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Estado de Minas ECONOMIA

A verdade � que o Brasil n�o passa de um solteir�o desengon�ado

A representa��o oficial que tem tido de si mesmo n�o ajuda a melhorar essa imagem ou explicitar o que quer no Big Brother planet�rio


06/05/2023 04:00 - atualizado 06/05/2023 07:57

Dilma Rousseff é a presidente do banco do Brics
Dilma Rousseff � a presidente do banco do Brics (foto: MAURO PIMENTEL/AFP)

Mais do que por seu poder militar ou pela posi��o estrat�gica na geografia mundial, na��es s�o hoje respeitadas e consideradas por sua condi��o financeira e pela estatura educacional do seu povo. O Brasil n�o det�m poder militar nem estatura educacional. N�o ser� por esses quesitos que nos destacaremos na roda dos poderosos. Na geografia mundial, a condi��o do Brasil tampouco � estrat�gica, por estar a muitos milhares de quil�metros de todas as “zonas quentes” do globo, onde as grandes pot�ncias hoje se enfrentam na atual guerra fria.

O Brasil, numa s�ntese, � um “lugar longe e lerdo”, talvez mais apropriado para nele se esconder, do que ali se construir uma hist�ria e prosperar. H� dias, esteve no Brasil o renomado historiador econ�mico Niall Ferguson. Na sua palestra em S�o Paulo, a convidados do banco Ita�, Ferguson lan�ou um questionamento: “O Brasil � parte do Ocidente?”

A quest�o deixada pelo sagaz escoc�s vale mais pela interroga��o do que pela resposta. O Brasil est� absolutamente fincado no Ocidente, de tradi��o judaico-crist�, com sua l�ngua e tradi��es latinas, associadas �s contribui��es ind�genas e africanas.

Mas a pergunta, em si, deixa respirar uma d�vida, uma esp�cie de inquieta��o, que a recente diplomacia do governo Lula, notoriamente sinof�lica, s� faz acentuar: estaria o Brasil disposto a formar uma alian�a pol�tica com as na��es orientais? Nesse sentido, tem cabimento a pergunta de Ferguson sobre se, de fato, o Brasil teria apetite para seguir sendo “ocidental”.

A alian�a de conveni�ncia do Brics – Brasil, Russia, �ndia, China e Africa do Sul – hoje organizada em torno de reuni�es peri�dicas e com um banco para chamar de seu, o NDB sediado em Xangai e dirigido, neste momento, por ningu�m menos do que Dilma Rousseff, d� uma dimens�o do muro pol�tico invis�vel que afasta o Brasil de Washington, Londres ou Madri, para aproxim�-lo da �rbita de pa�ses orientais, cuja hist�ria � muito distinta da nossa secular tradi��o ocidental.

A verdade � que o Brasil n�o passa de um solteir�o desengon�ado, que perambula pelos cantos do baile no clube mundial. A representa��o oficial que tem tido de si mesmo, nos �ltimos anos, tampouco ajuda o Brasil a melhorar essa imagem ou explicitar o que quer no Big Brother planet�rio e quem, de fato, ele gostaria de tirar para jogar. O desempenho econ�mico do solteir�o n�o colabora para fortalecer uma boa impress�o.

Literalmente, h� d�cadas, desde os anos 1980, nossos dirigentes pol�ticos t�m produzido muito mais anos de fracasso do que de bons resultados, raz�o pela qual a parte da popula��o sustentada por programas de “mesadas” oficiais tipo Bolsa-Fam�lia e outros aux�lios e benef�cios variados tem crescido exponencialmente sobre a fatia de pessoas que conseguem um trabalho de carteira assinada.

Quem pode, ainda se vira como MEI, outro disfarce do emprego precarizado, a ponto de serem treze estados – em 27 – onde a popula��o de assistidos j� supera a de empregados formais. N�o espanta que pesquisas de opini�o entre jovens brasileiros hoje revelem o que eles pensam desse “solteir�o” chamado Brasil: a maioria afirma que, se pudesse, migraria para os EUA ou para Portugal porque, alegadamente, “o Brasil j� deu!”.

Nem a for�a financeira adquirida pelo pa�s em anos recentes, por exporta��es da agropecu�ria, do petr�leo e do min�rio de ferro, e traduzida em reservas confort�veis de mais que 350 bilh�es de d�lares, � capaz de representar uma consolida��o positiva da imagem do “solteir�o” no clube das pot�ncias. Destitu�do de voca��o para o estudo e para uso �til do tempo, o pa�s segue valorizando a lasc�via midi�tica e a esperteza impune como meios de ascens�o social e afirma��o na arena pol�tica.

Seguimos sem rumo nem objetivos firmados, haja vista a absoluta aus�ncia de sequer um documento escrito que se possa chamar de “plano de governo”. O objetivo central dos poderes � a manuten��o e, se poss�vel, a extens�o de suas pr�prias prerrogativas e privil�gios. Nenhuma na��o jamais chegou perto de ser “pot�ncia” com tamanha fragilidade de prop�sito. Por�m nada se compara, no rol de nossas tibiezas desconcertantes, � fragilidade financeira dom�stica, onde o descontrole � fantasiado de super-controle.

Apenas neste 2023, a conta da rolagem dos encargos sobre a d�vida interna p�blica, pode superar os 800 bilh�es(!) – sendo a cara do nosso descontrole –, fruto da pr�tica dos juros mais escorchantes do planeta, elevados supostamente para estabilizar pre�os – tal se apresentando como a face severa do super-controle exercido por um Banco Central independente. O descontrole disfar�ado de supercontrole � a faceta m�xima da irresponsabilidade pol�tica dos nossos governantes, verdadeiros ventr�loquos daquele estranho “solteir�o” em que nos convertemos.


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