Refugiados: popula��es sem acesso a direitos b�sicos como moradia, educa��o e sa�de
As viola��es de direitos humanos e os problemas causados por guerras e conflitos t�m levado mais de 100 milh�es de pessoas a deixar suas casas globalmente, segundo dados do Acnur (ag�ncia da ONU para refugiados). S�o popula��es sem acesso a direitos b�sicos como moradia, educa��o e sa�de.
Muitos dos sistemas nos pa�ses de destino n�o conseguem atender �s demandas desse grupo, que frequentemente inclui v�timas de abuso, viol�ncia, persegui��o ou outros traumas que necessitam de aten��o especial.
Um dos problemas no atendimento m�dico criticado por Pottie era o fato de a prescri��o de exames e medicamentos ocorrer sem escuta e acolhimento. "Eu via como os m�dicos solicitavam exames laboratoriais e de imagem, mas os refugiados n�o t�m dinheiro para faz�-los. Aqueles que at� conseguem de alguma forma o exame n�o eram depois aconselhados de maneira correta por um m�dico. Sem status social, sem dinheiro, � dif�cil receber um atendimento humanizado", afirma o canadense.
Aus�ncia da figura do m�dico da fam�lia
Um dos problemas � a aus�ncia da figura do m�dico da fam�lia, uma figura que � fundamental para ajudar no acesso � sa�de de popula��es mais vulner�veis, fun��o exercida pelo pr�prio pesquisador de Ont�rio.
"Trabalhei com um grupo internacional para desenvolver formas pr�ticas de lidar com os problemas. Essa � uma das principais dificuldades na equidade em sa�de. Outra dificuldade � lidar diretamente com essas comunidades, estar no territ�rio deles, falar com eles diretamente para melhor atender esses grupos."
Pottie foi premiado por sua pesquisa em sa�de p�blica junto � universidade para apoiar fam�lias refugiadas rec�m-chegadas no Canad� e inclu�-las em pesquisas sobre acesso � sa�de. A cerim�nia de entrega do pr�mio, cedido pela revista cient�fica Nature Medicine (do grupo Springer Nature), com apoio da farmac�utica Takeda ocorreu no final de julho no Hospital Israelita Albert Einstein, em S�o Paulo.
"O problema da migra��o hoje � uma das mais s�rias quest�es enfrentadas pela humanidade, e precisamos identificar os pontos que necessitam de mais aten��o. Estamos tamb�m enfrentando agora um novo panorama global, que � o de refugiados clim�ticos", diz o m�dico.
Entre as barreiras apontadas est�o o fato de o tratamento dado aos migrantes focar sempre a chegada das popula��es a determinado local, mas n�o a sua perman�ncia. "Isso tem sido usado para desviar a aten��o. Na minha experi�ncia, entendo que ningu�m quer deixar seu pa�s, sua cultura, sua fam�lia. Eles o fazem por necessidade", afirma Pottie.
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Ainda segundo o canadense, um m�dico que vai tratar refugiados precisa ter em mente as condi��es sociais a que eles est�o expostos, como pobreza, explora��o e at� abuso sexual, al�m de buscar entender quais s�o as especificidades desses grupos, bem como suas cren�as e h�bitos culturais.
"A escuta �, nesse sentido, fundamental. Cultivo isso com meus alunos e colegas, ensinando a construir la�os com os grupos locais. Existe aquela frase que � preciso uma vila para criar uma crian�a, e eu digo que � preciso uma comunidade para ajudar um refugiado", diz.
Pottie atuou em diversos pa�ses no mundo, incluindo Costa Rica e Venezuela, na Am�rica Latina. O que ele viu nos diferentes locais foi muita xenofobia, mas tamb�m algumas a��es pontuais que ajudam a inserir os migrantes � popula��o local.
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A Alemanha foi um dos pa�ses que criaram um programa de asilo aos imigrantes s�rios com efeitos j� bem consolidados. "O fato de, enquanto aguardavam o asilo, poderem trabalhar ou estudar � uma forma de sucesso, porque as pessoas precisam ser integradas � escola, ao trabalho, protegendo suas comunidades. Agora estamos vendo o mundo aplicar o mesmo processo em grande parte da Europa, Am�rica do Norte e Austr�lia em rela��o aos ucranianos", explicou.
Segundo ele, o Brasil e a maioria dos pa�ses da Am�rica do Sul precisam desenvolver comunidades de apoio e moldar o di�logo com os migrantes. "N�o mostramos na televis�o os m�dicos, enfermeiros, engenheiros e advogados que tamb�m fazem parte da comunidade de refugiados. Mostramos apenas aqueles que s�o vulnerabilizados, marginalizados, e isso prejudica tamb�m o apoio da sociedade e o combate ao racismo."
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