Barriga de mulher grávida

Barriga de mulher gr�vida

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S�O PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O n�mero de mortes maternas nos Estados Unidos piorou nas �ltimas duas d�cadas, passando de 505 mortes, em 1999, para 1.210 em 2019, um aumento de 139,6%.

 

J� a raz�o de mortalidade materna ou RMM (mortes por 100 mil nascidos vivos) passou de 12,7 (intervalo de 10,5-15,1) para 32,2 (intervalo de 28,1-36,3) no mesmo per�odo, crescimento de 153%.

 

Os dados foram analisados pelo Instituto de M�tricas e Avalia��o em Sa�de (IHME), da Universidade de Washington, com base em dados nacionais do CDC (Centro de Controle e Preven��o de Doen�as) americano, e publicados nesta segunda (4) no peri�dico cient�fico Jama.

 

Apesar desse aumento generalizado, a RMM varia conforme os diferentes estados e grupos raciais, sendo mais acentuada nas popula��es negras, de ind�genas americanos e nativos do Alasca, hisp�nicos e descendentes de asi�ticos e nativos do Hava�. Nesses grupos, a mortalidade chega a 94,2 mortes por cem mil nascidos vivos nos estados do Centro-Oeste americano.

 

 

 

O estudo � �nico ao considerar as varia��es observadas tanto de RMM quanto de mortes maternas estimadas —consideradas at� um ano ap�s o fim da gesta��o— por estado e por grupos �tnico-raciais, permitindo assim obter indicadores mais confi�veis para aqueles estados ou regi�es menos populosas, como os estados do norte do pa�s e que concentram ainda territ�rios ind�genas americanos.

 

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A incid�ncia de mortes maternas chegou a crescer 162% entre os ind�genas americanos e nativos do Alasca que vivem nos estados da Fl�rida, Kansas, Illinois, Rhode Island e Wisconsin. Entre as principais causas de morte neste grupo est�o as hemorragias decorrentes do parto, problemas relacionados � sa�de mental e outros fatores de sa�de que contribuem para o aumento do risco de morte na gesta��o.

Apesar de a mortalidade materna dos EUA ser ainda considerada extremamente elevada para um pa�s rico, as taxas eram ainda maiores entre as popula��es negras. As mulheres negras americanas t�m as RMMs mais elevadas anuais, passando de 31,4, em 1999, para 67,6, em 2009.

 

J� na popula��o branca, os maiores aumentos na RMM foram observados nos estados de Indiana, Georgia, Tennessee, Louisiana e Missouri, com crescimento acima de 135% no per�odo estudado.

 

De acordo com o IHME, as disparidades raciais e �tnicas entre as popula��es americanas revelam como pol�ticas p�blicas para redu��o da mortalidade materna n�o foram aplicadas de maneira sistem�tica em todos os estados americanos.

 

Os dados analisados incluem o per�odo at� 2019, antes da pandemia da Covid-19. Em todo o mundo, a mortalidade materna sofreu um baque durante os tr�s anos da crise sanit�ria, chegando a n�meros alarmantes globalmente.

 

Segundo o Global Burden of Diseases, do IHME, a RMM em pa�ses ricos em 2019 variava de 4 a 44, enquanto nos EUA ela estava em torno de 20,1. No pa�s americano, este n�mero passou para 23,8 em 2020, primeiro ano da pandemia, e chegou a 32,9 em 2021, n�mero compar�vel ao de pa�ses da �sia Central e Sudeste Asi�tico, de acordo com o �ltimo boletim divulgado pela OMS (Organiza��o Mundial da Sa�de), em fevereiro deste ano.

 

No Brasil, a RMM teve alta durante a pandemia em todos os grupos �tnico-raciais, segundo dados preliminares divulgados pela Vital Strategies, organiza��o global de sa�de p�blica. Entre 2018 e 2021.

 

Na popula��o branca, a RMM passou de 49,9 para 118,6 mortes por 100 mil nascidos vivos. J� entre as mulheres pretas, foi de 104 para 190,8, a maior entre todos os grupos, assim como nos EUA. Na popula��o ind�gena, passou de 99 para 149; e, entre as pardas, foi de 55,5 para 96,5.

 

O aumento das mortes maternas no Brasil e no restante do mundo no per�odo da pandemia pode ser explicado, em parte, pelo maior risco que as gestantes apresentavam frente a uma infec��o pelo coronav�rus e tamb�m pelo atraso na vacina��o do grupo considerado como priorit�rio em alguns contextos, como o brasileiro. Al�m disso, a falta de pol�ticas p�blicas voltadas para a preven��o da sa�de materna e do beb� podem tamb�m ter contribu�do para isso.

 

Segundo o estudo do IHME, as disparidades na taxa de mortalidade materna entre os diferentes grupos �tnicos mostram que no per�odo de 20 anos desde o in�cio da an�lise dos dados, n�o houve uma melhora significativa de indicadores de sa�de nesta popula��o.

Ainda, o fato de as mulheres negras terem a maior RMM a cada ano estudado indica que os esfor�os para preven��o de sa�de n�o reduziram o elevado risco de mortalidade nesta popula��o.

 

O estudo n�o considerou as mortes maternas relacionadas a transtornos mentais, decorrentes de suic�dio ou de overdose por abuso de drogas. De acordo com uma outra an�lise feita por pesquisadores do CDC, o suic�dio � a principal causa de morte materna nas comunidades hisp�nicas; isto pode ter contribu�do com o fato de o aumento observado de mortalidade neste grupo ter sido o menor comparado aos outros grupos �tnicos no mesmo per�odo.