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'O Brasil real colide com o Brasil sem solu��o renovadora dos candidatos'

'Eles falam de tudo, envolvem-se em pol�micas e confus�es, e o tempo vai passando sem que anunciem planos para superar o enorme atraso tecnol�gico do pa�s'


17/04/2022 04:00 - atualizado 17/04/2022 08:43

Nesta foto de arquivo tirada em 07 de outubro de 2012, uma urna eletrônica está configurada para as eleições municipais em uma estação de votação em São Paulo, Brasil
'O Brasil real contrasta com o Brasil da propaganda oficial' (foto: Yasuyoshi Chiba/AFP - 7/12/12)

A cruzada iniciada em 2021 visando uma terceira via contra as candidaturas j� ent�o consolidadas de Jair Bolsonaro e Lula vai terminando de maneira melanc�lica, sem que nenhum nome tenha sa�do da mesmice, assim como os dois l�deres da corrida presidencial.

Eles falam de tudo, envolvem-se em pol�micas (deliberadas algumas) e confus�es (que lamentam depois mas nunca se desculpam), e o tempo vai passando sem que anunciem os seus planos para superar o enorme atraso tecnol�gico do pa�s, o buraco social de mais de dois ter�os da popula��o e a estagna��o econ�mica, que se transforma em regress�o quando comparada aos avan�os no resto do mundo.

No Brasil dos candidatos:

  • O PIB cresce em V, o emprego vem forte, dom�stica tirava f�rias na Disney antes da megadesvaloriza��o do real, segundo Bolsonaro e o seu ministro liberal darwinista da Economia.
  • Em seu tempo, pobre tinha vez, comia picanha, viajava de avi�o, havia emprego para quem quisesse trabalhar, segundo Lula.
  • Mais reformas, mais mercado e menos Estado far�o do Brasil um pa�s europeu na Am�rica do Sul, segundo a turma da terceira via.

No Brasil real do IBGE:

  • O sal�rio m�nimo m�dio real de 2022 � menor que o de 2019, quando Bolsonaro tomou posse.
  • renda per capita mal compra a cesta b�sica do m�s.
  •  Em 12 dos 27 estados a popula��o que vive do Bolsa Fam�lia, hoje Aux�lio Brasil, excede a popula��o com emprego formal.
  • A popula��o permanentemente fora da for�a de trabalho � 1,4 vezes maior que a popula��o total da Argentina.
O Brasil real contrasta com o Brasil da propaganda oficial. Fato � que, se muito se fez, nunca se fez o suficiente, e assim continuar� se os eleitos pensarem pequeno ou nem isso, como tem sido a regra.

Alguns dados pin�ados desses indicadores mostram o que deveria ser prioridade, bastando a PNAD, uma das muitas pesquisas do IBGE: da popula��o de 172,2 milh�es em idade de trabalhar, s� 107,7 milh�es est�o na for�a de trabalho, dos quais 12 milh�es est�o desempregados. Significa que 64,5 milh�es est�o, permanentemente, fora da for�a de trabalho, sobretudo mulheres e jovens. Uma trag�dia.

Motivos das frustra��es

Economia que cresce pouco, abaixo de 1% este ano, algo mais no ano que vem, n�o cria empregos para suprir o aumento vegetativo da popula��o, al�m do equivalente a uma Argentina e meia que est� fora da for�a de trabalho – o p�blico das programas de transfer�ncia de renda, como Bolsa Fam�lia, hoje Aux�lio Brasil para dissoci�-lo de Lula, em cujo primeiro governo ele surgiu.

Tem-se como resultado uma massa de gastos sociais, em regra, alvo f�cil, assim como o investimento p�blico, dos programas de ajuste fiscal, diante da rigidez da folha salarial do governo federal, do Judici�rio e do Congresso, al�m do d�ficit previdenci�rio.

A essa conta somam-se gastos que n�o geram impulsos estruturais em prol do crescimento econ�mico, como as emendas parlamentares, entre elas a aberra��o do tal “or�amento secreto” pilotado pelos chefes das Casas legislativas, em especial da C�mara, em comum acordo com a Casa Civil, bra�o pol�tico da gest�o Bolsonaro.
Muitas sequelas decorrem da captura da lei or�ament�ria anual por interesses desalinhados com a vontade do eleitor e o plano maior.

M�nimo sal�rio desde 1994

Uma das distor��es, segundo o economista Fernando Montero, � que o governo Bolsonaro ser� o primeiro desde a reforma monet�ria de 1994 a pagar o sal�rio m�nimo real inferior ao seu valor quando assumiu.

“Falamos de m�dia anual, que � a que interessa �s pessoas na vida real”, diz Montero. � o resultado do ajuste fiscal, que segurou a corre��o do sal�rio m�nimo � reposi��o da infla��o. A constata��o pode ter atenuantes (como a majora��o e amplia��o do Bolsa Fam�lia) e motivos (pandemia, infla��o mundial, choques etc.). “Mas isso � um slide que falta nas apresenta��es oficiais”, ele ironiza.

E n�o � s� isso. A cesta b�sica medida pelo Procon-SP subiu 3,35% em mar�o, elevando o seu custo m�dio para R$ 1.137,20. “Nos �ltimos dois anos”, diz, “o sal�rio m�nimo perdeu quase R$ 200, comparado ao custo da cesta b�sica”. A perda � relevante para a maioria da popula��o, os dois ter�os espremidos no piso da pir�mide de renda.

A recente cavalgada da infla��o, puxada pelo pre�o dos alimentos, atinge mais os pobres, que gastam a maior parte do que recebem com comida e transportes, tamb�m pressionados pela gasolina e diesel. Como h� mais gente recebendo bolsa que com emprego formal em 12 dos 27 estados, segundo compila��o do Poder360 e estudo da FGV, os R$ 200 confiscados pela carestia fazem enorme diferen�a.

A situa��o � pior que a informada. Empregos com carteira s�o apenas 37,1 milh�es, incluindo o trabalho dom�stico, al�m dos 26 milh�es por conta pr�pria e 64,5 milh�es � margem da popula��o economicamente ativa.

Prisioneiros do passado

Tal conjuga��o de fatores de uma economia que pode ser considerada moderna apenas para a minoria mais bem paga e instru�da, enquanto a maioria depende da ajuda p�blica para sua subsist�ncia, transparece nas pesquisas de inten��o de voto quase como um grito de socorro.

O tra�o eleitoral dos candidatos da tal terceira via repete o que se manifestara nas elei��es de 2018: a sua dissocia��o absoluta dos anseios da maioria, ao se apegar a um modelo econ�mico que n�o mais conta com amplo apoio nas democracias ocidentais. Ou Joe Biden n�o estaria tentando mudar o “fundamentalismo de mercado”, travado pela direita Republicana (que cunhou o termo) n�o por divergir de seu programa, mas do identitarismo da esquerda do Partido Democrata.

Esses fragmentos ajudam a entender a nossa encrenca. Nem Bolsonaro consegue indicar um rumo que n�o seja o fracassado populismo autorit�rio, nem Lula parece informado de que n�o � com o mercado e o sindicalismo que se deve preocupar. � com a massa dos exclu�dos. Ela ser� atendida com crescimento gerador de empregos, movido a investimentos privados e p�blicos em infraestrutura e em tecnologia industrial. Nossos pol�ticos continuam presos ao passado.

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