Adultos que consumem alimentos ultraprocessados apresentam risco de desenvolver depress�o ao longo do tempo
S�o considerados alimentos ultraprocessados formula��es industriais que levam em sua composi��o cinco ou mais ingredientes t�picos da ind�stria. � isso o que diz a NOVA, classifica��o bastante conhecida no �mbito da nutri��o que passou a agrupar os alimentos pelo seu n�vel de processamento, proposta a partir do Guia Alimentar para a Popula��o Brasileira.
Entre os exemplos mais comuns est�o os refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos de pacote, refrescos, hamb�rgueres e macarr�o instant�neo. � uma lista longa de alimentos ricos em calorias e pobres em nutrientes que apresentam sabor real�ado por meio das altas concentra��es de s�dio e corantes artificiais. Estudos recentes t�m alertado para os efeitos dos alimentos ultraprocessados sobre a sa�de e sua associa��o com doen�as como hipertens�o e diabetes.
A pesquisa da Universidade Federal de Vi�osa (UFV) em parceria com a Universidade Federal do Paran� (UFPR) divulgou artigo que associa o maior consumo de alimentos ultraprocessados � incid�ncia de depress�o em adultos brasileiros com alta escolaridade.
O trabalho foi publicado no in�cio deste ano no Journal of Affective Disorders, revista oficial da Sociedade Internacional Transtornos Afetivos, a International Society for Affective Disorders (ISAD). Os resultados partem de um estudo de longo prazo que analisou, entre 2016 e 2020, h�bitos de 2.572 graduados e p�s-graduandos vinculados a universidades sediadas em Minas Gerais, com idade m�dia de 36,1 anos, sendo 936 (36,39%) homens e 1.636 (63,61%) mulheres. Observou-se que adultos que consumiam, por dia, 32% a 72% das calorias em alimentos ultraprocessados apresentaram 82% de risco de desenvolver depress�o ao longo do tempo.
Leia: Leite e derivados: alimento � tema de corrida em BH
O artigo � produto do trabalho de doutorado em andamento da pesquisadora Arieta Carla Gualandi Leal, do Departamento de Nutri��o e Sa�de da Universidade Federal de Vi�osa (UFV). Os dados utilizados na pesquisa s�o originados do projeto Coorte de Universidade Mineiras (CUME), um estudo longitudinal observacional que avalia o impacto do padr�o alimentar brasileiro e da transmiss�o nutricional no desenvolvimento de doen�as cr�nicas n�o transmiss�veis. Atualmente, fazem parte do estudo multic�ntrico sete universidades mineiras: a UFV, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), a Universidade Federal de Lavras (Ufla), Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e a Universidade Federal de Alfenas (Unifal).
Arieta Leal explica que, a cada dois anos, s�o aplicados diferentes question�rios aos respondentes. Para esse artigo, foram usadas respostas de tr�s question�rios, entre eles um que colhia informa��es detalhadas sobre h�bitos alimentares, incluindo informa��es espec�ficas sobre a por��o di�ria consumida de uma lista com 144 alimentos.
Observou-se que, entre os participantes que mais consumiam alimentos ultraprocessados, diariamente, a incid�ncia de novos casos diagnosticados era maior. "� um dado muito importante, em quatro anos a incid�ncia foi muito alta", destaca Helen Hermana Miranda Hermsdorff, pesquisadora do Departamento de Nutri��o e Sa�de da UFV, uma das coordenadoras do estudo. "No artigo, os question�rios s�o dos anos de 2016, 2018 e 2020. Casos diagnosticados neste per�odo foram considerados casos incidentes dentro da coorte".
A depress�o � uma doen�a multifatorial, por isso, para observar o efeito real do consumo desses alimentos foram utilizados procedimentos estat�sticos espec�ficos. Leal explica que para associar depress�o e o consumo de ultraprocessados foram considerados os "fatores confundidores", ou seja, fatores que poderiam influenciar o resultado e provocar associa��es n�o verdadeiras.
"Isolamos os efeitos de vari�veis como sexo, idade, frequ�ncia de atividade f�sica e consumo de �lcool, de forma a compreender o efeito dos alimentos ultraprocessados", conta. "Nossos resultados demonstraram que h� uma correla��o estatisticamente significativa entre ultraprocessados e depress�o, de acordo com o modelo estat�stico utilizado", destaca Hermsdorff.
Impactos econ�micos
Os pesquisadores explicam que n�o � poss�vel generalizar os resultados apontados neste artigo para toda a popula��o brasileira. Contudo, os dados trazem informa��es para lidar com um grupo importante para o pa�s - adultos entre 20 e 50 anos, graduados/p�s-graduandos e trabalhadores - a popula��o economicamente ativa.
Hermsdorf explica que os resultados dessa pesquisa apontam para a necessidade de pol�ticas p�blicas para redu��o do consumo desses alimentos e para a regula��o da sua formula��o. "S�o quest�es que a gente n�o pode inferir somente com o nosso estudo, mas que podem ser levantadas e que devem ser levadas em considera��o pra novos estudos e para a cria��o novas pol�ticas p�blicas", destaca.
*Para comentar, fa�a seu login ou assine