Uma das hip�teses � de que o rel�gio biol�gico do corpo influencie nos efeitos das atividades f�sicas. Pesquisa avaliou mais de 2,4 mil volunt�rios por quatro anos
A pr�tica de atividade f�sica, independentemente do hor�rio, faz parte da lista de recomenda��es para o controle do diabetes tipo 2, doen�a que atinge mais de 500 milh�es de pessoas no mundo. Cientistas do Brigham and Women's Hospital e do Joslin Diabetes Center, ambos nos Estados Unidos, decidiram investigar se seria poss�vel potencializar essa medida de cuidado. Descobriram que pacientes que s�o fisicamente ativos durante as tardes mostram redu��o de at� 50% nos n�veis de a��car no sangue, comparados �queles que fazem exerc�cios em outros momentos do dia.
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Os cientistas analisaram informa��es sobre a pr�tica de atividade f�sica de mais de 2,4 mil pessoas. Os volunt�rios utilizaram um dispositivo na cintura para medir o ritmo dos exerc�cios. Ao avaliar os dados colhidos no primeiro ano, observou-se que aqueles que faziam exerc�cios moderados ou vigorosos � tarde apresentavam uma redu��o de glicose no sangue entre 30% e 50% maior do que quem malhava em outros hor�rios. N�veis elevados de glicose no sangue podem colocar pessoas com diabetes tipo 2 em risco de doen�a card�aca, defici�ncia visual e complica��es renais.
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Segundo o artigo, ao verificar as informa��es do quarto ano da pesquisa, a equipe detectou que o grupo dos exerc�cios vespertinos manteve o mesmo desempenho. Al�m disso, apresentou maior chance de interromper o uso de medicamentos para baixar o a��car e controlar o diabetes. A diminui��o da glicose foi medida pelos n�veis de hemoglobina glicada, naturalmente presente no corpo e �til na identifica��o de altas quantidades de glicemia durante per�odos mais longos.
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Qian conta que h� algumas hip�teses para a redu��o notada. Uma delas est� ligada ao ciclo circadiano, que regula muitas fun��es fisiol�gicas no corpo. Acredita-se que o popular rel�gio biol�gico pode influenciar os benef�cios da atividade f�sica de acordo com o hor�rio da pr�tica. H� tamb�m, possivelmente, fatores comportamentais, como jejum e ciclos do sono. "Por exemplo, o exerc�cio p�s-refei��o, que ocorre com mais frequ�ncia depois do almo�o no grupo da tarde, � uma estrat�gia eficaz para controlar as excurs�es de glicose p�s-prandial (realizada uma ou duas horas ap�s uma refei��o) no diabetes tipo 2", explica o pesquisador.
Endocrinologista do Hospital Bras�lia, Daniela Gomes Gebrim indica quais pacientes poderiam ser mais beneficiados com a escolha do hor�rio para se exercitar. "O estudo em quest�o mostra melhora dos n�veis glic�micos quando o exerc�cio � feito durante a tarde, e essa estrat�gia pode ser usada se o paciente tiver glicemia de jejum mais alta, por exemplo", afirma a m�dica, ressaltando, em seguida, que o mais importante � n�o ficar parado. "O exerc�cio f�sico pode vir recomendado por escrito juntamente com os medicamentos e associado a orienta��o nutricional."
Terapias personalizadas
Apesar dos resultados observados, os estudiosos apontam que a pesquisa tem limita��es. Qian explica que, por ser um estudo observacional, fatores como sono e tipo de alimenta��o n�o foram levados em considera��o na an�lise. "Em pr�ximos trabalhos, planejamos testar nossas descobertas experimentalmente para investigar os mecanismos subjacentes que podem explicar por que a hora da atividade pode influenciar o controle da glicose no sangue", diz.
Coautor do estudo, Roeland Middelbeek, do Joslin Diabetes Center, acredita na possibilidade de as descobertas ajudarem nos avan�os de abordagens mais eficazes contra o diabetes. "O tempo parece importar. No futuro, podemos ter mais dados e evid�ncias experimentais para fornecer recomenda��es mais personalizadas aos pacientes", indica, em nota. Os autores lembram que a associa��o n�o foi averiguada em pessoas com diabetes tipo 1, porque, nesse caso, os indiv�duos t�m preocupa��es diferentes, como a hipoglicemia, quando se trata de exerc�cios.
Ainda assim, segundo �rika Fernanda de Faria, endocrinologista do Hospital Santa L�cia Norte, de Bras�lia, praticar as atividades f�sicas � importante. "Elas ajudam ambos os tipos de diabetes. Tudo depende do exerc�cio. Essa quest�o de saber qual o melhor hor�rio e qual o mais adequado � muito bom para estabelecermos metas e orienta��es mais espec�ficas para a manuten��o dos �ndices glic�micos", avalia.
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