Pessoas com h�bitos de sono ruins s�o propensas a morrer mais cedo e a situa��o contr�ria, por outro lado, pode aumentar o tempo de vida
Claudio_Scott/Pixabay
Dormir mal � uma queixa cada vez mais comum — 65% dos brasileiros enfrentam essa condi��o, estima a Associa��o Brasileira do Sono (ABS). S�o pessoas que podem ter processos biol�gicos primordiais comprometidos, como o reparo de tecidos e a s�ntese de prote�nas. Uma pesquisa que ser� apresentada na Sess�o Cient�fica Anual do American College of Cardiology, no come�o de mar�o, traz um novo ponto de alerta: pessoas com h�bitos de sono ruins s�o propensas a morrer mais cedo. A situa��o contr�ria, por outro lado, pode aumentar o tempo de vida em quase cinco anos. Al�m disso, os dados demonstram que cerca de 8% dos �bitos por qualquer causa podem ser atribu�dos a essa condi��o.
Integrando um dos oito fatores essenciais definidos pela American Heart Association para melhorar e manter a sa�de cardiovascular, a rela��o do sono com o cora��o tem sido cada vez mais estudada. H� significativas rela��es, por exemplo, com a diminui��o de doen�as card�acas, derrames e outros problemas graves de sa�de. Assim, o objetivo dos pesquisadores Haibin Li e Frank Qian, da Escola de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, foi investigar at� que ponto os padr�es de sono est�o associados � mortalidade e � expectativa de vida a partir de uma amostra nacionalmente representativa de adultos norte-americanos.
Para isso, os cientistas do Centro M�dico Beth Israel Deaconess, ligado � universidade estadunidense, vincularam dados de 172.321 pessoas aos registros do �ndice Nacional de Morte, relacionando os fatores de sono e as causas de mortalidade. Os participantes — com, em m�dia, 50 anos e sendo 54% mulheres —, foram acompanhados por aproximadamente quatro anos. No per�odo, 8.681 indiv�duos morreram, sendo 30% por doen�as cardiovasculares.
Os pesquisadores avaliaram cinco indicadores de qualidade de sono: dura��o ideal do sono de sete a oito horas por noite, dificuldade em adormecer no m�ximo duas vezes por semana, dificuldade em manter o sono n�o mais do que duas vezes por semana, n�o fazer uso de medicamento para dormir e sentir-se bem descansado ap�s acordar em pelo menos cinco dias por semana. A cada fator foi atribu�do um ponto ou zero, e a pontua��o m�xima, de cinco, indicou a melhor qualidade de sono entre os respondentes.
Em compara��o com indiv�duos que pontuaram no m�ximo um entre os fatores de sono favor�veis, aqueles que marcaram cinco — ou seja, todos — apresentaram 21% menos probabilidade de morrerem de doen�a cardiovascular, al�m de 19% menos risco de morrer de c�ncer. "Vimos uma clara rela��o dose/resposta. Portanto, quanto mais fatores ben�ficos algu�m tiver em termos de qualidade de sono, tamb�m haver� uma redu��o gradual de todas as causas e mortalidade cardiovascular", afirma, em nota, Frank Qian, m�dico na Beth Israel Deaconess.
Na avalia��o do tamb�m coautor do estudo, os resultados sinalizam que "apenas dormir n�o � suficiente" para se ter uma boa sa�de. "Voc�, realmente, precisa ter um sono reparador e n�o ter muitos problemas para adormecer e permanecer dormindo", afirma. "Mesmo desde a tenra idade, se as pessoas puderem desenvolver bons h�bitos, certificando-se de que est�o dormindo sem muitas distra��es e tendo uma boa qualidade geral do sono, isso pode beneficiar muito sua sa�de a longo prazo."
Qualquer idade
Na an�lise, a equipe tamb�m constatou o impacto das noites bem dormidas na longevidade. Entre aqueles que relataram ter todas as cinco medidas de qualidade do sono, a expectativa de vida foi de mais 4,7 anos para os homens e 2,4 anos para as mulheres, comparados aos participantes que n�o tinham nenhum ou apenas um dos cinco elementos favor�veis.
A equipe constatou ganhos na expectativa de vida a partir dos 30 anos, mas acredita que o modelo tamb�m possa ser usado para prever benef�cios para idades mais avan�adas. "� importante que os jovens entendam que muitos comportamentos de sa�de s�o cumulativos ao longo do tempo. Assim como gostamos de dizer nunca � tarde demais para se exercitar ou parar de fumar, tamb�m nunca � cedo demais. E dever�amos conversar e avaliar o sono com mais frequ�ncia", enfatiza Frank Qian.
O grupo pondera que mais pesquisas s�o necess�rias para aprofundar o conhecimento sobre a rela��o entre qualidade de sono, prote��o cardiovascular e mortalidade. Um dos pontos que chamam a aten��o e demandam mais investiga��es, indicam, � o fato de o aumento da expectativa de vida ter sido o dobro entre os homens, considerando as mulheres que relataram a mesma qualidade de sono.
Cuidados integrais
Os outros fatores s�o: boa alimenta��o, atividades f�sicas, cessa��o do uso de produtos de entrega de nicotina inalados, gerenciamento do peso, controle do colesterol e do a��car no sangue, al�m de controle da press�o arterial. De acordo com a American Heart Association, cada a��o gera benef�cios espec�ficos para a sa�de cardiovascular. � poss�vel, por exemplo, uma pessoa reduzir pela metade o risco de doen�as card�acas em at� um ano ap�s parar de fumar.
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