Lula: prote��o para negros e mulheres; Itabirito: dia do orgulho h�tero

Quem me acompanha sabe a birra - para dizer pouco - que tenho de Lula da Silva, a quem carinhosamente chamo de ex-tudo (ex-condenado, ex-presidi�rio, ex-corrupto e ex-lavador de dinheiro). Bato neste senhor e no PT ao menos desde 2001, v�spera da primeira elei��o da �nica f�nix viva do Pa�s. Assim, fico muito � vontade quando me chamam de petista, comunista ou qualquer outro “ista” da esp�cie das esquerdas: dou gargalhadas e sigo em frente (maneira educada de dizer que “cago e ando” para os bo�ais).

Como a maioria de voc�s sabe, sou de Belzonte, Minas Gerais, terra do Galo mais querido do mundo. E aqui do “ladin”, tem um munic�pio pra l� de simp�tico, Itabirito, cidade natal do gigante treinador da Sele��o Brasileira, do S�o Paulo e, claro, do Atl�tico Mineiro, quando sagrou-se o primeiro campe�o brasileiro, em 1971, Tel� Santana, Ah! Terra do Ti�ozinho e da Gl�ucia, casal espetacular que sabe receber como ningu�m, e de uma princesa chamada Maria, que me serviram as melhores jabuticabas que j� comi na vida.

Ent�o: eis que os nobres vereadores da cidade, que deveriam representar TODA a cidade, inclusive os cidad�os homossexuais e afins - seus patr�es, � sempre bom lembrar, j� que lhes pagam os sal�rios - decidiram criar o “Dia do Orgulho Hetero”, em evidente confronto com o “Dia do Orgulho Gay”. Pior. Aprovaram essa merda - sim, essa merda! - por unanimidade. Doze “representantes do povo” se uniram contra uma parcela, ainda que minoria, do… povo. Quando � que v�o aprender o conceito de democracia?

Sim. Porque democracia n�o � “exercer a vontade da maioria”, j� que desnecess�rio por si s�, mas defender as minorias e garantir seus direitos. Ora, inexiste na face da terra um branco discriminado por ser branco. Ou um hetero por ser hetero. Ou um rico por ser rico. Papai do C�u j� cuidou de proteger os privilegiados - eu, inclusive, j� que branco, hetero e, dentro dos padr�es nacionais, rico -, que n�o precisam de leis e datas que simbolizem a luta contra o preconceito e a discrimina��o, quando n�o raro, o racismo e a homofobia. 

Infelizmente, contudo, extremistas ungidos ao estrelato, no per�odo mais f�nebre de nossa hist�ria recente (desde a redemocratiza��o do Pa�s), o bolsonarismo, ocupam-se diariamente do combate a tudo que implica humanidade, civilidade, empatia, toler�ncia, respeito � pluralidade de pensamento e liberdade religiosa e de g�nero, sem contar, � claro, no racismo expl�cito contra negros e �ndios, escancarados em frases criminosoas do ex-presidente Jair Bolsonaro, o eterno verdugo do Planalto.

Com imensa ramifica��o na sociedade e correspondente representatividade na pol�tica, gente como Nikolas Ferreira, por exemplo, ou estes 12 idiotas de Itabirito, exercem sua completa ignor�ncia intelectual e aus�ncia infinita de cultura geral, para resumirem de forma sempre simplista e grosseira pensamentos sa�dos das cavernas da pr�-hist�ria, com uma dose de crueldade e desumanidade t�pica dos piores regimes genocidas do hist�ria. Pior. Costumeiramente, o fazem em nome de Deus e da fam�lia.

Agora, retorno ao primeiro par�grafo - voc�s esqueceram, n�? -, quando falei do chef�o petista, novamente presidente da Rep�blica. Nesta semana, Lula anunciou dois programas (ou leis, sei l�) em sentido de amparo, prote��o e oportuniza��o de mulheres e negros. Um deles prev� cota (30%) para os pretos em cargos da administra��o p�blica. O outro, que seguiu para san��o dele, prev� medidas protetivas para as mulheres, v�timas de viol�ncia dom�stica. Pergunto: � poss�vel ser cretino(a) o suficiente para ser contra isso?

Infelizmente, a resposta � SIM. H� cretinos(as) que insistem em demonizar as chamadas cotas raciais, em atacar os pretos, homossexuais e transexuais, em vestir peruca loura no Dia da Mulher, e de dentro do Congresso Nacional - supostamente a Casa do povo - atacar grupos de cidad�os brasileiros. S�o todos (os agressores) brancos(as) e louros(as), obviamente, e n�o satisfeitos em assistir � trag�dia da desigualdade e exclus�o sociais por que passam essas minorias, ainda querem ter “um dia” para chamarem de seu. Que nojo.