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Estado de Minas ECONOM�S EM BOM PORTUGU�S

Aproxima��o da COP26: �ltimo suspiro global

Embora nossa matriz energ�tica seja 82,9% renov�vel, sua concentra��o em energia hidrel�trica (57,95%) est� sofrendo severo impacto da crise clim�tica


05/10/2021 06:00 - atualizado 05/10/2021 07:30

Conferência 2021 sobre Mudança Climática
Estima-se que, a partir de 2050, o n�vel de aquecimento global deva ficar entre 1,5oC e 2,0oC caso n�o haja forte redu��o das emiss�es de gases de efeito estufa (foto: Pexels/Reprodu��o )

Ceticismo parece ser a palavra mais adequada para definir as recentes manifesta��es de alguns ativistas e especialistas em clima com a proximidade da COP26 - Confer�ncia 2021 sobre Mudan�a Clim�tica, promovida pela Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) -,  a realizar-se em Glasgow, na Esc�cia, entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro pr�ximos. 

Enquanto o mundo parou na pandemia, ocorr�ncias de animais se aproximando das cidadesc�u limpo e sil�ncio dominando cenas em todo o mundo, viv�amos a ilus�o de que a pandemia traria recuo no desequil�brio clim�tico mundial. O �ltimo Painel Internacional sobre a Mudan�a Clim�tica da ONU trouxe perspectiva assustadora:  o aumento da temperatura global j� est� em 1,1º Celsius (ºC) em rela��o aos n�veis pr�-Revolu��o Industrial e n�o apresenta sinais de arrefecimento. 
 
Ao contr�rio, estima-se que, a partir de 2050, o n�vel de aquecimento global deva ficar entre 1,5ºC e 2,0ºC caso n�o haja forte redu��o das emiss�es de gases de efeito estufa. O pior, e n�o menos importante cen�rio, � aquele em que os pa�ses n�o tomar�o decis�es contundentes nas pr�ximas d�cadas, podendo o mundo alcan�ar aumento da temperatura m�dia de 4,4ºC, provocando desastres ambientais cada vez mais graves e incontrol�veis.
 
Para se ter ideia dos impactos de um aquecimento da ordem de 2ºC, a cartilha da COP26 estima que um ter�o da popula��o mundial estaria continuamente exposta a calor severo, seria destru�da a maior parte dos recifes de coral de �gua quente e o gelo do mar �rtico estaria sujeito a derreter ao menos um ver�o a cada dez anos. 

Os reflexos sobre atividade econ�mica, condi��es habitacionais e sa�de s�o ainda mais preocupantes. 
 
 
O esfor�o das Na��es Unidas para promover mudan�as dr�sticas nas formas de produ��o econ�mica e, sobretudo, no aux�lio financeiro dos pa�ses desenvolvidos �s economias emergentes e em desenvolvimento, embora demonstrado em diversas frentes, ser� posto � prova na pr�xima COP26. A bem da verdade, vem sendo posto � prova h� d�cadas, mas o evento deste fim de outubro ser� determinante.

No pref�cio da cartilha elaborada pelo anfitri�o da pr�xima COP26, o Reino Unido, seu presidente designado, Alok Sharma, escreveu: "(...) n�o h� nenhum caminho vi�vel para as emiss�es l�quidas zero que n�o envolva a prote��o e restaura��o da natureza em uma escala sem precedentes. Se estamos comprometidos em manter a eleva��o da temperatura em 1,5oC e em nos adaptarmos aos impactos da mudan�a clim�tica, devemos mudar o modo como tratamos nossos mares e terras e como cultivamos nosso alimento. Isso tamb�m � importante se quisermos proteger e restaurar a biodiversidade do mundo, da qual toda a vida depende."

Na semana passada, dois importantes eventos antecederam a COP26: o Youth4Climate - Driving ambition e a Pre-COP26. O primeiro teve a participa��o de 400 l�deres globais jovens, entre 15 e 29 anos de idade, e Greta Thumberg fez breve discurso em tom contundente e repleto de sarcasmo: "bl� bl� bl�" era a maneira como a ativista se referia �s palavras de impacto, por�m descompromissadas, dos l�deres mundiais. 

A tomada de consci�ncia pela sociedade parece ser caminho mais eficaz para atacar, de fato, o problema, conforme avaliado no recente artigo, datado de 24 de setembro, do professor Jos� Eli da Veiga: a crise clim�tica � considerada s�ria por 93% dos europeus, dois ter�os dos estadunidenses e tr�s quartos dos chineses. Infelizmente, as pautas nacionais t�m dado muito mais espa�o �s quest�es pol�ticas e menos �s econ�micas, dentre as quais a discuss�o clim�tica � das mais importantes.

A discuss�o sobre clima perpassa v�rias �reas com destaque para a matriz energ�tica do pa�s, a matriz produtiva, com �nfase nas atividades extrativas e agropecu�rias, assim como na diversidade da pauta exportadora, o conhecimento dos servi�os ecossist�micos - benef�cios que o ambiente fornece para a sociedade por meio dos seus processos naturais - e patrim�nio cultural - prote��o e restauro dos ecossistemas que fazem parte do acervo cultural regional. 

Especificamente, no caso brasileiro, a atual crise h�drica est� nos mostrando que, embora nossa matriz energ�tica seja 82,9% renov�vel, sua concentra��o em energia hidrel�trica (57,95%) est� sofrendo severos impactos da crise clim�tica. Essa, por sua vez, tamb�m sofre impacto de efeitos retroalimentados com lavouras espec�ficas.

Estudo rec�m-publicado na Revista Nature, encabe�ado pela pesquisadora Luciana Gatti, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE -, aponta que, entre os anos 2010 e 2018, o desmatamento florestal na regi�o amaz�nica reduziu razoavelmente a capacidade de absor��o de g�s carb�nico da atmosfera. Esse efeito se deu de forma mais contundente na Amaz�nia brasileira, mais especificamente nas regi�es do sul do Par� e do norte do Mato Grosso, esta �ltima conhecida pela intensifica��o de suas atividades ligadas ao agroneg�cio. 

A COP26 se aproxima e o governo brasileiro poder� se deparar com press�es para criar metas e cronogramas para zerar o desmatamento e as queimadas na regi�o Amaz�nica, o que propiciaria � floresta absorver e reduzir as emiss�es de carbono. Atrelado a isso, conseguir�amos aumentar o �ndice de chuvas, reduzir�amos a temperatura m�dia e assim abrir�amos espa�o para um ciclo autoalimentado de sustentabilidade. 

Esse cen�rio otimista dificilmente ser� promovido pelo atual governo brasileiro, que quando da sa�da dos Estados Unidos do Acordo de Paris, promovida pelo ex-presidente Donald Trump, cogitou fazer o mesmo. Os l�deres internacionais sabem que estar�o negociando, dentre outros, com o atual ministro do Meio Ambiente - antigo bra�o direito daquele que gostava de passar a boiada! -, e a ministra da Agricultura, ex-l�der da bancada ruralista. Ambos n�o s�o adeptos ao "bl� bl� bl�".

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