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Estado de Minas AN�LISE

Brasil: desemprego, PIB e a doce ilus�o do crescimento em 2021

O pa�s vem se beneficiando da eleva��o dos pre�os e n�o do volume produzido para gerar riqueza, mascarando a baixa produtividade e o (des)ac�mulo de capital


01/06/2021 06:00 - atualizado 01/06/2021 06:58

(foto: Pixabay/Pexels)
(foto: Pixabay/Pexels)
A despeito das diferen�as de n�vel, a pandemia do coronav�rus afetou  sobremaneira a capacidade de produ��o de riqueza de todas as economias do mundo. A expectativa � de que, em 2021, grande maioria das economias ter� conseguido superar as perdas realizadas em 2020. Para al�m de super�-las, o mais importante torna-se a capacidade de sustenta��o, a qualidade e as condi��es em que se dar�o sua produ��o. 

De duas semanas para c�, muitas proje��es de crescimento da economia brasileira para 2021 t�m sido revisadas para cima, criando-se um consenso de que o pa�s pode recuperar a queda de -4,1% do seu Produto Interno Bruto (PIB), verificada em 2020. Nesta ter�a-feira (1º/6), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) divulga o resultado do primeiro trimestre de 2021 do PIB brasileiro. Ali�s, � bem prov�vel que, enquanto voc� esteja lendo essa coluna, j� saiba qual foi seu resultado.

Juntamente com o PIB, outra medida de grande import�ncia para se entender as perspectivas socioecon�micas de uma sociedade � seu n�vel de emprego, al�m de informa��es sobre seu mercado de trabalho, tais como rendimentos, aloca��o de m�o de obra, grau de informalidade, horas trabalhadas, escolaridade, dentre outras. Conhecer as condi��es experimentadas pela m�o de obra (potencial) respons�vel pela gera��o da renda de uma economia � t�o importante quanto compreender seu potencial de gera��o de riqueza.

Na semana passada, o IBGE divulgou o resultado da sua pesquisa de emprego para o primeiro trimestre de 2021. No comparativo entre o primeiro trimestre de 2021 e igual per�odo de 2020, o rendimento real m�dio das pessoas que estavam ocupadas manteve-se est�vel. Isso seria um resultado positivo, caso a taxa de desocupa��o (desemprego) assim como o n�mero de desempregados tamb�m tivessem se mantido est�veis. 

Lamentavelmente, entre os dois per�odos comparados, o pa�s criou pouco mais de dois milh�es de novos desempregados. Como consequ�ncia, o resultado final foi a queda de cerca de 10% na massa de rendimentos real – definida como o produto entre o rendimento real e o volume de pessoas ocupadas. Em outras palavras, menos pessoas empregadas, mesmo que n�o tendo havido perdas inflacion�rias em seus rendimentos, provocou redu��o do potencial de demanda na economia. O perigo reside no ciclo negativo criado por menos recurso que reduz a demanda e que, por sua vez, impacta diretamente no n�vel da atividade econ�mica.

O IBGE, para calcular o PIB, utiliza algumas pesquisas pr�prias, al�m de registros de outras fontes. Dentre suas pesquisas, aquelas mensais da ind�stria, dos servi�os, do com�rcio, da constru��o civil e da produ��o agr�cola trazem boas pistas da tend�ncia do resultado da atividade econ�mica. Essas pesquisas mostram tanto o volume produzido quanto o pre�o dessa produ��o. Assim, a combina��o entre volume e pre�o determina o valor monet�rio da produ��o (riqueza) gerada. 

Para os tr�s primeiros meses do ano, as pesquisas mensais do IBGE est�o indicando que o PIB brasileiro pode trazer resultados ligeiramente positivos. Os resultados regionais sugerem que, dentre os tr�s maiores PIBs do pa�s, os estados de S�o Paulo e Rio de Janeiro ainda devem sofrer impactos negativos sobre atividades do com�rcio e servi�os, enquanto Minas Gerais parece estar em situa��o relativa mais confort�vel, com indicadores positivos em todas pesquisas. 

Para a economia brasileira como um todo, os subsetores de vestu�rio, combust�veis, transporte, alojamento e alimenta��o (bares e restaurantes, em geral) e ind�stria automobil�stica ainda se apresentam como aqueles mais afetados pela crise sanit�ria, em reflexo claro de que, enquanto n�o for devidamente combatida, alguns setores-chave da economia ainda permanecer�o vulner�veis. 

Como o pa�s, atrav�s de seus lideres e agentes propulsionadores do crescimento e do desenvolvimento econ�mico pretendem atacar a quest�o do desemprego e da baixa capacidade de demanda? Entre 2014 e 2020, no Brasil, a forma��o bruta de capital fixo – que mede o quanto o pa�s est� investindo para aumentar sua capacidade produtiva, caiu 24%. Resumindo: nem governo nem setor privado t�m investido e o resultado, pelo lado do mercado de trabalho, tem sido a perda de capacidade de compra. 

A combina��o perigosa entre baixa capacidade de produzir ganhos de produtividade e fraca demanda pode ser enganosamente mascarada pelos resultados positivos do PIB. No desagregado das pesquisas mensais que alimentam o c�lculo do PIB, o que chama aten��o, desde o in�cio da crise econ�mica em 2014,  � o “descolamento” entre volume e pre�o das produ��es setoriais. Dito de outra forma, o pa�s vem se beneficiando da eleva��o de pre�o e n�o do volume produzido para gerar riqueza, mascarando sua baixa produtividade e seu (des)ac�mulo de capital.  Portanto, todo cuidado � pouco ao se analisar e comemorar os resultados do PIB brasileiro! 

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