Aditivo de aromatizantes, como mentol, chocolate, chiclete, � usado para atrair maior p�blico, mas na fuma�a liberada pelos vapes tem de nicotina a chumbo, glicerol, acetona, s�dio, alum�nio, ferro, entre outros elementos
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Comemorado em 31 de maio, o Dia Mundial sem Tabaco traz um alerta importante quanto ao uso do tabagismo. Anualmente, diversas doen�as est�o relacionadas ao h�bito, incluindo v�rios tipos de c�ncer, como � o caso do de pulm�o, f�gado, est�mago, p�ncreas, rins, ureter, colon e reto, bexiga, ov�rios, colo do �tero, cavidade nasal e seios paranasais, cavidade oral, faringe, laringe, es�fago e leucemia mieloide aguda, segundo o Instituto Nacional de C�ncer (Inca).
De acordo com uma pesquisa desenvolvida pelo Inca em 2021, o cigarro eletr�nico aumenta mais de tr�s vezes o risco de experimenta��o do cigarro convencional e mais de quatro vezes o risco de uso do cigarro. Al�m disso, o levantamento refor�a ainda que o cigarro eletr�nico eleva as chances de iniciar o uso do cigarro tradicional para aqueles que nunca fumaram.
"H� cerca de 30 anos, o cigarro convencional era visto como sin�nimo de status e isso n�o tem sido diferente para o cigarro eletr�nico, principalmente entre os mais jovens. Apesar de na �ltima d�cada o Brasil ter diminu�do 40% o n�mero de fumantes, n�o devemos fechar os olhos para um problema que, mesmo tendo um outro formato, faz parte da narrativa atual", comenta Mariana Laloni, oncologista do Grupo Oncocl�nicas.
Tabagismo: maior respons�vel pelo c�ncer do pulm�o
O tabagismo continua sendo o maior respons�vel pelo c�ncer de pulm�o no Brasil e no mundo. Ali�s, n�o apenas deste tipo de tumor: segundo o Inca, 161.853 mil mortes poderiam ser evitadas anualmente se o tabaco fosse deixado de lado, sendo que cerca de %u2153 destes �bitos s�o decorrentes de algum tipo de c�ncer relacionado ao h�bito de fumar.
Apenas no Brasil, � estimado que durante o tri�nio 2023-2025 cerca de 32.560 casos de c�ncer de traqueia, br�nquios e pulm�o, como classifica o Inca, sejam descobertos a cada ano. A maioria dos pacientes com c�ncer de pulm�o apresenta sintomas relacionados ao pr�prio aparelho respirat�rio.
“Os sinais de alerta s�o tosse, falta de ar e dor no peito. Outros sintomas inespec�ficos tamb�m podem surgir, entre eles perda de peso e fraqueza. Em poucos casos, cerca de 15%, o tumor � diagnosticado por acaso, quando o paciente faz exames por outros motivos. Por isso, a aten��o aos primeiros sintomas � essencial para que seja realizado o diagn�stico precoce da doen�a, o que contribui amplamente para o sucesso do tratamento”, diz Mariana Laloni.
Contratempos
Aproximadamente, 10% da popula��o brasileira acima de 18 anos � tabagista. E, apesar dos avan�os, o v�cio afeta mais de 20 milh�es de pessoas no pa�s
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Aproximadamente, 10% da popula��o brasileira acima de 18 anos � tabagista. E, apesar dos avan�os, o v�cio afeta mais de 20 milh�es de pessoas no pa�s. "Quando falamos do cigarro eletr�nico, o Ibope Intelig�ncia aponta que o problema dobrou em apenas um ano, passando de 0,3% para 0,6% da popula��o no Brasil", explica a oncologista. Dentro desse cen�rio, especialistas estimam que cerca de 600 mil pessoas fazem uso do dispositivo.
Cigarro eletr�nico x cigarro tradicional: vis�o distorcida
Apesar de proibidos desde 2009 pela Resolu��o de Diretoria Colegiada nº 46 da Anvisa, os cigarros eletr�nicos atraem cada vez mais usu�rios: "Os vapes ou e-cigarretes passaram a ser mais socialmente aceitos em diversos ambientes, al�m de serem mais atrativos devido sua tecnologia. Mas, podem fazer t�o mal quanto o cigarro tradicional, apesar de uma imagem distorcida. Eles t�m v�rias subst�ncias t�xicas que, quando combinadas, acabam mascarando os efeitos prejudiciais � sa�de. Contudo, � importante lembrar que elas existem e podem causar enfisema pulmonar, doen�as respirat�rias e at� mesmo c�ncer", refor�a Mariana Laloni.
O aditivo de aromatizantes, como mentol, chocolate, chiclete, entre outros, � usado para atrair um maior p�blico. Quanto � fuma�a liberada pelos vapes, � poss�vel encontrar elementos que v�o al�m da nicotina, como: chumbo, propilenoglicol, glicerol, acetona, s�dio, alum�nio, ferro, entre outros.
Risco invis�vel
Al�m das subst�ncias presentes no dispositivo serem mais viciantes, algumas pesquisas sobre o tema apontam que o cigarro eletr�nico, assim como o convencional, pode afetar n�o s� o sistema respirat�rio, como tamb�m desregular alguns genes do organismo.
O estudo do professor da USC Ahmad Besaratinia mostrou que esse impacto ocorreu nos genes mitocondriais e chegou a interromper vias moleculares que fazem parte da imunidade e resposta inflamat�ria. Ou seja, os elementos que comp�em os dispositivos podem futuramente desencadear doen�as autoimunes e atrapalhar na recupera��o de outros dist�rbios do corpo.
"Na tentativa de deixar o tabagismo, � preocupante que muitos usu�rios ainda usem os cigarros eletr�nicos. Essa apela��o pode torn�-los usu�rios duplos e fazer com que o v�cio ocorra em ambas as frentes. Por isso, � preciso ter muita for�a de vontade e saber pedir e aceitar ajuda. O fumante precisa transformar seus h�bitos e estilo de vida. De duas a 12 semanas sem cigarro h� a melhora da fun��o pulmonar e da circula��o, entre 1 e 9 meses a tosse e falta de ar diminuem e em 10 anos a mortalidade por c�ncer de pulm�o chega a ser a metade da de um fumante. � poss�vel superar o v�cio e apostar em uma nova vida sem o cigarro, seja ele eletr�nico ou tradicional", explica Mariana Laloni.
Vida nova
Para a oncologista, parar de fumar � a forma mais eficaz de prevenir o c�ncer de pulm�o e diversos outros tumores, al�m de doen�as card�acas, doen�a pulmonar obstrutiva cr�nica, pneumonia, AVC (acidente vascular cerebral) e complica��es severas decorrentes da contamina��o pela Covid-19.
"Deixar o h�bito de lado � dar uma segunda chance aos pulm�es. L� na frente, as pessoas que abandonaram esse v�cio ir�o se deparar com diversos benef�cios ao organismo, como um menor risco de desenvolver v�rios tipos de c�nceres e ainda a recupera��o de sequelas adquiridas pelo tabagismo. Entretanto, antes de remediar, � fundamental que as neoplasias sejam prevenidas. Ou seja, a melhor alternativa � sempre parar de fumar e alertar a popula��o de forma geral, principalmente os mais jovens, sobre os riscos que o cigarro tradicional e eletr�nico podem causar", finaliza.
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