
fato que a crise sanit�ria acentuou as dificuldades de retomada do crescimento econ�mico, mas ainda mascara problemas antigos. Detenho-me exclusivamente ao que busquei apresentar, na minha coluna de ontem, sobre poss�veis fal�cias argumentativas que viriam a p�blico com o resultado do primeiro trimestre do PIB brasileiro de 2021.
� A Lei de Okun, nome oriundo do autor que a formulou, afirma que h� uma rela��o negativa entre a taxa de desocupa��o (desemprego) e a taxa de varia��o do PIB real. Em outras palavras, a Lei de Okun diz que se o desemprego est� aumentando, menos pessoas est�o participando das atividades econ�micas e, por conseguinte, o PIB est� caindo. No inverso, aumento do PIB significa queda do desemprego. Okun testou essa rela��o nos idos de 60 do s�culo passado e encontrou fortes evid�ncias emp�ricas.
Para a economia brasileira, h� algum tempo que a lei de Okun n�o tem forte ader�ncia, como pode-se notar graficamente pelas s�ries da taxa de desocupa��o (desemprego) e da taxa trimestral de varia��o do PIB, desde o primeiro trimestre de 2012 at� o equivalente de 2021. Endossando essa afirmativa, o exemplo mais recente foi o aumento da taxa de desocupa��o do primeiro trimestre de 2021 em dire��o oposta ao resultado do PIB de igual per�odo, o que refor�a dois pontos que levantei sobre as expectativas para o primeiro trimestre de 2021.

Primeiro, que parte do crescimento do PIB tem se dado em decorr�ncia do descolamento entre os �ndices de volume e de pre�os. Assim, n�o parece haver necessidade de se contratar mais m�o de obra, uma vez que s�o menos os ganhos de volume e mais os de pre�o que est�o endossando o resultado final.
Segundo, que nos setores cujas expans�es se deram de forma mais expressiva nesse primeiro trimestre - agropecu�ria e extrativa mineral -, a demanda externa associada � desvaloriza��o cambial e ao pre�o internacional das commodities produziram combina��o perfeita. O subsetor servi�os de transporte, armazenagem e correio, bem como a constru��o tamb�m apresentou melhor desempenho, mas ainda com expressivo d�ficit acumulado nos �ltimos doze meses.
O que mais chama aten��o em todas compara��es temporais � o resultado negativo do consumo das fam�lias e dos governos. A contra��o da administra��o p�blica refor�a a dificuldade da retomada consistente da atividade econ�mica e a queda no consumo das fam�lias surge como consequ�ncia do elevado n�vel de desemprego e da perda de massa salarial real.
Voltando � lei de Okun, poder�amos questionar se ganhos tecnol�gicos n�o estariam alterando a rela��o entre PIB e desemprego para o caso brasileiro, mas tal argumento seria rapidamente refutado pela evid�ncia internacional, sobretudo de economias mais desenvolvidas. Para piorar, nem o argumento tecnol�gico nos salvaria, uma vez que nosso d�ficit de investimento em inova��o e pesquisa tem reduzido a fatia de nossa ind�stria no PIB nacional.
Portanto, n�o h� quase o que se comemorar enquanto o pa�s n�o der sinais consistentes de que seu crescimento econ�mico esteja atrelado � queda do desemprego e ao aumento do investimento em ci�ncia, pesquisa, inova��o e educa��o em geral. Todo cuidado � pouco para se juntar ao coro daqueles que “realizam apostas” com os resultados que o curto prazo previs�vel est� nos trazendo. Como dizia o poeta estoico romano S�neca, “quanto mais numerosas forem as pessoas com as quais convivemos, maior � o perigo”.