
Sa�de mental e educa��o b�sica seguramente est�o entre os aspectos de bem-estar social mais afetados pela pandemia. Embora ainda faltem dados mais estruturados acerca dos efeitos da escolariza��o sobre a forma��o de crian�as e jovens, como tamb�m dos preju�zos � sa�de mental da popula��o como um todo, surgem cada vez mais evid�ncias do tamanho do estrago. A despeito de como chegaremos e de quais as consequ�ncias de m�dio e longo prazo, decorrentes da COVID-19, ainda parece haver olhares de esperan�a. E esses olhares v�m dos jovens!
De qualquer forma, sinais antag�nicos reiteram a necessidade de aguardar por mais evid�ncias para predizermos "como estaremos daqui a alguns anos". O que tem se evidenciado � a dr�stica redu��o ou mesmo aus�ncia de acesso aos servi�os de sa�de mental, uma das consequ�ncias mais danosas da pandemia da COVID-19, que tem interrompido vidas para al�m da morte direta provocada por essa doen�a e trazido efeitos ainda n�o claramente estimados para o m�dio prazo.
O Centro Nacional de Estat�sticas de Sa�de dos Estados Unidos divulgou relat�rio provis�rio sobre o n�mero de mortes por overdose, atualizados at� abril de 2021. No acumulado de doze meses - ou seja, do per�odo compreendido entre maio de 2020 e abril de 2021 -, os Estados Unidos atingiram a marca recorde de 97.900 mortes por overdose, estimando-se que o n�mero final, ap�s valida��o de todos registros, seja de 100.306.
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O crescimento mais expressivo de morte de americanos por overdose, a partir de junho de 2020 em diante, � simplesmente assustador e supera a soma de mortes por armas e acidentes de carro. A necessidade de se destinar os servi�os de sa�de no combate � pandemia deixou descoberto o cuidado com a sa�de mental e abriu espa�o para busca por opi�ides e outras drogas letais que, na maioria das vezes, os americanos desconheciam seus riscos de consumo.
Mesmo assim, e apesar de tudo, os jovens americanos e de outros vinte pa�ses, incluindo o Brasil, continuam com certa dose de otimismo em rela��o ao futuro, segundo estudo realizado pelo Fundo das Na��es Unidas para Inf�ncia - Unicef -, em parceria com o Instituto Gallup, para avaliar a percep��o sobre mudan�as em curso na inf�ncia.
A pesquisa � a primeira em �mbito internacional, realizada por telefone, entre os meses de janeiro e junho de 2021, com cerca de mil pessoas em cada pa�s, exceto na �ndia, onde alcan�ou grupo maior, de 1.400 entrevistados. Em todos pa�ses, a pesquisa entrevistou dois grupos et�rios: de 15 a 24 anos de idade e de 40 anos e mais. O objetivo da divis�o era identificar as diferen�as de percep��o, caso houvesse, entre pessoas jovens e mais velhas.
�s poss�veis diferen�as et�rias acrescentam-se aquelas decorrentes de distintos est�gios de desenvolvimento econ�mico; os pa�ses que comp�em a pesquisa s�o: Mali, Camar�es, Zimb�bue, Nig�ria, Eti�pia, Qu�nia, Bangladesh, �ndia, Marrocos, Indon�sia, L�bano, Peru, Argentina, Brasil, Ucr�nia, Estados Unidos, Reino Unido, Fran�a, Alemanha, Espanha e Jap�o.
Entre os 21 pa�ses pesquisados, a propor��o de jovens mais otimistas com os progressos intergeracionais � bem superior � de pessoas com mais de 40 anos. Brasil e Mali s�o os pa�ses menos otimistas nos dois grupos et�rios, embora sigam a tend�ncia da maioria, com preval�ncia do otimismo maior entre jovens (57%) ante os mais velhos (39%).
Na esteira do progresso intergeracional, vem tamb�m a cren�a de que a inf�ncia tem se favorecido com o tempo, em v�rias dimens�es, com destaque para qualidade dos cuidados com sa�de, acesso � �gua limpa e educa��o, sempre tendo os jovens postura mais otimista que os mais velhos.
Em contrapartida, ambos grupos entrevistados s�o menos otimistas com os cuidados com a sa�de mental, exceto aqueles entrevistados que pertencem �s economias de baixa renda - os pa�ses foram divididos em tr�s n�veis de renda, baixo, m�dio e alto. Adicionalmente, como consequ�ncia sobre a sa�de mental, os entrevistados acreditam que as crian�as de hoje sofrem maior press�o por sucesso, e em menor escala, sentem-se mais nervosas e ansiosas.
Tamb�m entre os jovens, a porcentagem dos que acreditam que tecnologia digital ajuda as crian�as, em quatro diferentes esferas (educa��o, entretenimento, criatividade e socializa��o), supera a dos mais velhos. O destaque ficou para educa��o, na qual 72% dos mais jovens ante 64% dos mais velhos acreditam na contribui��o positiva da tecnologia.
No �ltimo dia 20, faleceu Frei Claudio Van Balen, holand�s, religioso Carmelita que esteve � frente da Igreja do Carmo, em Belo Horizonte, por d�cadas. Famoso por suas homilias repletas de defesa e luta por justi�a social, em uma delas, em meados da primeira d�cada deste s�culo, Frei Cl�udio relatou o que era a vida, na Holanda, antes da primeira Guerra Mundial para mostrar a seus fi�is o quanto a qualidade de vida havia melhorado de l� para c�.
Naquele momento, Frei Cl�udio referia-se ao h�bito irreflexivo das pessoas reclamarem da vida e, assim, perderem capacidade de reconhecer o quanto as condi��es de bem-estar social avan�aram mundo afora.
N�o h� d�vida de que, apesar de ainda vivermos situa��es de guerra civil, ditaduras, fome, desigualdade, abandono, falta de perspectiva transvestida em �xodos de refugiados, discrimina��es raciais e de g�nero, misoginias, extermina��es de povos ind�genas e toda sorte de desamparos, a vida avan�a, cria novas possibilidades, mostra sua for�a, beleza e pujan�a. Como dizia Frei Cl�udio ao encerramento de suas missas, "M�os � obra!".