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Estado de Minas DERMATOLOGIA

Sa�de da pele durante a transi��o de g�nero

A derme da pessoa trans sofre altera��es fisiol�gicas que podem comprometer sua qualidade de vida, principalmente quando falamos de barreira da pele


06/04/2023 06:00 - atualizado 07/08/2023 16:08
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Rosto de uma pessoa trans maquiado
(foto: Alexander Grey/Pexels)

Pessoas que passam pelo processo de transi��o de g�nero, especialmente as que fazem uso de terapia hormonal e procedimentos cir�rgicos, tendem a sofrer diversas altera��es fisiol�gicas, causando mudan�as dermatol�gicas que podem se tornar problemas agudos ou cr�nicos. 

Al�m disso, algumas pessoas que passam por este processo relatam n�veis de estresse aumentados por diversos motivos como, falta do autoconhecimento do corpo atual, inseguran�as com o per�odo de transi��o e problemas sociais relacionados � transfobia. Esses impactos s�o profundos e geram uma resposta f�sica ligada diretamente ao estresse, aumentando a produ��o de alguns horm�nios, como cortisol, adrenalina e norepinefrina, que afetam diferentes �rg�os no corpo de diferentes maneiras, incluindo, � claro, a pele. 


A modifica��o corporal causada pela terapia hormonal varia conforme o g�nero. Em homens trans, o horm�nio da terapia � a testosterona, que na pele estimula a produ��o de sebo e crescimento de pelos. Esta hiperprodu��o seb�cea favorece um ambiente mais prop�cio para a prolifera��o da bact�ria Propionibacterium acnes, uma vez que essa bact�ria se alimenta das gorduras presentes no sebo. 

A maior prolifera��o desse microrganismo estimula c�lulas do sistema de defesa a liberarem radicais livres na tentativa de combater esses invasores. Os radicais livres reagem de forma oxidativa com os microorganismos, mas tamb�m com mol�culas estruturais da nossa pele e favorece a manuten��o de um ambiente inflamat�rio permanente, caracter�stico da acne vulgar. 

J� em mulheres trans, o horm�nio utilizado � o estrog�nio. Na pele, ele tem uma a��o importante de est�mulo da atividade de melan�citos, c�lulas especializadas na produ��o de melanina, favorecendo a ocorr�ncia de manchas, como, por exemplo a melasma. Isso ocorre, pois, os horm�nios femininos t�m a��o direta na pigmenta��o da pele, em especial o estrog�nio e a progesterona. 

Assim, quando o n�vel desses horm�nios est�o elevados, podem agravar a melasma em mulheres que j� t�m propens�o gen�tica para essa hiperpigmenta��o. Isso � muito comum, por exemplo, durante a gravidez e durante a transi��o de uma mulher trans, por isso os cuidados com a pele devem ser redobrados para evitar o surgimento das manchas.

A fisiologia dos horm�nios envolvidos no processo de transi��o, entretanto, vai al�m da a��o da testosterona ou estrog�nio. A express�o "Quando a boca cala, o corpo fala" nunca foi t�o real. Todo o processo pode gerar muito estresse, ainda mais no Brasil, pa�s onde pessoas transsexuais tem expectativa de vida de 35 anos e onde mais se mata pessoas trans no mundo. Este estresse reflete diretamente na pele. 

O cortisol � o horm�nio do estresse. Altos n�veis desse horm�nio no organismo favorecem a perman�ncia de um ambiente inflamat�rio em todo organismo. Na pele, a inflama��o persistente aumenta o metabolismo de gl�ndulas, como a gl�ndula seb�cea, e o metabolismo do melan�cito, favorecendo quadros de manchas relacionadas � inflama��o, denominadas hipercromias p�s inflamat�rias.

Pensando nesse quadro de mudan�as hormonais e pessoas com outras condi��es raras de pele, como psor�ase, dermatite at�pica, vitiligo, p�nfigo e eczemas, � importante considerar a resposta do sistema imune �s altera��es que ocorrem na transi��o. Neste grupo em especial, a aten��o deve ser dada � sa�de da pele e preven��o do agravamento de les�es.

Vale tamb�m destacar o processo de cicatriza��o de pessoas trans que passam por procedimentos cir�rgicos, como a mastectomia. O processo de cicatriza��o � um processo complexo e din�mico, que envolve as etapas de coagula��o, inflama��o, prolifera��o, contra��o da ferida e remodela��o. � importante que cada uma das etapas do processo de cicatriza��o ocorra de forma adequada para minimizar as cicatrizes. Para isso, produtos de a��o cicatrizantes cientificamente comprovados j� est�o dispon�veis no mercado.

Tendo em vista o exposto, entende-se que a pele da pessoa trans sofre altera��es fisiol�gicas que podem comprometer sua a qualidade de vida, principalmente quando falamos de barreira da pele. Entender o aspecto inflamat�rio que ser� enfrentado pelos estratos cut�neos � importante para encontrar os produtos mais adequados. Sabonetes e hidratantes de a��o anti-inflamat�ria, antioxidante e cicatrizante s�o grandes aliados nesse cuidado.

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