
Eram 20:30hs, mais ou menos, e nessa quarta (02/6), cheguei � casa de um querid�ssimo amigo para, na companhia de outro n�o menos querid�ssimo amigo - e cozinheiro de prima! -, beber, conversar, rir, jantar (exatamente nessa ordem) e trocar um pouco desse mundar�u de afeto, represado pelo maldito coronav�rus.
Havia meses que n�o nos v�amos; na verdade, desde outubro do ano passado. E para minha grata surpresa, ao tocar o interfone do pr�dio em que mora, na regi�o central de Belo Horizonte, fui saudado (sem mandioca!) por gritos, fogos e sons estridentes, semelhantes a metal colidindo com metal. P�xa, pensei, que bacana.
Mas, como alegria de pobre dura pouco, eu logo percebi que os gritos eram, na realidade, palavr�es, e o som estridente era o de panelas sendo impiedosamente espancadas �s janelas dos edif�cios ao meu redor. Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, consegue ser inconveniente at� quando n�o se espera.
O panela�o que me frustrou a ilus�o da recep��o de Galo, ops!, de gala, ocorreu em homenagem ao presidente da Rep�blica, que, com sua pol�tica negacionista e homicida, aliada � incapacidade administrativa e irrestrito apoio ao v�rus, ajudou a produzir um Everest de 500 mil mortos pela Covid-19 no Pa�s.
Ap�s horas, que pareceram minutos, mas que encheram meu ‘tanque da car�ncia afetiva’ pelos pr�ximos quatro meses, fui-me embora ao encontro do aconchego dos bra�os de Morfeu. Pura ilus�o. A curiosidade falou mais alto e l� foi o bob�o, aqui, assistir ao devoto da cloroquina ler e falar como crian�a alfabetizando.
Como disco arranhado, o amig�o do Queiroz repetiu a prega��o suicida contra o distanciamento social; torceu n�meros e dados a seu favor; prometeu vacinar o Pa�s inteiro ainda neste ano; defendeu a realiza��o da ‘Cova Am�rica’ no Brasil e mentiu como de costume. Por�m, o ‘ponto alto’ aconteceu logo no in�cio.
Ap�s o protocolar “boa noite” (ao menos isso ele conseguiu ler e falar como um adulto alfabetizado), o man�aco do tratamento precoce mandou ver: “sinto profundamente cada vida perdida em nosso Pa�s”. O qu�? Truco, ladr�o! N�o sente coisa nenhuma. Muito menos profundamente. Conta outra, rap�!
O que o pai do senador das rachadinhas e da mans�o de seis milh�es de reais sente em rela��o �s mortes? Apenas desprezo. E em rela��o aos enlutados? Uma completa falta de empatia e respeito: “e da�? N�o sou coveiro. Se morrer, morreu. V�o chorar at� quando? Maricas”. Argh!, que sujeito asqueroso.
Resultado: Morfeu desistiu de mim. Eu desisti de atacar a caixa de Bis. O ‘amigo barra cozinheiro’ desistiu de ir trabalhar amanh� cedo, ou melhor, hoje. O ‘amigo barra anfitri�o’ desistiu de tentar outra vez. E o amigo dele, agora meu amigo tamb�m, idem. T�o novos e t�o fraquinhos, coitados.
O �nico que n�o desistiu, nem nunca desistir�, pois indesist�vel, como imbrox�vel e incom�vel, de mentir, � o sociopata aboletado na Presid�ncia da Rep�blica. Ali�s, nem de mentir nem de infernizar minha vida. V� ser ‘espalha bolinho' assim l� no cafofo de Atibaia, do amigo advogado que mocava o Queiroz.