Indígena de costas centralizado na foto. No fundo, mais três pessoas e uma casa

O relat�rio "Viol�ncia contra os Povos Ind�genas no Brasil", do Conselho Indigenista Mission�rio (Cimi), revela que, no ano passado, de cada tr�s ind�genas que tiraram a pr�pria vida, um tinha no m�ximo 19 anos

Fernando Fraz�o/ Ag�ncia Brasil

Por Sayonara Moreno - Diante das altas taxas de suic�dio ind�gena, no Brasil, um ponto espec�fico gera ainda mais preocupa��o: o adoecimento mental e o suic�dio entre os jovens ind�genas. Essa realidade � diferente do restante da popula��o brasileira, j� que o maior risco de suic�dio entre os n�o ind�genas � maior entre os idosos, segundo o Minist�rio da Sa�de.

 

Explicar o que motiva esse adoecimento t�o precoce n�o � tarefa simples, at� mesmo para os especialistas. A psiquiatra e pesquisadora associada da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) Jacyra Ara�jo atribui o problema � quest�o cultural. "Alguns autores acreditam que os jovens ind�genas s�o mais vulner�veis j� que eles est�o mais deslocados da cultura deles do que os idosos e eles est�o vivendo uma deteriora��o do meio em que eles vivem mais intensa do que os idosos ind�genas. E isso pode estar adicionando o acesso ao �lcool e a dificuldade de acesso ao tratamento em sa�de mental levando os mais jovens a optarem pelo suic�dio." 


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O relat�rio "Viol�ncia contra os Povos Ind�genas no Brasil", do Conselho Indigenista Mission�rio (Cimi), revela que, no ano passado, de cada tr�s ind�genas que tiraram a pr�pria vida, um tinha no m�ximo 19 anos. A antrop�loga Lucia Helena Rangel, que elaborou esse levantamento, explica que a situa��o � mais grave entre os homens jovens que, diante de tanta viol�ncia, se veem sem sa�da. "Entre 14 e 29 anos, o grosso est� a� nessa faixa, jovem, masculina, muito provavelmente essa associa��o entre contextos tensos violentos e suic�dios de jovens que apontam para situa��es meio sem sa�da. Uma tentativa de procurar espa�os em outas dimens�es, espirituais, sobretudo, onde h� paz."

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O adoecimento mental da popula��o gera preocupa��o, tamb�m, para o Minist�rio da Sa�de, respons�vel pelas pol�ticas p�blicas de combate ao problema, como destaca o psic�logo da Secretaria de Sa�de Ind�gena da pasta, Matheus Cruz. "A faixa et�ria que mais preocupa � a de 15 a 29 anos e isso se deve muitas vezes a fatores como conflitos geracionais, familiares, passagem para a vida adulta, mas tamb�m outros fatores socioecon�micos, que se manifestam pela aus�ncia de projetos sociais, projetos que envolvam perspectiva profissionalizante, e os processos de alcooliza��o, que se encontram intensos em algumas localidades, acabam se associando � baixa perspectiva de crescimento socioecon�mico de alguns jovens."

De acordo com o Boletim Epidemiol�gico do Minist�rio da Sa�de, de 2021, o triste cen�rio que leva jovens ind�genas a desistirem da pr�pria vida pode ser explicado pela passagem para a vida adulta, que chega como um momento cr�tico, sobretudo nas transforma��es socioculturais, a partir do contato com a sociedade n�o ind�gena.