
Em entrevista ao portal G1, a secret�ria de Educa��o do DF, H�lvia Paranagu�, disse: "Quando eu vi que o presente era pelo dia da mulher, a minha primeira associa��o � que ele [o aluno] queria dizer que ela n�o deveria estar dando aula, e sim em casa lavando panela [machismo]. Mas depois dos coment�rios dos alunos, pensei que poderia ser racismo pelo fato do cabelo dela".
Infelizmente, esse caso n�o � exce��o no Brasil. S� para voc� ter uma ideia, pesquisa do Datafolha sobre preconceito no ambiente educacional encomendada pela Associa��o Mulheres Pela Paz mostrou que ao menos um em cada cinco professores negros da rede p�blica paulista diz j� ter sofrido discrimina��o racial.
Ainda segundo a pesquisa do Datafolha, o racismo e a gordofobia s�o tamb�m os atos discriminat�rios que mais docentes relatam ver sempre nas escolas, 25% e 23%, respectivamente. Em seguida, vem a homofobia (19%). De acordo com o estudo, mais da metade dos profissionais de educa��o entrevistados (53%) relatam saber de algum aluno que j� deixou a escola em decorr�ncia disso, e 42% afirmam que o mesmo j� aconteceu com um colega professor.
Vale ressaltar que, do total de entrevistados, 39% afirmam que nunca participaram de uma forma��o/treinamento voltada a como lidar com atos discriminat�rios em sala de aula.
O levantamento ouviu 285 docentes de ensino fundamental de 15 munic�pios do estado de S�o Paulo entre os dias 26 de julho e 18 de agosto de 2021.
Acompanhando a repercuss�o do caso que citei no in�cio desse artigo sobre a professora negra que recebeu uma esponja de a�o de um estudante na sala de aula, vi diversos coment�rios como: “mas o aluno n�o teve a inten��o de ser racista, ele foi, sim, machista, mas racista n�o”. Como se “s� ser machista” fosse justific�vel.
Al�m disso, n�o importa se essa atitude foi de forma consciente ou inconsciente. Entenda: s� o fato de dar de “presente” uma esponja de a�o para uma professora negra e usar o tom de humor para “aliviar” a situa��o j� se configura como racismo recreativo. Outra coisa, s� o fato desse jovem n�o “entender” de cara a gravidade da situa��o diz muito sobre a car�ncia das escolas no Brasil em rela��o a uma educa��o antirracista.
E quando falo sobre educa��o antirracista, n�o estou falando apenas com foco nas alunos, mas tamb�m entre os profissionais da educa��o. At� porque muitos profissionais negros do setor j� foram alvo de racismo produzido por colegas de trabalho e at� de superiores.
� muito importante ter consci�ncia de que nem mesmo ambientes educacionais s�o locais de trabalho imunes ao racismo no Brasil. Al�m disso, � importante ressaltar que o racismo institucional se manifesta de diferentes formas. Sendo assim, muitos profissionais da educa��o negros e negras infelizmente j� viram diferentes fases do racismo no ambiente de trabalho.
Como especialista em diversidade e inclus�o, no in�cio deste m�s tive a oportunidade incr�vel de falar sobre educa��o antirracista e compartilhar o conceito de Ilhas de Acolhimento durante palestra com profissionais da educa��o da Secretaria Municipal de Educa��o de Seabra/BA. Falamos abertamente de maneiras pr�ticas de combater o racismo dentro de ambientes educacionais.
Como a sua escola tem lutado contra o racismo? Os profissionais negros e negras s�o respeitados, valorizados e t�m oportunidades de crescimento? Onde est�o os profissionais negros na sua escola? Existe invesimento para levar palestras e treinamentos sobre a educa��o antirracista na pr�tica?
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Quer conversar mais sobre diversidade e inclus�o? Meu nome � Arthur Bugre, sou homem negro retinto, trans e neurodiverso. Tamb�m sou jornalista e palestrante sobre Diversidade e Inclus�o por meio da Bugre: Diversidade e Inclus�o.
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