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Estado de Minas M�DIA E PODER

Doria se soma aos 50% da centro-direita no plebiscito contra Lula

Ele tem pela frente o pared�o formado por Moro, Ciro e seu partido dividido, mas tamb�m prepot�ncia, ambi��o e esperteza de marketing


30/11/2021 06:00 - atualizado 30/11/2021 14:21

João Doria
'Doria ganhou todas as empreitadas em que se meteu fora de sua atividade empresarial' (foto: Evaristo S�/AFP )

Sempre achei Jo�o Doria mais competitivo do que o pac�fico Eduardo Leite, que derrotou nas pr�vias, para enfrentar uma elei��o que se anuncia dura e plebiscit�ria contra Lula.

Ele tem aquela pitada de mau caratice que Nelson Rodrigues identificou como indispens�vel para a vit�ria:

- Muitas vezes � a falta de car�ter que decide uma partida. N�o se faz literatura, futebol e pol�tica com bons sentimentos.
 

Doria � do time capaz de hoje dizer o contr�rio do que defendia ontem, sem enrugar um m�sculo da testa esticada por algum botox imagin�rio que se imp�s por conveni�ncia. No meu tempo, se dizia �leo de peroba.

Seu problema � a soma dos excessos de prepot�ncia, ambi��o e marketing, que transbordam das telas de entrevistas ou coletivas na forma de formalidade de mordomo misturada a uma cordialidade for�ada.

A ponto de transform�-lo no grande antip�tico capaz de ser mal avaliado mesmo depois de ter dado ao pa�s a sua primeira vacina, num ambiente em que a sociedade inteira pedia socorro.

Mas que tem funcionado paradoxalmente como solu��o. Ganhou todas as empreitadas em que se meteu fora de sua atividade empresarial, nas elei��es majorit�rias para a prefeitura e o governo de S�o Paulo, antecedidas de pr�vias belicosas.

A seu jeito trator, mostrou que � bom de campanha, sobretudo contra o PT, seu sparring nas duas grandes disputas. Soube desmontar as armadilhas ret�ricas do partido, transformando em virtude o que seus militantes pretendiam vender como defeito.

- Sim, sou o prefeito que vai privatizar cemit�rios - foi como calou de uma vez por todas o discurso ancestral do partido contra o privatismo, que chamava de entreguismo, do PSDB.

Quando a milit�ncia ao modo PT de ser passou a tocai�-lo com chuvas de ovos, fez um v�deo memor�vel exibindo um ovo com a promessa de que iria fazer omelete para as creches da cidade.

Atualmente, � o �nico que diz com sinceridade que vai privatizar a Petrobras, no seu jeito de farejar pol�micas que podem delimitar suas diferen�as e as desvantagens de seus advers�rios.

Nesse sentido, � que me parece ser o candidato mais forte contra Lula num eventual segundo turno, assim que colocar sua arrog�ncia, sua ambi��o e seu marketing despudorado a servi�o de enfrentar os pared�es que lhe aguardam.

Quais sejam, a polariza��o que ainda d� vantagens a Bolsonaro, a boa posi��o de Sergio Moro como herdeiro de eventual esp�lio bolsonarista e o seu pr�prio partido.

Bolsonaro n�o � o candidato mais competitivo contra Lula, mas o que mais chances tem de ir ao segundo turno. 

Tem a m�quina azeitada do cargo para cooptar apoio, tempo de TV e dinheiro eleitoral para fazer propagandas cinematogr�ficas de seus feitos, que v�o fazer boa parte do eleitorado se esquecer do que fez no ver�o passado.

Sergio Moro virou a melhor encarna��o da terceira via contra o petista. Tanto pelo antagonismo natural anti Lula que lhe deu o destino e a captura at� aqui bem sucedida dos apoios mais relevantes que o Bolsonaro de 2018 decepcionou.

Tanto de militares estrat�gicos dentro das For�as Armadas e de afei��o em grossa parte do eleitorado conservador, quanto de pol�ticos fritados ou de militantes decepcionados, como o MBL e afins, influentes nas redes sociais e nas ruas.

Pared�o maior � o pr�prio PSDB, rachado pela lideran�a advers�ria de A�cio Neves, a quem sua prepot�ncia lhe deu o mau conselho de enfrentar, quando qualquer estagi�rio de pol�tica sabia que era o pior a fazer.

As pr�vias mostraram o poder do cacique, que deu ao dissidente Eduardo Leite quase metade dos filiados, em margens muito estreitas entre os mais influentes, prefeitos e parlamentares.

� dif�cil considerar que v� arrastar essa outra metade para sair com pelo menos a vantagem de ter uma m�quina partid�ria com ramifica��o nacional.  

Seu jeito n�o � de tapar feridas. E � dif�cil que A�cio engula suas agress�es e n�o arraste  muita gente para outro quintal.

Vai para campanha meio alquebrado. Conta s� com a ambi��o, uma certa capacidade de produzir expectativa de poder que, mal ou bem, tem funcionado como catalisador de apoios e engajamento.

E com a imprensa influente, que sempre gostou do PSDB e deve dar a ele espa�o proporcional e entusiasmado que vem dando a Sergio Moro, em contraste com o que nega a Ciro Gomes e, de alguma forma, a Lula.

N�o duvido de sua capacidade de abrir brechas consider�veis no notici�rio, nas poucas oportunidades que tiver. E de ser bem sucedido num confronto midi�tico com Ciro e Moro.

Muito dif�cil que chegue l�, mas � igualmente certo que ser� um eleitor de peso para formar com essa trinca o grande pared�o dos pesadelos de Lula. 

Juntos, Moro, Ciro e Doria j� somam de sa�da entre 20 a 25% das inten��es, dependendo do instituto de pesquisa. Todos os tr�s com potencial de crescimento. Somados aos 25% de Bolsonaro, passam da metade do eleitorado.

Ciro tem a boa tese de que h� 75% dos eleitores � procura de um anti Bolsonaro, assim como acho que outros 60% buscam um anti Lula, considerando os 40% em que o petista est� se consolidando. � um dos pre�os que paga por se isolar como �nico candidato das esquerdas.

Qualquer dos tr�s tem boas chances de aglutinar esse pared�o. Doria, inclusive, muito inclusive. Menos Bolsonaro, que deve dispers�-los em favor de Lula.

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