�s o treinamento exc�ntrico (23%) do que o conc�ntrico (12%).
A taxa de transfer�ncia transversal (a correspond�ncia entre o ganho de for�a em ambos os lados) foi muito maior (91%) para o treinamento exc�ntrico quando os participantes abaixaram um haltere apenas em compara��o com o treinamento conc�ntrico (49%), quando o levantaram.
Isso est� de acordo com o resultado de nosso estudo anterior, que mostrou maiores ganhos de for�a e efeito de educa��o cruzada do treinamento exc�ntrico.
Publicado em fevereiro, nosso estudo mais recente envolveu 12 homens jovens e mostrou como treinar um bra�o pode prevenir o enfraquecimento do outro.
Nenhum treinamento fez com que a for�a muscular e o tamanho do bra�o inativo diminu�sse at� 17%. O treinamento conc�ntrico reduziu a perda para 4%. Mas o treinamento exc�ntrico aumentou a for�a do bra�o imobilizado em 4% e aboliu completamente a atrofia (perda de massa muscular).
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Esses achados apoiam a recomenda��o de treinamento de resist�ncia usando movimentos exc�ntricos ou de alongamento do membro n�o imobilizado para prevenir a perda de for�a muscular e atrofia em les�es reais, como entorses e rupturas de ligamentos ou fraturas �sseas e ap�s a cirurgia.
Esse tipo de treinamento n�o tem sido amplamente utilizado na reabilita��o at� agora. Mais investiga��es sobre os mecanismos em jogo s�o necess�rias, mas nossas descobertas podem gerar mudan�as em como a reabilita��o � implementada.
Se voc� se machucou e/ou foi operado e tem um bra�o ou perna imobilizado, vale a pena discutir com seu m�dico, cirurgi�o ou fisioterapeuta se exercitar o membro correspondente do lado bom — especialmente com movimentos de alongamento contra resist�ncia ou com peso — pode valer a pena.
*Professor de Exerc�cio e Ci�ncia Esportiva na Edith Cowan University (Austr�lia)
Este artigo foi publicado originalmente no site de not�cias acad�micas The Conversation e republicado aqui sob uma licen�a Creative Commons. Leia aqui a vers�o original (em ingl�s).
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