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Estado de Minas EM MINAS

Um fantasma ronda o Brasil

Neste momento de rev�s, o bolsonarismo luta para manter o trio de governadores dos estados mais populosos do Brasil sob a sua batuta extremista


29/09/2023 04:00 - atualizado 29/09/2023 08:28
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Ilustração
Ilustra��o (foto: Paulo Miranda)
 
No teatro da pol�tica virtual, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos) se intercalaram, esta semana, para apresentar ao governador Romeu Zema (Novo) uma fatura indevida.

Ambos compuseram o coro de vozes da extrema direita, indignadas e em ataque a Zema, depois que este, tentando se afastar do bolsonarismo raiz, deu declara��es entre s�bado e segunda-feira, que irritaram a fam�lia do ex- presidente e o seu entorno.

Em evento empresarial promovido pelo Grupo Lide, de Jo�o D�ria, nesta segunda-feira, ao se diferenciar do ex-presidente, a declara��o zemista que mais “feriu” a narrativa bolsonarista: “Fam�lia para l�, neg�cios e carreiras para c�”. Zema quis dizer que, diferentemente de Bolsonaro, n�o teria por pr�tica, o h�bito de misturar interesses particulares com as quest�es de estado.

Al�m da cr�tica de Zema � forma como p�blico e privado se misturam na pr�tica pol�tica de Bolsonaro, tamb�m a ideia do governador anunciada de “uni�o da direita” em 2026, durante congresso conservador em Belo Horizonte, promovido por Eduardo Bolsonaro, produziu revolta.

Em hip�tese alguma a extrema direita quer ficar isolada: qualquer tipo de “uni�o” vai empurrar o espectro ideol�gico da alian�a mais � esquerda, ainda que permane�a uma direita bastante conservadora. A posi��o em que est� Zema, ora na extrema direita, ora tentando desajeitadamente inclinar-se � direita, irrita o n�cleo duro bolsonarista.

Est� a� o motivo da rea��o, por exemplo, de Carlos Bolsonaro, que usou express�es chulas para se referir ao governador mineiro, uma delas – “o insosso e malandro governador de MG” ou “malandro com cara de pastel”.

Neste momento de rev�s, o bolsonarismo luta para manter o trio de governadores dos estados mais populosos do Brasil sob a sua batuta extremista. � verdade que, talvez, no caso de S�o Paulo, o peso de Bolsonaro sobre a vit�ria eleitoral do governador carioca eleito, Tarc�sio de Freitas (Republicanos), seja grande. Mas o mesmo n�o se pode dizer de Minas Gerais.

Na reelei��o de Romeu Zema em primeiro turno da disputa, com 6.190.960 votos – 56,18% dos v�lidos –, o governador surfou convenientemente na estrat�gia “Lulema”: evitou atacar Lula, para n�o perder eleitores que prefeririam ver o petista na presid�ncia, ao mesmo tempo em que gostariam de manter a tradi��o – apenas duas vezes quebrada desde o instituto da reelei��o – de reconduzir o governador ao cargo. Lula obteve em Minas, naquele primeiro turno, 5.802.571 votos (48,29%) contra 5.239.264 (43,60%) de Bolsonaro. Naquele pleito, quem mostrou for�a foi Zema.

Se algu�m se prejudicou no segundo turno da campanha presidencial, foi o estado de Minas Gerais. Romeu Zema, seduzido pelo canto da sereia do seu entorno empresarial bolsonarista raiz, ligou o trator � pot�ncia m�xima, tentando converter votos no estado, acreditando que se sagraria na disputa como sucessor natural de Bolsonaro.

Por meio de uma bem orquestrada e org�nica rede de pastores e empres�rios engajados, a a��o de Zema conseguiu, entre os dois turnos eleitorais, fazer Bolsonaro crescer em Minas, bem mais do que na m�dia nacional. Foi um resultado muito superior do que, talvez, gostaria o mineiro conservador, traumatizado pelos horrores de um presidente que fazia tro�a de mortos pela pandemia.

Como se v�, a fam�lia Bolsonaro est� equivocada em reclamar a submiss�o de Zema. Mas sobre isso, s� se espanta quem n�o compreendeu que a extrema direita cultua um s� l�der. Zema precisa se exorcizar de seu fantasma.

Leia tamb�m na coluna da Bertha de hoje

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