(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas PAULO DELGADO

O SUS brit�nico � um sucesso

Modelo inspirou v�rios sistemas mundo afora, inclusive o brasileiro


12/09/2021 04:00 - atualizado 12/09/2021 07:46

Boris Johnson participa de 'aplauso' aos profissionais do NHS por seu trabalho na pandemia
Boris Johnson participa de "aplauso" aos profissionais do NHS por seu trabalho na pandemia (foto: Andrew Parsons/AFP - 31/721)

 

Na campanha para primeiro-ministro, Boris Johnson precisou prometer que n�o privatizaria o Servi�o Nacional de Sa�de brit�nico, o ic�nico NHS – National Health Service. Criado em 1946 como um dos passos para o Reino Unido atingir prosperidade e bem-estar social ap�s a Segunda Guerra Mundial, o NHS inspirou v�rios servi�os de sa�de mundo afora. Inclusive o SUS brasileiro. Entretanto, o NHS n�o � livre de cr�ticas e sempre amea�ado por variadas formas de privatiza��o. Elas s� n�o prosperam porque n�o passa de 10% o percentual de brit�nicos favor�veis � gest�o privada do principal provedor de sa�de nacional.

 

Ainda que parte do partido de Johnson abrace a ideia de passar o fil�o para a iniciativa privada h� anos, nas campanhas fica claro que a maioria da popula��o sabe que privatiza��o n�o � a �nica solu��o para problemas encontrados em servi�os p�blicos. Quando passou a liderar o Partido Conservador, em 2019, Johnson flertou com a possibilidade de transformar a privatiza��o em bandeira, at� ficar claro que isso afundaria sua campanha. O NHS n�o apenas � um servi�o universal, mas virtualmente toda a sociedade o usa. Al�m disso, a maioria da popula��o apoia os princ�pios do NHS – de ser p�blico, financiado por impostos, e gratuito na ponta.

 

Se o NHS � referido como um orgulho nacional, a satisfa��o com o servi�o tende a ser mais baixa. Ainda que a satisfa��o fique acima de 50%, h� uma crescente inquieta��o com rela��o a uma percep��o de que o servi�o esteja se deteriorando. No meio da semana, o camale�nico Johnson enfrentou uma revolta de parte de seu partido para aprovar no Parlamento um aumento de impostos para financiar o NHS.

 

O Reino Unido anda de m�os dadas com a m�dia mundial e gasta ao todo 10% do seu PIB com sa�de. Desse total, 80% s�o gastos p�blicos. � considerado um servi�o muito eficiente que tem retornos muita acima da m�dia mundial em termos de expectativa de vida e outros indicadores de sa�de. Existe um sistema r�gido de controle de acesso feito por generalistas e as filas podem mesmo demorar para casos sem emerg�ncia, mas funcionar funciona. Isso apesar de n�o estar livre de defeitos e do fato de que qualquer mancada em gest�o de sa�de gera um trauma forte.

 

A press�o social para aumentar os recursos do NHS se tornou aguda em meio � pandemia de COVID-19. A experi�ncia pessoal de Johnson de ter que passar por uma CTI do NHS com COVID-19 talvez tenha contribu�do para sua decis�o de divergir de figuras influentes de seu partido e trabalhar pelo aumento dos recursos do servi�o de sa�de. Mas o principal motivo � o que ele mesmo disse: “S�o decis�es que o pa�s queria ver”. Ainda que haja controv�rsias sobre os efeitos distributivos imediatos do aumento de imposto – que sempre vai recair sobre o assalariado – aumentar recursos do NHS � condizente com o sentimento do pa�s.

 

Serve tamb�m para diluir um certo princ�pio de esc�ndalo, j� que v�rias a��es para conter a pandemia foram contratadas em regime de urg�ncia pelo governo junto a empresas privadas e n�o endere�adas ao NHS. Como o controle do coronav�rus n�o � dos melhores no Reino Unido – que segue sendo o pa�s europeu com maior n�mero de �bitos por COVID-19 –, ningu�m quer ser acusado de ter colocado o dinheiro no lugar errado. Principalmente se � em desconhecidas novidades privadas num pa�s em que 80% do gasto com sa�de vem do Estado. Nunca teve tanta gente de fora da �rea querendo prestar servi�o de sa�de.

 

Ali�s, o setor privado n�o precisa dessas aventuras em meio � pandemia. Em v�rios pa�ses ocorre naturalmente um aumento expressivo de busca por planos e atendimentos m�dicos privados. Com o NHS tomado pela batalha contra a COVID-19, muitos pacientes com urg�ncia e recurso t�m ido em n�meros recordes tratar no servi�o privado. Pode tamb�m n�o ser perfeito, mas a�, sim, um servi�o complementa o outro sem precisar for�ar a barra em momento de como��o social.

 

Como tamb�m complementam um ao outro os servi�os de cuidadores. Eles em geral s�o fornecidos por empresas privadas, mas entram como uma parte cada vez mais relevante do NHS para que uma popula��o cada vez mais idosa n�o passe aperto no fim da vida. Assim, uma outra parte da reforma em andamento estipula um acompanhamento do NHS para que servi�os de cuidadores acima de um certo valor – e a depender da renda – sejam cobertos pelo Estado. Essa foi uma das promessas centrais de campanha de Johnson: que as pessoas n�o precisariam vender suas casas para pagar por cuidados que necessitem ao envelhecer. Na reforma, o NHS arcar� com valores que passem de 86 mil libras ao longo da vida.

 

Conclus�o: menos infeliz o pa�s que tem um SUS.

 

Com Henrique Delgado 

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)