O cardiologista Jo�o Paulo explica que nesses casos, de mal s�bito durante as atividades f�sicas, eles podem estar ligados � cardiopatias
Um guarda municipal de Belo Horizonte, de 35 anos, morreu ap�s ter um mal s�bito quando fazia muscula��o na noite dessa segunda-feira (4/9), em uma academia do Bairro Gl�ria, na Regi�o Noroeste da capital. Diego Luis chegou a ser atendido pelo Servi�o de Atendimento M�vel de Urg�ncia (Samu), mas morreu ainda no local. O caso espanta pela proximidade com outro caso de mal s�bito. No dia 28 de agosto, um homem de 58 anos morreu ao sofrer um mal s�bito enquanto fazia esteira em uma academia no Bairro Castelo, na regi�o da Pampulha. O Samu teria chegado � academia cerca de 15 minutos depois, mas o homem n�o resistiu e morreu pouco depois.
Jo�o Paulo de Castro Barbosa cardiologista do S�o Marcos, explica que o caso pode ser desencadeado por alguns gatilhos, como situa��es que levam a quadros de desidrata��o, acidose (excesso de produ��o de �cido que se acumula no sangue), hipotermia, hipertermia, mudan�as s�bitas da frequ�ncia card�aca - comuns em esportes de explos�o (corridas curtas, provas de nata��o de curta dist�ncia, esportes coletivos que exigem grande demanda em intervalo curto de tempo, por exemplo).
"Todas essas situa��es podem facilitar a ocorr�ncia de isquemia mioca%u0301rdica (dano na perfus�o do m�sculo card�aco pelas art�rias coron�rias), desbalan�o simp�tico/vagal (mudan�as s�bitas e intensas da frequ�ncia card�aca e da press�o arterial), desequil�brios hidroeletrol�ticos (varia��o significativa da concentra��o de eletr�litos no sangue, tais como s�dio, pot�ssio e magn�sio) e, em casos mais graves, a morte s�bita", explica.

Em entrevista, Rizzieri Gomes diferencia o mal s�bito de morte s�bita
Arquivo PessoalAs mulheres, quando acometidas, apresentam maior mortalidade. A doen�a pode ser totalmente assintom�tica, sendo diagnosticada em consultas de check-up ou em pessoas que necessitam de um risco cir�rgico ou libera��o para academia e descobrem que o eletrocardiograma est� alterado.
Ainda que os casos surpreendam por ocorrerem em academias, Jo�o Paulo ressalta que as atividades f�sicas regulares permanecem recomendadas para melhorar a qualidade de vida e diminuir o risco do aparecimento de doen�as relacionadas ao sedentarismo. Contudo, o acompanhamento m�dico � fundamental. O acompanhamento cl�nico deve ser regular e individualizado, muitas vezes sendo necess�rio repetir os exames em intervalos semestrais ou anuais.
Leia tamb�m: Concentrar atividade f�sica no fim de semana � prejudicial para sa�de do cora��o?
Para a reda��o do Bem Viver, Rizzieri Gomes, cardiologista, focado na mudan�a do estilo de vida (MEV) de seus pacientes, respondeu as principais d�vidas sobre o tema. Confira:
O que � mal s�bito?
Mal s�bito � quando algo inesperado acontece no organismo, levando a pessoa a perder a consci�ncia. Isso pode ser desde uma s�ncope, que � um 'desligamento' do c�rebro, de forma intermitente, espont�nea, levando ao desmaio; os pr�prios desmaios, por press�o baixa, ou por desidrata��o; ou at� mesmo a morte s�bita. Algo que acontece subitamente inesperado e interfere no dia a dia.Morte s�bita e mal s�bito s�o a mesma coisa?
Mal s�bito e morte s�bita s�o parecidos, mas n�o s�o iguais. Morte s�bita, como o pr�prio nome diz, algu�m morre. J� o mal s�bito algo acontece repentinamente e pode ou n�o resultar em morte, mas nem sempre resulta, ali�s, a maioria n�o. Mas toda morte s�bita � um mal s�bito.Quais s�o as principais causas?
As causas de morte s�bita, principalmente, s�o as doen�as cardiovasculares, como arritmia card�aca, infarto e AVC. Algumas pessoas podem ter problemas de cora��o que podem ser adquiridos ao longo da vida ou cong�nitos.Tem como prevenir?
Sim, � poss�vel prevenir. Primeiramente, temos que saber o que a pessoa tem previamente. Para isso, � necess�rio investigar regularmente. Algumas outras medidas que se pode adotar s�o: uma vida saud�vel e controlar doen�as como diabetes, press�o alta e at� mesmo arritmias. Isso previne as principais causas. Mas a maioria, principalmente quando s�o pessoas jovens, n�o se consegue prever.� impress�o ou h� um n�mero maior de pessoas morrendo de mal s�bito?
Na verdade esse 'aumento' n�o � real; � muito uma impress�o. Como estamos mais conectados, quando casos assim acontecem chamam muito a aten��o. Os n�meros baseados nos �rg�os que regulamentam as estat�sticas permanecem muito parecidos. O volume de not�cias dos casos que acontecem acaba chamando mais a aten��o, mas n�o se v� um grande incremento dessa taxa de mortalidade. Mas agora ficamos sabendo de v�rios casos, o que n�o acontecia antes. Em algumas cidades brasileiras n�o h� central de verifica��o de �bito, ent�o muitas vezes nem se sabe o porqu� de um paciente ter ido a �bito, o que � um desafio para as estat�sticas.Tem jeito de saber que voc� est� tendo um mal s�bito?
Existem sim. Como as principais causas s�o cardiovasculares, alguns eventos come�am a aparecer. A pessoa pode ter tido arritmia pr�via, dores no peito e falta de ar; tonturas frequentes, outros epis�dios de desmaio. Ent�o se algu�m tiver esses sintomas, sempre � bom investigar e n�o 'justificar', dizendo que � por conta do calor ou do jejum. � importante verificar, pois pode-se prevenir um mal maior, um mal s�bito. Tamb�m para que se tenha tempo de tomar alguma atitude e de tratar as principais causas que levam � morte s�bita.Muitas pessoas sobrevivem ao mal s�bito ou a maioria morre?
Sim, pessoas sobrevivem � morte s�bita, mas isso depende do tipo, da causa (como infarto ou arritmias) e do atendimento r�pido. No caso daquele jogador su��o que aconteceu a morte s�bita em campo, ele foi prontamente atendido e conseguiu sobreviver. J� aquele jogador africano, que competiu nas Olimp�adas, n�o teve a mesma sorte. Ent�o isso depende da causa, do tipo, do atendimento, da qualidade e velocidade, tudo isso pode interferir no resultado, mas infelizmente a maioria � fatal.Quantas pessoas morrem de mal s�bito?
No Brasil, a estimativa de mortalidade � de 70 mil pessoas que morrem por ano de mal s�bito. No mundo, essa estat�stica chega a quase dois milh�es de mortes.
* Estagi�ria sob supervis�o da editora Ellen Cristie.
*Para comentar, fa�a seu login ou assine