Mariana Penido, de 9 anos, faz aulas de circo duas vezes por semana

Aos 9 anos, Mariana Penido faz aulas de circo duas vezes por semana. Ela prefere tecido, trap�zio e acrobacia de ch�o

Leandro Couri/EM/D.A Press
O circo � para todos, e para todas as idades. Considerando a pr�tica por crian�as ou adultos, os benef�cios s�o diferentes. O professor de educa��o f�sica e fisioterapeuta Elliot Paes explica que, para os pequenos, um fator importante � a variabilidade de movimentos – ou seja, movimentos diferentes, que mexem com o corpo inteiro. “A crian�a que nessa fase � mais flex�vel, mais f�cil de ganhar amplitude de movimentos, est� em um ambiente rico em possibilidades para movimentar o corpo. E a crian�a que est� em fase de matura��o, ver� reflexos e benef�cios ao longo da vida toda”, aponta. 

Mariana Penido tem 9 anos e faz aula na Brava Escola de Circo, no Bairro Santa L�cia, em BH, desde agosto do ano passado. Ela vai � escola duas vezes por semana. Entre v�rias atividades, gosta mais de tecido, trap�zio e acrobacia de ch�o. A menina j� praticou bal� e nata��o, mas fala que o circo � diferente. Cita, por exemplo, a oportunidade de evoluir na pr�tica. "Voc� vai subindo de n�vel aos poucos. � um desafio. Precisa ter for�a suficiente e treinar bastante. Tamb�m cansa. � uma forma de se exercitar, ao mesmo tempo em que � prazeroso", diz.

Entre as habilidades favorecidas, est�o: a melhora da coordena��o motora, equil�brio, resist�ncia, agilidade, velocidade, for�a, mobilidade e, muito importante, o que se chama perturba��o, a capacidade de conseguir suportar o que � demandado naquele momento, cita Elliot.  
 

O especialista tamb�m ressalta a promo��o da socializa��o. Para conseguir realizar uma atividade pedida na aula (saltar melhor ou se equilibrar, por exemplo), est�o todos ali juntos em torno de um objetivo comum. “Cada um deve buscar se encaixar de acordo com suas caracter�sticas individuais e aptid�es. Uma crian�a tem mais for�a no bra�o, outra � mais flex�vel, outra tem boa coordena��o motora fina”, compara.

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Tamb�m � importante n�o se for�ar a fazer o que n�o gosta. O circo pode, inclusive, fazer parte de uma programa��o de atividades f�sicas que incluam outros esportes – e quanto mais, melhor, recomenda Elliot. “Se ela crescer com o h�bito de se exercitar e socializar, ser� muito bom no futuro. Ainda mais em um mundo em que todo mundo n�o sai do celular.”

Quando se trata de um adulto fazendo circo, Elliot enumera, entre as capacidades f�sicas melhoradas, especialmente a for�a e a pot�ncia - essa �ltima caracter�stica fala sobre a capacidade de exercer um movimento com mais velocidade. Tamb�m melhora a cogni��o e o ganho de massa muscular � mais um benef�cio, importante at� para o processo de envelhecimento. “Com o passar da idade, a tend�ncia � parar de se exercitar. E, quanto menos movimento, mais possibilidade de desenvolver as doen�as ligadas ao envelhecimento. Entre elas, as doen�as ortop�dicas, como artroses, cardiorrespirat�rias e neurol�gicas”, aponta o especialista.

professor de educação física e fisioterapeuta Elliot Paes

O professor de educa��o f�sica e fisioterapeuta Elliot Paes destaca a intera��o entre os alunos: "Est�o todos ali juntos em torno de um objetivo em comum"

Arquivo pessoal


Qualidade


Ele cita uma pesquisa realizada por um laborat�rio nos Estados Unidos, feita com 5 milh�es de pessoas, que constatou que indiv�duos fisicamente ativos prolongam por mais 13 anos o tempo prov�vel de surgimento de doen�as ligadas � velhice. “� fundamental manter uma boa alimenta��o e dedicar parte do tempo para a atividade f�sica. O circo � um tipo de exerc�cio que tem qualidade. E, se bem direcionado por um bom profissional, faz toda diferen�a. Encontrar o que a pessoa mais gosta de fazer � ainda uma forma de ter prazer na pr�tica da modalidade”, indica.

A Spasso Escola Popular de Circo encontra seu embri�o no ano de 1994. � pioneira no ensino da arte do circo em Belo Horizonte e, por que n�o dizer, em Minas. Foi aberta originalmente no Prado, na capital, em 1998 – 2023 marca os 25 anos dessa hist�ria. � fruto de um desejo compartilhado entre os amigos Rog�rio Sette C�mara, Inim� Santos J�nior, Bernardete Chagas Sette C�mara e Paula Manata, todos com atua��o em arte e esporte. Pela escola j� passaram incont�veis alunos, muitos que criaram asas e formaram uma vida inteira no circo. “Nos enchem de orgulho nossos egressos que se profissionalizaram. � a perpetua��o e continuidade de um trabalho verdadeiro”, comenta Rog�rio.   

Para os fundadores da escola, as artes do circo sempre foram motivo de interesse. A partir de um coletivo de artistas e educadores, as atividades foram iniciadas com o incentivo da Escola Nacional de Circo. Foram 20 anos em BH e, depois, p� na estrada. Com car�ter itinerante, a Spasso passou por Nova Lima, Rio Acima, Tiradentes e, em meio � pandemia, aportou em Prados, nos arredores de Tiradentes. 

Em junho, come�a no povoado de Bichinho, na mesma regi�o, um projeto que vai al�m do circo. O Spasso OCA pretende ser um centro de conviv�ncia comunit�ria em artes, cultura, educa��o e bem estar social. E a veia solid�ria e respons�vel toma o mesmo lugar de import�ncia na atua��o da Spasso. Nos primeiros anos da escola, ainda em Belo Horizonte, era espa�o aberto para crian�as e jovens em situa��o de vulnerabilidade social se desenvolverem no circo e na vida.

O tecido acrob�tico

tecido acrobático - literalmente um tecido preso no alto

tecido acrob�tico - literalmente um tecido preso no alto

Arquivo pessoal

O circo agrega diferentes modalidades. Tem atividades para todos os gostos. Um queridinho nas academias � o chamado tecido acrob�tico – literalmente um tecido preso no alto, como se fosse uma corda, em que � poss�vel realizar diversos movimentos, dos mais simples aos mais complexos, incluindo quedas. O aparelho faz parte do conjunto das acrobacias a�reas, e � uma �tima op��o de exerc�cio para quem pretende perder peso. Em uma hora de aula, s�o eliminadas at� 500 calorias, o mesmo que quase uma hora de corrida. O tecido tamb�m ajuda a definir os m�sculos do corpo, em especial bra�os e abd�men. Ao praticar, o aluno fica no ar, preso apenas pelo tecido, como ocorre com o yoga a�reo. E, para se sustentar e realizar os movimentos, � necess�rio ter bastante equil�brio, mais um ponto a favor do bem-estar. Da mesma forma que acontece com outros exerc�cios f�sicos, o tecido tamb�m evita dores corporais, melhora a postura, o condicionamento f�sico de uma forma geral e eleva a autoestima.