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Estado de Minas ECONOM�S EM BOM PORTUGU�S

Sem estat�stica n�o contamos nossa hist�ria: que venha o Censo!

Os estratos trazem recortes de an�lises menores que permitem avaliar caracter�sticas populacionais, do mercado de trabalho, habita��o, educa��o, sa�de e renda


17/05/2022 06:00 - atualizado 17/05/2022 08:25

Pessoas nas ruas
A partir de primeiro de agosto at� fins de outubro do ano corrente, acontecer� a pesquisa de campo do Censo 2022 (foto: Pixabay/Reprodu��o)

No Brasil atual, embora o governo federal venha demonstrando pouco zelo ou certo desprezo pela manuten��o, aprimoramento e divulga��o de suas estat�sticas e, em alguns setores, at� mesmo aus�ncia de transpar�ncia de suas informa��es, h� esperan�a de, em futuro pr�ximo, conhecermos a real situa��o socioecon�mica e demogr�fica da popula��o. Mesmo com recursos escassos e dependendo da interven��o do Poder Judici�rio, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) conseguir�, em 2022, realizar o Censo Demogr�fico do Brasil. 


O primeiro Censo Demogr�fico brasileiro ocorreu em 1872, com previs�o de realiza��o decenal, mas foi somente a partir de 1940, ap�s dois anos de funda��o do IBGE, que sua realiza��o tornou-se ininterrupta. Curiosamente, o Censo foi “cancelado” em 1990, no governo Collor, e em 2020, no governo Bolsonaro, s� vindo a ser realizado, em ambas situa��es, �s custas de press�es externas, mas criando lament�vel descontinuidade na s�rie. 

A partir de primeiro de agosto at� fins de outubro do ano corrente, acontecer� a pesquisa de campo do Censo 2022. Antes disso, em evento ocorrido no �ltimo dia 04 de maio, o IBGE lan�ou importante estat�stica para auxiliar no entendimento mais regional dos indicadores que comp�em sua pesquisa amostral mensal cont�nua, a PnadC. Foram divulgados os estratos da PnadC para a s�rie de 2012 a 2019 e sua continuidade se dar� a partir de 2022. A descontinuidade dos anos de 2020 e 2021 deve-se � perda amostral e mudan�a na forma de coleta dos dados mensais, ambas afetadas pela pandemia do COVID-19.
 
Os estratos da PnadC ainda est�o classificados como estat�sticas experimentais, o que significa que pass�veis de maior precis�o na an�lise e/ou cuidado com infer�ncia dos dados dali extra�dos, mas via de regra, os resultados publicados tanto em forma de microdados como de um painel interativo, no site da institui��o, permitem conhecer com menor filtro as regi�es brasileiras, os seus Brasis, dentro e entre os seus estados. 
 
Os estratos trazem recortes de an�lises menores que permitem avaliar caracter�sticas populacionais, do mercado de trabalho, das condi��es de habita��o, educa��o, sa�de e renda de forma mais desagregada. A t�tulo de ilustra��o, com os estratos podemos conhecer os resultados da taxa de desocupa��o (tradicionalmente denominada de taxa de desemprego), de Minas Gerais e de S�o Paulo, desagregada entre 10 recortes regionais dentro de cada estado; na Bahia, a desagrega��o se d� em oito regi�es e no Maranh�o, em sete e assim sucessivamente. Por especificidades amostrais e de representatividade, os estados apresentam recortes/divis�es diferentes.
 
Os dados de 2019, de Minas Gerais, indicaram que, embora a taxa de desocupa��o do estado tenha encerrado o ano em 9,6%, as disparidades regionais foram enormes: a regi�o Integrada de Bras�lia em Minas Gerais teve taxa de desocupa��o de 3,1% e o Norte de Minas, de 13,2%. Em S�o Paulo, a taxa m�dia de 11,6% incluiu valores extremos que v�o de 7,6%, na regi�o intitulada Sudoeste de S�o Paulo, a 14,1%, no Entorno Metropolitano Oriental do munic�pio de S�o Paulo. No estado da Bahia, a taxa m�dia de 16,5% vai de 10,0%, no Oeste da Bahia, a 20,2%, no Litoral Norte e Rec�ncavo, embora a capital e seu entorno tenham mantido valores muito pr�ximos � m�dia do estado. 
 
Quanto ao analfabetismo, por exemplo, o caso do Maranh�o � marcante revelador das disparidades: a taxa m�dia do estado, em 2019, era de 14,1%, sendo que na Regi�o Metropolitana e na capital (S�o Lu�s), os valores foram de 3,7% e 2,9%, respectivamente. Na outra ponta do mesmo estado encontravam-se o Centro-oeste maranhense, com taxa de 20,5%, e o Litoral e baixada maranhense, com 17,2%. 
 
Outra estat�stica intraregional interessante que pode ser extra�da do novo estudo dos estratos da PnadC � o percentual de domic�lios com telefone celular. No estado do Amazonas, por exemplo, estratificado em cinco regi�es, na capital Manaus e no Entorno Metropolitano de Manaus, 96,9% e 91,9%, respectivamente, dos domic�lios contavam com telefonia celular; esses percentuais ca�ram para 73,5% na regi�o do Vale do rio Juru� e rio Negro. 
Um pa�s sem estat�stica � um pa�s incapaz de narrar sua hist�ria. A estat�stica funciona como importante marcador das datas, norteador das pol�ticas e revelador dos fatos. Com a estat�stica pode-se evidenciar os bons e maus feitos. Pa�ses com elevado grau de desenvolvimento social e econ�mico valem-se das estat�sticas para aferirem e evidenciarem seus avan�os e definirem metas para planejarem interven��es, pol�ticas e maiores progressos; pa�ses que insistem em experimentar baixos processos de desenvolvimento, no sentido mais latu, tamb�m o fazem �s custas da aus�ncia deliberada de produ��o de estat�stica. 
 
Nesse �ltimo grupo encontra-se grande maioria dos pa�ses da �frica, muitos da �sia, como Myanmar, por exemplo, que nunca conseguiu implementar um censo populacional, nem sequer uma pesquisa amostral cont�nua. As guerras civis, os regimes totalit�rios e a corrup��o s�o alguns dos motivos pelos quais as popula��es dos pa�ses mais pobres s�o afetadas pela aus�ncia ou descontinuidade de suas estat�sticas, submetendo-se a atrocidades e regimes execr�veis �s custas da falta de evid�ncias formais/num�ricas de suas condi��es de vida. 
 
O Brasil abarca muitos Brasis, � diverso e desigual, suas disparidades perpetuam caracter�sticas regionais hist�ricas e mesmo que dentro de cada estado ainda seja poss�vel identificar bols�es de pobreza convivendo com riqueza, seguimos com recortes regionais que claramente ainda separam Norte e Nordeste das demais. 
 
Poder usar, mesmo que de forma limitada, os resultados gerados pelo recorte dos estratos geogr�ficos e saber que, em 2023, o Brasil ser� capaz de conhecer sua verdadeira cara, desmascarando fake news ou discursos populistas que ensejam milagres socioecon�micos incompat�veis com a realidade, ser� o maior presente que a popula��o brasileira poder� ganhar, independente do resultado das elei��es. 
Parafraseando Cazuza: Brasil, mostra a tua cara, quero ver quem paga, pra gente ficar assim. Vamos aguardar e colaborar para que as estat�sticas oriundas do Censo 2022 revelem o que os �ltimos 12 anos da hist�ria t�m para nos mostrar e fazer refletir. Que venha o Censo, derrubando ilus�es, discursos desprovidos de embasamento, mostrando os desafios para se construir uma digna e verdadeira Na��o.

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