
O segundo caso � ainda mais absurdo: O "doutor peludo", m�dico infectologista que atende em consult�rios particulares na regi�o nobre de Bras�lia/DF, compartilhava em suas redes sociais fotos e v�deos pornogr�ficos supostamente gravados durante seus plant�es, com colegas de trabalho e pacientes. Nas imagens, o m�dico aparecia sempre de jaleco e estetosc�pio. Na �ltima ter�a, o administrador da principal cl�nica informou o desligamento do m�dico, e o CRM-DF investiga o caso.
Confesso que hesitei por um momento antes de escrever sobre estes casos. Pois senti vergonha. Imaginei este nobre espa�o sendo diminu�do, de conte�dos t�cnicos e construtivos, a um mero portal de fofocas e banalidades. Mas ap�s refletir aceitei o tema, pois me senti na obriga��o de escrever sobre ele.
Casos como estes ganham um grande alcance justamente por terem m�dicos como atores. E este foi o motivo de minha hesita��o. Por que dar ainda mais holofotes a casos t�o absurdos, que "degradam a imagem da mais nobre das profiss�es"? Ora, justamente para desconstruir a absurda l�gica desta �ltima frase.
Temos mais de 500 mil m�dicos no Brasil. E a (p�ssima) conduta de dois infelizes, n�o macula o trabalho de tantos outros que praticam o melhor da medicina, todos os dias. Criticar com firmeza casos como estes � agir em defesa da medicina, e de toda a classe m�dica. Ignorar e normalizar estes absurdos sim, pode acabar manchando a todos.
O �ltimo post da "m�dica tuiteira" teve mais de 200 mil curtidas, e 20 mil coment�rios. N�o foi o primeiro, e todos as anteriores tiveram um enorme alcance. A conduta do "doutor peludo" j� vinha sendo divulgada nas redes sociais h� meses, com milhares de visualiza��es e curtidas. � algo a ser estudado pela ci�ncia, pessoas que colocam a busca incessante de likes em primeiro lugar, antes mesmo da pr�pria dignidade.
Mas cabe uma reflex�o: Por que estas condutas n�o foram denunciadas antes aos conselhos regionais, por qualquer m�dico que as visualizou? Pois esperar a m�dia o fazer, gera exatamente este tipo de convuls�o acerca de toda a classe profissional.
Casos absurdos envolvendo m�dicos, sempre ter�o um grande alcance. E isto ocorre justamente por conta da vis�o de nobreza, empatia e altru�smo que a sociedade possui acerca dos m�dicos. N�o se trata de uma profiss�o comum, e para exerc�-la, s�o necess�rias mais soft skills do que em qualquer outro of�cio.
� exatamente este status social que atrai tantos despreparados � medicina (aliado ao bom retorno financeiro). E estes fatores, somados � prolifera��o das faculdades de medicina, a baixa qualidade de ensino e uma enormidade de outros fen�menos, como o das redes sociais (e todos os impactos que elas trazem � sociedade), faz com que tenhamos em meio aos mais de 500 mil m�dicos no brasil, uma crescente legi�o de pessoas med�ocres, sem a m�nima voca��o para exercer a medicina.
Pois antes de ser m�dico, � preciso ser humano, mostrando um m�nimo de respeito e empatia diante do sofrimento alheio. Esta � a ess�ncia da medicina, conforme suas origens no juramento de Hip�crates. Condutas como estas, divulgadas de forma massiva nos �ltimos dias, s�o uma ofensa � honra de todos os m�dicos do Brasil e do mundo, e precisam ser combatidas com rigor pela pr�pria classe.
Uma simples infec��o urin�ria (ou cistite) n�o tratada pode evoluir para o trato urin�rio superior, levando a um quadro de sepse (infec��o generalizada) e �bito. Por isso, o tratamento deve ocorrer o mais cedo poss�vel. Algo que qualquer m�dico iniciante deveria saber.
Praticar sexo grupal e desprotegido em um consult�rio, pode causar a infec��o de diversos outros profissionais e pacientes que por l� passam, causando a prolifera��o de doen�as graves. E a divulga��o destes atos, sobretudo por um m�dico, estimula a mesma pr�tica na sociedade. Algo que qualquer infectologista deveria saber.
Estamos mesmo falando de m�dicos?