
Estudos recentes demonstram que o cromossomo Y, que caracteriza geneticamente o sexo masculino, desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de c�nceres, principalmente os de c�lon e bexiga.
H� muito se sabe que os homens apresentam um pior progn�stico quando portadores de c�ncer de c�lon em compara��o com as mulheres. A presun��o era de que os h�bitos masculinos de fumar, o consumo extra de carne e talvez os horm�nios fizessem a diferen�a. Mas um par de estudos publicados recentemente na prestigiada revista cient�fica Nature descobriu que a gen�tica pode explicar por que o sexo � importante na agressividade e, consequentemente, no progn�stico de alguns tumores.
Quando as c�lulas tumorais perdem o cromossomo Y que caracteriza as c�lulas masculinas, os homens com c�ncer de bexiga apresentam uma maior agressividade e um progn�stico mais desfavor�vel de seus tumores. Em contraste, em alguns c�nceres de c�lon, a presen�a do cromossomo Y pode piorar os desfechos, sugerindo que o cromossomo Y funcione de maneira diferenciada, dependendo do tipo de c�ncer no qual ele esteja envolvido.
E esses estudos conseguem atribuir um mecanismo l�gico para explicar as diferen�as sexuais e seu impacto na carcinog�nese e hist�ria natural de alguns c�nceres; e esse mecanismo est� ligado ao cromossomo Y.
Entender as diferen�as sexuais no c�ncer pode assim identificar os pacientes com maior risco de recorr�ncia e, portanto, que necessitam de vigil�ncia mais rigorosa e terapias adicionais ou mais intensivas. Para melhor direcionar o tratamento do c�ncer, os pesquisadores precisam estudar como a gen�tica opera no contexto do sexo, ra�a, idade e estilo de vida do paciente. Essas s�o as caracter�sticas �s quais devemos prestar aten��o se quisermos contar com todo o potencial da moderna oncologia de precis�o.
Diferen�as sexuais e c�ncer
Os machos normalmente t�m um cromossomo Y e um X, enquanto as f�meas t�m dois Xs. Mas com o avan�o da idade, algumas c�lulas masculinas podem perder seu cromossomo Y. Homens com poucos cromossomos Y em suas c�lulas sangu�neas, por exemplo, s�o mais propensos a doen�as card�acas, condi��es neurol�gicas e c�ncer. O que esses estudos realmente revelam � que existem mecanismos moleculares al�m dos horm�nios que podem explicar as diferen�as entre os sexos, e talvez precisemos considerar esses mecanismos n�o relacionados a horm�nios quando pensamos nos resultados.
C�ncer de c�lon: os homens apresentam pior progn�stico se seu tumor portar uma muta��o no gene KRAS
Um estudo recente demonstrou que camundongos machos com uma muta��o em um gene KRAS, uma g�nese cuja prote�na � cr�tica no processo de carcinog�nese, t�m piores resultados de c�ncer de c�lon do que f�meas com muta��o KRAS ou machos sem muta��o. O mesmo � verdade nos seres humanos. O KRAS regula um gene no cromossomo Y, e quando uma muta��o KRAS torna o gene associado KDM5D mais ativo, � mais prov�vel que o c�ncer se espalhe e escape da capacidade do sistema imunol�gico de reconhecer e atacar tumores, como demonstrado em um elegante estudo publicado recentemente. Isso sugere que homens com c�ncer de c�lon e uma muta��o KRAS - que ocorre pelo menos 30% das vezes - devem ser acompanhados com mais cuidado ap�s a cirurgia e talvez receber tratamento extra para melhorar seus resultados. O conhecimento das altera��es gen�ticas que conferem um progn�stico ruim ou favor�vel � muito �til para os m�dicos poderem alistar esses pacientes em uma vigil�ncia mais agressiva ou n�o.
C�ncer de bexiga: papel do Y perdido
O c�ncer de bexiga � mais comum em homens do que em mulheres, mesmo depois de corrigir o estilo de vida masculino, mas as mulheres tendem a ter um resultado pior. Pacientes do sexo masculino cujos c�nceres de bexiga perderam o cromossomo Y t�o mal quanto as mulheres. Em c�nceres de bexiga sem cromossomos Y, o sistema imunol�gico n�o funciona t�o bem. Soldados imunes conhecidos como c�lulas T estavam paralisados e cansados.
As drogas imunoter�picas existentes que destroem prote�nas que reduzem a atividade antitumoral das c�lulas imunol�gicas T s�o mais eficazes em c�nceres de bexiga que perderam seus cromossomos Y do que naqueles que ainda os t�m. Isso sugere, mas precisa ser demonstrado em ensaios cl�nicos, que as drogas podem ajudar com mais efici�ncia os homens cujo c�ncer de bexiga perdeu seus cromossomos Y. Em outros tipos de tumor, de 2% a 78% das c�lulas cancer�genas perder igualmente seus cromossomos Y.
Agora sabemos que esse fen�meno n�o � exclusivo do c�ncer de bexiga. A equipe de investigadores planeja agora estudar se o Y perdido em outros tipos de c�ncer tem o mesmo efeito que parece ter no c�ncer de bexiga e, portanto, se esses pacientes poderiam se beneficiar da terapia imunol�gica.