
No entanto, tais indicadores s�o incapazes de captar quest�es psicol�gicas e pedag�gicas graves como sa�de mental, nutri��o, falta de incentivo ao estudo integral e reten��o dos alunos, sobretudo no ensino m�dio.
O Saeb sofreu queda de representatividade m�dia da ordem de 10% em 2021; foi afetado pela mudan�a nas formas de tratamento entre e intra redes de ensino p�blica e privada, tanto no que diz respeito ao retorno presencial quanto �s estrat�gias de aprova��o dos alunos. Dado o fato de que praticamente as escolas ficaram sem aulas presenciais em 2020 e come�aram o retorno gradual no segundo semestre de 2021, o Conselho Nacional de Educa��o (CNE), antevendo a cat�strofe educacional naquele per�odo, criou o continuum curricular para os anos 2020-2021.
Trocando em mi�dos, o CNE replanejou o calend�rio escolar e o curr�culo na tentativa de assegurar a inclus�o de objetivos n�o cumpridos em 2020, no ano letivo de 2021, e tamb�m minimizar a reprova��o escolar no primeiro ano de pandemia. O resultado foi a subida artificial da taxa de aprova��o escolar no ensino fundamental e m�dio, na rede p�blica, em 2020, n�o sustentada em 2021, ano em que as aulas retornaram gradativamente ao modo presencial. Em outras palavras, a eleva��o da aprova��o se deu gra�as ao ensino remoto, que mascarou a capacidade de aprendizado.
Outra fragilidade � a compara��o entre os anos de 2013 a 2019, em que se observava aumento da aprova��o escolar acompanhado da melhoria no desempenho, com o comportamento dos anos de 2019 a 2021. Nesses �ltimos, aumento da nota m�dia n�o era acompanhado de aumento do desempenho e muitas vezes at� de queda. O ensino remoto mascarou a queda no aprendizado.
Assim, olhar para o Ideb 2021, cujos resultados s�o similares aos de 2019, � querer se enganar! � preciso olhar tamb�m para as notas de profici�ncia em l�ngua portuguesa e matem�tica, apontadas pelo Saeb, que v�o no sentido de queda em 2021 em rela��o a 2020. Considerando-se que as provas contaram com 10% a menos de participantes, pode se imaginar que o resultado teria sido ainda pior.
Crian�as e jovens foram deixados de lado na pandemia e os efeitos delet�rios sobre educa��o, sa�de mental e f�sica s�o cada vez mais percept�veis. � preciso olhar para al�m dos indicadores quantitativos. Ao menos duas pesquisas qualitativas escancaram os aspectos humanos que os dados do Saeb e Ideb n�o s�o capazes de revelar.
A pesquisa mais antiga, encomendada pelo Todos pela Educa��o em parceria com Funda��o Telef�nica Vivo, Instituto Natura e Instituto Sonho Grande, foi realizada entre os dias 08/02 e 18/04 do ano corrente pelo Datafolha. A segunda, encomendada ao Intelig�ncia em Pesquisa e Consultoria Estrat�gica (Ipec) pelo Fundo das Na��es Unidas para Inf�ncia (Unicef), realizou-se entre os dias 09 e 18 de agosto �ltimo.
Os resultados trazidos pelo Datafolha apontam os “desejos dos jovens das escolas p�blicas”: quase todos querem um ensino que os prepare para o mercado de trabalho; 2 em cada 3 jovens querem cursar o ensino superior e a grande maioria acredita que a tecnologia pode melhorar a aprendizagem. Dos alunos do ensino m�dio matriculados em escolas integrais, 73% sentem maior apoio da escola para pensar os pr�ximos passos e se preparar para o futuro.
No caso do estudo encomendado pelo Unicef, que conta com 99% de alunos que frequentavam escola p�blica em 2020, cerca de 11% (2 milh�es de crian�as e adolescentes) n�o est�o matriculados no ensino b�sico em 2022 – algo que parece ser refor�ado pela queda na participa��o dos alunos nas provas do Saeb 2021. Dentre os principais motivos para evas�o escolar, 48% alegam precisar trabalhar fora; 30% n�o conseguem acompanhar as explica��es ou atividades passadas pelos professores; e 29% ainda n�o t�m atividades presenciais.
Os formuladores de pol�ticas p�blicas precisam escutar as demandas dos jovens. Em �poca de campanha presidencial, a promo��o do di�logo e o levantamento de bandeiras devem ser praticados, sob pena de mantermos um Congresso cada vez mais repleto de ideias fundamentalistas e barganhas em formatos de or�amentos secretos.
Em nenhum programa de governo presidencial h� detalhamento mais claro de como esse grave problema ser� enfrentado, restando-nos, exclusivamente, buscar candidatos e candidatas ao legislativo que tenham propostas concretas para a educa��o. Fazendo coro � campanha do Unicef, lan�ada na semana passada, #VotePelaEduca��o.
Ao votar, tenha consci�ncia de que o Projeto de Lei Or�ament�ria Anual (PLOA) para 2023, submetido ao Congresso Nacional, em fins de agosto, prop�e redu��o de aproximadamente R$1 bilh�o na subfun��o Educa��o B�sica, mantem as mesmas cifras (nominais) para transporte escolar, reduz valores para materiais did�ticos e pedag�gicos e apoio ao desenvolvimento da educa��o b�sica.
Adicionalmente, o PLOA conta com veto do atual Presidente da Rep�blica para aumento de 34% da verba para o Programa Nacional de Alimenta��o Escolar, que h� quatro anos n�o sofre nenhum reajuste. � sabido que muitos alunos de escola p�blica s� t�m a merenda escolar como �nica refei��o do dia. A escola �, para al�m do espa�o do aprendizado, o espa�o do sonho, da expans�o, da busca pelo desejo, mas, na situa��o de empobrecimento, precariedade e falta de oportunidades, no Brasil atual, � o espa�o da sobreviv�ncia para crian�as e jovens. Em 2022, #VotePelaEduca��o.