De acordo com o Inca, as estimativas para cada ano do tri�nio 2023-2025 � que pouco mais de 11,3 mil pessoas recebam o diagn�stico de c�ncer de bexiga no Brasil
S�O PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Fumantes correm tr�s vezes mais risco de desenvolverem c�ncer na bexiga. O alerta � do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Rob�tica (IUCR). Segundo o urologista e cirurgi�o oncol�gico Gustavo Cardoso Guimar�es, diretor do IUCR e coordenador geral dos Departamentos Cir�rgicos Oncol�gicos do grupo BP-A Benefic�ncia Portuguesa de S�o Paulo, as subst�ncias t�xicas do cigarro s�o eliminadas pelo rim e agridem a parede da bexiga."O caminho percorrido no corpo pela fuma�a do cigarro � devastador para a bexiga e para os demais �rg�os por onde passa", afirma o m�dico.
Os efeitos do tabaco s�o de longo prazo. Mesmo que a pessoa pare de fumar, o corpo pode demorar de 10 a 20 anos para eliminar essas subst�ncias cancer�genas. "O fumante ativo e o passivo est�o sob um risco enorme de doen�as. Quanto maior o consumo e o tempo de consumo, maior esse risco", diz o especialista.
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C�ncer de bexiga � mais frequentes nos homens
De acordo com o Instituto Nacional de C�ncer (Inca), as estimativas para cada ano do tri�nio 2023-2025 � que pouco mais de 11,3 mil pessoas recebam o diagn�stico de c�ncer de bexiga no Brasil, sendo 7.800 homens e 3.500 mulheres. O fato de a doen�a ser mais frequente em homens tamb�m pode ter o cigarro como uma das explica��es: eles fumam mais.O c�ncer de bexiga acomete, principalmente, pessoas a partir dos 55 anos -com pico de incid�ncia entre os 60 e 70 anos- e � duas vezes mais comum em brancos do que em negros. Tumores na bexiga s�o, em grande maioria, assintom�ticos. Quando h� sintomas iniciais, s�o leves: um pouco de irrita��o ao urinar e sangramento discreto.
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� importante ressaltar que identificar sangue na urina n�o significa ter c�ncer na bexiga. A causa pode ser uma infec��o, pedras nos rins ou doen�as renais benignas. Por isso, a avalia��o m�dica � indispens�vel.
Outros sinais de alerta s�o dificuldade para urinar ou fluxo de urina fraco, dor, ard�ncia, desconforto, mic��o frequente e urg�ncia em urinar, mesmo quando a bexiga n�o est� cheia. Podem aparecer os ind�cios de met�stase, como dor nos ossos e dificuldade respirat�ria. O c�ncer de bexiga tende a se espalhar para os g�nglios linf�ticos, os ossos e pulm�es.
"Tumores na bexiga t�m alta possibilidade de retorno. Eles s�o altamente mortais, mas, se descoberto no in�cio e for superficial, as chances de cura s�o acima de 90%, 95%", afirma o urologista. "Quando o tumor infiltra na musculatura da bexiga, mesmo com cirurgia, quimioterapia e radioterapia, essas chances caem drasticamente -50% dos pacientes morrem em cinco anos", diz Guimar�es.
Em caso de met�stase, a possibilidade de cura fica abaixo de 10%, segundo levantamento da American Cancer Society. Segundo a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), o uso do tabaco � fator de risco para doen�a cardiovascular, doen�a respirat�ria cr�nica, c�ncer e diabetes. Estima-se que a mortalidade atribu�da especificamente ao tabaco � de 12% em todo o mundo e de 16% nas Am�ricas.
Outras consequ�ncias do tabaco
Segundo o pneumologista Paulo Corr�a, coordenador da Comiss�o Cient�fica de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, o cigarro � respons�vel por 30% de todos os c�nceres -bexiga, pulm�o, es�fago, l�bio, colo de �tero e outros.
"As doen�as cardiovasculares s�o as que mais matam pelo cigarro, tamb�m os AVCs. Nas doen�as respirat�rias h� um aumento da suscetibilidade a infec��es das mais variadas naturezas, da DPOC (doen�a pulmonar obstrutiva cr�nica). Em fumantes, cresce a mortalidade por tuberculose", afirma.
Corr�a explica que qualquer n�vel de exposi��o ao cigarro � considerado inseguro. "� como se fosse uma caderneta de poupan�a de doen�as. Voc� vai investindo na sua poupan�a at� que o copo transborda."
De acordo com o pneumologista, parar de fumar at� os 35 anos n�o altera a expectativa de vida. Ap�s essa idade, diminui progressivamente a quantidade e qualidade dos anos vividos.
"O cigarro alonga o per�odo de limita��o da qualidade de vida para as coisas do dia a dia. Quem tem DPOC, por exemplo, n�o consegue pegar uma mala no arm�rio, tomar um banho ou amarrar um sapato sem sentir falta de ar", diz Corr�a.
O que causa a depend�ncia do cigarro?
A nicotina, presente em qualquer derivado do tabaco, possui propriedades psicoativas. Ao ser inalada, pode induzir ao abuso e depend�ncia. Apesar de ser a principal subst�ncia presente no cigarro que cria depend�ncia, ela n�o age sozinha. H� outras que potencializam esse efeito, como por exemplo, o acetalde�do, tamb�m presente no cigarro eletr�nico.
Al�m da nicotina, a hero�na e a coca�na s�o as que mais causam depend�ncia. Toda droga fumada chega muito r�pido ao c�rebro. Leva de 6 a 10 segundos, segundo Paulo Corr�a. "Parar de fumar significa diminuir o risco das doen�as associadas ao tabaco. O problema � que para cada doen�a h� um tempo diferente para igualar ao risco de quem nunca fumou", explica o m�dico.
O Sistema �nico de Sa�de (SUS) oferece tratamento gratuito a quem deseja parar de fumar. Interessados devem se informar em uma Unidade B�sica de Sa�de (UBS) ou Centro de Aten��o Psicossocial �lcool e Drogas (Caps AD).
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