Exame de mama
A pr�tica de atividades f�sicas tem sido associada a um risco reduzido de desenvolvimento de alguns tipos de c�ncer, incluindo de mama, o que mais mata mulheres em todo o mundo. Por�m, a maioria dessas pesquisas � observacional - ou seja, n�o aponta uma rela��o de causa e efeito. Agora, um novo estudo com base gen�tica foi capaz de demonstrar uma associa��o direta entre se exercitar e diminuir o tempo de sedentarismo com a diminui��o da probabilidade do surgimento desse tipo de tumor. A gravidade da doen�a tamb�m � menor entre pacientes que costumam treinar, disseram os autores.
Publicada na revista British Journal of Sports Medicine, a pesquisa usa uma metodologia chamada randomiza��o mendeliana, na qual variantes gen�ticas s�o usadas como vari�veis para fatores de risco modific�veis - como o sedentarismo - que afetam a sa�de. Esse tipo de an�lise permite tirar conclus�es sobre causa e efeito mesmo em estudos observacionais.
A partir de dados de quase 131 mil mulheres que participaram de 76 estudos, os pesquisadores descobriram que a atividade f�sica, aliada � predisposi��o gen�tica � pr�tica de exerc�cios, reduz de 38% a 41% o risco de c�ncer de mama. J� aquelas menos propensas e que passam mais tempo sentadas tiveram probabilidade 100% maior de sofrer da doen�a triplo negativa, a mais dif�cil de tratar. As associa��es ocorreram, em grande parte, independentemente do status de menopausa e do tipo, est�gio ou grau do tumor.
Estudos anteriores demonstraram que o DNA influencia a pr�tica de exerc�cios, com variantes que predisp�em maior vigor f�sico, resist�ncia e capacidade aer�bica, entre outros. Esses fatores est�o associados a maior ou menor disposi��o para se exercitar. Na pesquisa atual, os autores, da Divis�o de Epidemiologia de C�ncer da Universidade de Melbourne, na Austr�lia, compararam as variantes �s pr�ticas autorrelatadas pelas participantes, assim como aos registros de sa�de das mulheres.
Leia tamb�m: Ado�antes podem aumentar o risco de doen�as cardiovasculares, alerta estudo
Das 130.957 participantes, 69.838 tinham tumores de mama invasivos (que espalharam) e 6.667 apresentavam c�ncer localizado. Outras 54.452 mulheres saud�veis entraram no estudo para compara��o. Os pesquisadores, ent�o, estimaram o risco geral da doen�a levando em considera��o alguns fatores: se elas tinham ou n�o passado pela menopausa, o tipo de c�ncer (HER-2, triplo positivo ou triplo negativo), est�gio (tamanho e extens�o da dissemina��o) e grau de anormalidade das c�lulas tumorais.
A an�lise dos dados mostrou que mulheres que se exercitavam em alto grau (e cujos genes eram favor�veis � pr�tica de atividade f�sica) apresentaram um risco 41% menor de c�ncer de mama invasivo, independentemente de estarem ou n�o na menopausa e das caracter�sticas do tumor. Al�m disso, aquelas que treinavam tr�s ou mais dias na semana (tamb�m com predisposi��o no DNA) tiveram 38% menos risco de ter a doen�a, comparadas �s sedent�rias.
Por fim, um n�vel maior de tempo sentado foi associado a uma probabilidade 100% maior de c�ncer de mama triplo negativo. Os resultados permaneceram inalterados mesmo depois de ajustes que levaram em conta fatores de risco, como tabagismo e excesso de peso.
Segundo um comunicado da epidemiologista Brigid Lynch, que liderou o estudo, "h� explica��es biol�gicas plaus�veis para as descobertas, com um corpo razo�vel de evid�ncias indicando in�meras vias causais entre atividade f�sica e risco de c�ncer de mama, como sobrepeso/obesidade, metabolismo desordenado, horm�nios sexuais e inflama��o". No artigo, os pesquisadores destacaram que o estudo traz "fortes evid�ncias de que mais atividade f�sica geral e menos tempo sentado provavelmente reduzem o risco de c�ncer de mama".
Entre as explica��es para a associa��o est� o fato de que a atividade f�sica afeta diversas vias metab�licas, hormonais e imunol�gicas. Com regularidade, os exerc�cios reduzem a gordura corporal e levam � diminui��o nos n�veis circulantes de estrog�nio, resist�ncia � insulina e inflama��o - todos associados ao desenvolvimento da doen�a na p�s-menopausa. "Al�m disso, a atividade f�sica demonstrou ter efeitos imunomoduladores em humanos, melhorando a resposta imune inata e adquirida e promovendo a vigil�ncia tumoral", afirma um documento do Fundo Internacional do World Cancer Research.
"Pesquisas anteriores mostraram que o exerc�cio pode ter efeitos anti-inflamat�rios e impactar positivamente a caquexia do c�ncer (perda de tecido adiposo e m�sculo �sseo), retardando seu desenvolvimento", observa Louisa Tichy, pesquisadora da �rea de cinesiologia da Universidade da Carolina do Norte, em Greensboro, nos Estados Unidos. Em um estudo recente de Tichy com modelos animais, aqueles que se exercitavam antes do aparecimento da doen�a desenvolveram tumores de crescimento mais lento, indicando o fator protetivo do pr�-condicionamento f�sico.
Aumento da sobrevida
Pacientes com c�ncer de c�lon em est�gio 3 tamb�m podem se beneficiar da pr�tica de atividades f�sicas, segundo um estudo publicado recentemente por especialistas do Centro de Pesquisa Biom�dica de Pennington, nos Estados Unidos. A pesquisa mostrou que um maior volume de exerc�cio em pessoas que receberam uma terapia adjuvante (complementar ao procedimento principal) contribuiu para aumentar a sobrevida livre da doen�a.
No estudo, depois de passarem por cirurgia, 2.524 pacientes foram divididos aleatoriamente em dois grupos, sendo que, em cada um deles, o medicamento adjuvante era diferente. Al�m disso, 1.696 dos participantes entraram em uma pesquisa que avaliou a dieta e o estilo de vida. A atividade f�sica recreativa (adaptada) foi medida nos primeiros tr�s meses de quimioterapia e seis meses depois da conclus�o desse tratamento.
Segundo o estudo, a sobrevida sem a doen�a em tr�s anos foi de 87,1% entre os que faziam ao menos tr�s horas de atividades recreativas semanais, contra 76,5% nos que n�o se exercitavam ou se movimentavam menos que isso. Entre os pacientes que se dedicaram a atividades de intensidade leve a moderada, o risco de o c�ncer recorrer foi 21,4%, comparados aos sedent�rios. No caso de intensidade vigorosa, essa diferen�a foi de 10%.
Os pesquisadores tamb�m investigaram a poss�vel influ�ncia de diferentes tipos de exerc�cios. Para caminhada r�pida, a sobrevida livre de doen�a em tr�s anos foi de 81,7% para os que faziam menos de uma hora semanal, contra 88,4% entre os que se dedicavam por ao menos tr�s horas. No caso do fortalecimento muscular, esses �ndices foram 81,8% (sem atividade) e 88,8% (pelo menos meia hora por semana).
"Entre os pacientes com c�ncer de c�lon em est�gio 3 inscritos em um estudo de tratamento p�s-operat�rio, volumes maiores de atividade f�sica recreativa, dura��o mais longa de atividade f�sica aer�bica de intensidade leve a moderada ou qualquer atividade f�sica aer�bica de intensidade vigorosa foram associados com as maiores melhorias na sobrevida livre de doen�a", escreveram os autores. O estudo foi publicado na revista Journal of Clinical Oncology.
*Para comentar, fa�a seu login ou assine