Vista lateral mulher diabética verificando seu nível de glicose

Ao ativar esses receptores intestinais, dependendo dos n�veis de glicose no sangue, os medicamentos estimulam a produ��o de insulina pelo p�ncreas, melhorando o controle da glicemia

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O tirzepatide (Mounjaro), novo medicamento para tratamento do diabetes tipo 2 rec�m-aprovado pela Ag�ncia Brasileira de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), mostrou resultados superiores em rela��o ao controle da glicemia e perda de peso comparado � semaglutida (princ�pio ativo do Ozempic). Os dados foram publicados no The New England Journal of Medicine. Um artigo no The Lancet j� havia constatado a efic�cia e a seguran�a da nova droga em um estudo com mais de 19 mil pacientes em diversos pa�ses, incluindo o Brasil. 

Os dois medicamentos s�o aplicados por meio de uma inje��o semanal e t�m um mecanismo de a��o parecido: eles estimulam receptores hormonais localizados no intestino envolvidos na digest�o dos alimentos e na secre��o da insulina. Ambos s�o mol�culas sint�ticas chamadas de agonistas - ou seja, simulam o efeito de subst�ncias naturais e se ligam a receptores das c�lulas, ativando-os.

Enquanto o Ozempic age apenas por meio de um an�logo de um dos horm�nios, o chamado GLP1 (pept�deo 1 semelhante ao glucagon), o Mounjaro ï¿½ um duplo agonista – ou seja, uma �nica mol�cula apresenta efeito para dois receptores, o GLP-1 e o GIP (polipet�deo insulinotr�pico dependente da glicose). Por isso, explicam os especialistas, seus efeitos s�o potencializados.



Ao ativar esses receptores intestinais, dependendo dos n�veis de glicose no sangue, os medicamentos estimulam a produ��o de insulina pelo p�ncreas, melhorando o controle da glicemia. Eles tamb�m retardam o esvaziamento g�strico, reduzindo o tr�nsito intestinal. Al�m disso, atuam no Sistema Nervoso Central aumentando a sensa��o de saciedade. E, enquanto os horm�nios naturais s�o degradados rapidamente pelas enzimas, os compostos sint�ticos circulam por muito mais tempo pelo organismo.

No estudo que comparou os dois, a enorme maioria dos volunt�rios conseguiu reduzir a taxa de hemoglobina glicada - exame que avalia os n�veis de glicemia nos �ltimos tr�s meses - para menos de 7%, como recomendado para pacientes com diabetes. Dependendo da dose, entre 29% e 46% dos que usaram o Mounjaro atingiram a taxa de 5,7% (o valor de pessoas sem a doen�a), contra 19% dos que receberam o Ozempic. E isso com baixo risco de hipoglicemia, algo dif�cil com os rem�dios em uso atualmente. A dosagem mais alta do novo medicamento levou a quase o dobro da perda de peso do observado com a semaglutida. O teste acompanhou quase 2.000 pessoas durante 40 semanas em 128 centros localizados em diversos pa�ses.

“Os resultados s�o superiores aos rem�dios atuais. O tirzepatide tem grande efic�cia na perda de peso, aumenta a secre��o de insulina, melhora o controle da glicemia e, com isso, pode ajudar a prevenir quadros de resist�ncia � insulina”, diz o endocrinologista Sim�o Lottenberg, do Hospital Israelita Albert Einstein.

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“� o rem�dio mais potente que j� tivemos”, diz o endocrinologista Rodrigo Lamounier, diretor da Associa��o Brasileira para o Estudo da Obesidade e S�ndrome Metab�lica (Abeso). “Acredito que ele caminhe tamb�m para aprova��o contra a obesidade.” 

Efeitos colaterais do medicamento

Os m�dicos explicam que, por enquanto, o medicamento s� foi aprovado para o tratamento do diabetes tipo 2 e ainda n�o est� dispon�vel no pa�s. “Como ele pode apresentar riscos e efeitos colaterais, como intoler�ncia gastrointestinal, n�useas e v�mitos, deve ser usado sempre com indica��o e acompanhamento m�dico”, diz Lamounier.
 
O laborat�rio Eli Lilly, fabricante do Mounjaro, diz em nota oficial que n�o h� previs�o de chegada do rem�dio ao Brasil. “Antes de estar dispon�vel nas farm�cias, todo medicamento precisa passar pelo processo de precifica��o da C�mara de Regula��o do Mercado de Medicamentos (CMED), �rg�o que regula o pre�o dos medicamentos no Brasil. O processo de precifica��o costuma levar em torno de 90 dias, geralmente. Todo o processo � conduzido por um �rg�o regulat�rio, portanto, n�o temos uma previs�o de quando ele estar� completo”, diz o comunicado.