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Estado de Minas FILOSOFIA EXPLICADINHA

Maquiavel, um guia para viver

O fundamento de sua teoria � interessante, pois pensa as rela��es sociais de forma pr�tica, sem se entregar ao lirismo dos princ�pios morais


17/09/2023 12:00 - atualizado 18/09/2023 07:41
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Os fins justificam os meios?
Os fins justificam os meios? (foto: flickr.com)

 

O Pr�ncipe n�o � um livro na forma que conhecemos. Isso porque ele n�o foi escrito e direcionado para uma editora public�-lo em sua integralidade, dividido em cap�tulos, de forma progressiva, com o objetivo de demonstrar ou defender uma tese propriamente dita.

 

Maquiavel, fil�sofo que ficou conhecido na �ltima semana por uma cita��o inapropriada de algu�m que possivelmente se formou em direito por EAD, em alguma faculdade que utiliza metodologias ativas, era expert em dar dicas para situa��es variadas.

 

Ele atuava com uma esp�cie de conselheiro em favor da constru��o da Rep�blica. Motivo pelo qual o texto que chamamos de O Pr�ncipe n�o passa de um compilado contendo direcionamentos a respeito de estrat�gias pol�ticas a serem tomadas pelo governante.

 

A �poca em que vive fil�sofo � recheada de intrigas, divis�es e trai��es. Nada muito diferente do que vivemos no mundo da pol�tica atualmente. Nesse sentido, o pensador pretende ajudar o governo de M�dici a manter a ordem diante do caos que se desenhava no horizonte de Floren�a entre os s�culos XV e XVI, seio do Renascimento.

 

Mais da metade do livro � de uma chatice sem igual. Isso porque ele se prop�e a descrever os assuntos particulares de personalidades espec�ficas da �poca e as rela��es com a pol�ticas. � como se algu�m, daqui a 200 anos, resolvesse estudar algum caso de corrup��o. O cerne do assunto � interessante, mas h� diversos personagens que ca�ram no esquecimento. L�gico que existe um p�blico especializado que se empolga a pesquisar esse assunto.

 

O fato � que o fundamento de sua teoria � muito interessante, pois tenta pensar a vida e as rela��es sociais de forma bem pr�tica, sem se entregar a grandes sentimentos ou ao lirismo dos princ�pios morais. Talvez por isso o termo "maquiav�lico" tenha ganhado uma conota��o negativa, usado para pessoas que pensam apenas em prejudicar os outros ou agem com frieza. Mas n�o se trata disso. Pelo contr�rio, o fil�sofo pretende ajudar as pessoas a lidarem com a realidade, nua e crua, com for�a e vivacidade.

 

Maquiavel prop�e um debate �tico, falando diretamente � forma como vivemos e sobre como tomamos decis�es. Para al�m dos trope�os assistidos no julgamento da �ltima semana, considerar o pensamento do fil�sofo como uma b�ssola de vida poder� ajudar muito no dia a dia. 

Encarar a vida de forma realista 

Ao analisar as rela��es sociais, sobretudo aquelas que envolvem algum tipo de poder, Maquiavel � considerado um fil�sofo realista. O que isso quer dizer? Que ele n�o imagina o ser humano como deveria ser, mas o analisa como ele, de fato, �. Ao debatermos pol�tica, por exemplo, quase sempre entramos em uma discuss�o imagin�ria a respeito de como a sociedade poderia ser melhor, as institui��es mais justas ou a humanidade mais bondosa. No entanto, o que percebemos na realidade � bem diferente. Jogos, trai��es e estrat�gias para vencer o outro fazem parte das rela��es sociais. Quem desconsidera isso j� entra em desvantagem na batalha. � por isso que Maquiavel n�o jogaria no time dos ut�picos, como os socialistas e liberais, por exemplo. 

A melhor a��o � aquela que traz melhores resultados 

Em nossa vida nos deparamos com v�rios dilemas. Quem nunca ficou em d�vida diante de uma situa��o dif�cil? Na filosofia sempre discutimos o que torna uma decis�o boa, excelente. A isso chamamos de �tica, tentativa de fazer ci�ncia das a��es humanas, refletindo sobre sua bondade e maldade.

 

Utilizamos duas formas para avaliar uma a��o: princ�pios e resultados. Podemos escolher princ�pios v�lidos para conduzir nossas a��es e, com isso, alcan�armos alguma paz de consci�ncia. Se falar a verdade � um princ�pio, isso quer dizer que essa regra deve ser utilizada em todas as atitudes.

 

No entanto, se voc� � surpreendido por um assalto e percebe que pode se livrar dos ladr�es mentindo, por que n�o faz�-lo? Essa � aplica��o da �tica maquiaveliana. N�o devemos desvalorizar os princ�pios, mas as a��es humanas tamb�m s�o boas quando alcan�am bons resultados.

 

No exemplo acima, a consequ�ncia de continuar vivo era bem melhor do que a regra de dizer a verdade. 

O ser humano � um ser desejante 

Na minha opini�o essa � a melhor premissa. Pensar que o homem � movido pelo desejo, essa coisa desordenada e potente, faz toda a diferen�a para a forma como vamos conduzir a vida.

 

Ao contr�rio de outros pensadores, que definem o ser humano como um animal racional, como uma alma em dire��o � santidade ou consciente de suas a��es, nosso pensador v� o sujeito como um indiv�duo que, insaci�vel, sempre buscar� realizar sua sede de poder, usado para o bem e para o mal.

 

Portanto, � preciso ter cuidado e intelig�ncia para fazer uma boa leitura de cen�rio, tratando bem aqueles que nos tratam com ombridade, mas n�o sendo "bonzinho" com aqueles e aquelas que canalizam sua energia para fazer o mal. Vale lembrar: muitas vezes � melhor ser temido que amado.

 

N�o que Maquiavel pregasse o �dio ou o medo. Ao contr�rio disso. � consenso que � bem mais f�cil governar na paz e na seguran�a. No entanto, o amor � uma quest�o de tempo, exige entrega e reciprocidade. Nem sempre podemos contar com essa certeza nas rela��es humanas.

 

Fica a dica: o amor � uma coisa boa, mas esteja preparado, pois ele �, tamb�m, um sentimento raro.

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