A gama de tratamentos inclui quimioterapia, imunoterapia, terapia-alvo, radioterapia, terapia celular, transplante de c�lulas-tronco e cirurgia
O linfoma � um dos dez tipos de c�ncer mais frequentes no Brasil. Segundo o Instituto Nacional do C�ncer (INCA), o n�mero de casos da doen�a duplicou nos �ltimos 25 anos, principalmente em idosos. A hematologista Adrienne Moreno, da Oncologia D'Or, explica que o c�ncer ocorre em pessoas com mais de 60 anos por causa da imunossenesc�ncia, o envelhecimento do sistema imunol�gico, que passa a n�o reconhecer e destruir as c�lulas cancer�genas. J� o crescimento de casos de linfoma em jovens resulta do desenvolvimento de ferramentas diagn�sticas mais eficazes e do modo de vida n�o saud�vel - com o consumo abusivo de �lcool, alimentos ultraprocessados, tabagismo e sono insuficiente. O INCA estima que 15.120 pessoas dever�o ser diagnosticadas com a enfermidade s� em 2023.
O Dia Mundial de Conscientiza��o sobre Linfoma, celebrado nesta sexta-feira (15 de setembro), � um momento importante para a dissemina��o de informa��es sobre este c�ncer que afeta o sistema linf�tico. Trata-se de uma rede de pequenos vasos e g�nglios linf�ticos, que integram os sistemas circulat�rio e imune. Sua fun��o � coletar e filtrar o l�quido que se acumula nos tecidos, reconduzindo-o � corrente sangu�nea.
Os principais sintomas do linfoma s�o o surgimento de caro�os e �nguas (g�nglios inchados) na virilha, pesco�o e axilas, febre no final do dia sem motivo, suor noturno e perda de peso maior que 10% sem motivo aparente. N�o h� formas de preven��o deste tipo de c�ncer. O ideal � a pessoa manter um estilo de vida saud�vel, com alimenta��o balanceada, bom sono e pr�tica de atividade f�sica. O acompanhamento m�dico regular favorece o diagn�stico precoce, porque muitos casos s�o descobertos em exames realizados para apurar a origem de outras queixas.
Tipos de linfoma
Os linfomas se dividem em dois tipos: linfoma de Hodgkin e linfoma n�o Hodgkin. O primeiro � mais comum em adolescentes e jovens - de 15 a 25 anos - e um segundo pico de preval�ncia a em adultos ap�s os 60 anos. O INCA estima que este ano sejam diagnosticados 3.080 casos, dos quais em 1.500 homens e em 1.580 mulheres. "Por ter c�lulas mais sens�veis � quimioterapia, � um linfoma de melhor progn�stico com uma expectativa de cura de at� 95% na doen�a localizada", afirma Renata Lyrio.
Leia: Combate ao c�ncer � tema de congresso internacional em S�o Paulo
O linfoma n�o Hodgkin � uma doen�a heterog�nea que compreende mais de 50 neoplasias diferentes, que podem se manifestar de forma agressiva ou indolente. A enfermidade tem origem nas c�lulas brancas do sangue, conhecidas por linf�citos. Ocorre em crian�as, adolescentes e adultos, tornando-se mais comum � medida que as pessoas envelhecem. Para 2023, as estimativas s�o de que sejam diagnosticados 12.040 casos, dos quais 6.420 em homens e 5.620 em mulheres.
Segundo o INCA, os fatores de risco para o linfoma de Hogkin n�o est�o claros. Alguns estudos associam este tipo de tumor a pessoas imunocomprometidas (infec��o por HIV) e pacientes que fazem uso de drogas imunossupressoras, como os transplantados. Os grupos de risco para o linfoma de n�o Hodgkin � formado por pessoas com o sistema imune comprometido por doen�as gen�ticas heredit�rias, transplante de �rg�os, doen�as autoimunes ou infec��o pelo HIV, uso de drogas imunossupressoras, presen�a do v�rus Epstein-Barr (EBV), do v�rus linfotr�pico de c�lulas-T humanas do tipo 1 (HTLV-1) ou da bact�ria Helicobacter pylori.
Estudos mostram que ter parentes de primeiro grau com linfoma n�o Hodgkin aumenta o risco de desenvolver a doen�a. Os riscos ocupacional e ambiental est�o associados � exposi��o a subst�ncias qu�micas (pesticidas, benzeno), radia��o ionizante e radia��o ultravioleta.
Tratamento
Um dos exemplos dos avan�os no tratamento do linfoma � o estudo apresentado recentemente no �ltimo Congresso da Sociedade Americana de Oncologia Cl�nica (Asco, em ingl�s) mostrando que o uso do medicamento nivolumabe, um tipo de imunoterapia, associado � quimioterapia, melhorou a sobrevida livre da progress�o da doen�a de crian�as at� 12 anos com linfoma de Hodgkin em compara��o aos tratamentos atuais. A terapia ainda n�o tem aprova��o para ser usada no Brasil.
A terapia mais promissora para formas graves de linfoma n�o Hodgkin � a terapia celular conhecida por CAR-T (em portugu�s, c�lula T com receptor quim�rico de ant�geno), que reprograma os linf�citos do paciente para destruir as c�lulas tumorais. Ela est� associada a alguns efeitos adversos relacionados a infla��o desencadeada por esses linf�citos como a s�ndrome de libera��o de citocinas e eventos neurol�gicos que exigem tratamento espec�fico.
A hematologista Renata Lyrio destaca um estudo apresentado em junho no Congresso Europeu de Hematologia (EHA), na Alemanha, que mostrou o ganho de sobrevida global para pacientes linfoma n�o Hodgkin tipo B que n�o respondiam ao tratamento de primeira linha ou tinham reca�da precoce da doen�a. O estudo comparou o desempenho de CAR-T ao da terapia convencional de segunda linha.
A quimioterapia � o tratamento mais frequente para o linfoma. Com o passar do tempo, surgiram outras terapias que agem de forma diferente dos quimioter�picos. Entre eles est�o os medicamentos conhecidos por terapia-alvo, que inibem a a��o de prote�nas que contribuem para o crescimento das c�lulas cancer�genas. J� os imunoter�picos estimulam o sistema imunol�gico a reconhecer e eliminar as c�lulas cancer�genas.
Recentemente surgiu uma nova classe de medicamentos imunoter�picos para ser usada em lugar do CAR-T. � o anticorpo monoclonal biespec�fico, uma prote�na artificial que pode se conectar a dois ant�genos ao mesmo tempo. "O medicamento tem dois bra�os. Um reconhece a c�lula tumoral e outro se liga aos linf�citos, o que estimula o sistema imune a atacar o tumor", elucida a hematologista Adrienne Moreno.
O avan�o da biologia molecular dos pacientes propiciar� tratamentos personalizados, com o aumento do uso da imunoterapia e a redu��o da quimioterapia tradicional. Assim, o tratamento ser� mais eficaz com menos efeito colateral. O futuro ser� combinar terapias-alvo com imunoterapias, tornando o tratamento baseado no tumor de cada paciente.
*Para comentar, fa�a seu login ou assine