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Estado de Minas RICARDO KERTZMAN

L� e de volta outra vez: como um hobbit, fui, vi, n�o gostei e voltei

Por isso eu voltei. Agora para ficar! Porque esse... Esse � o meu lugar. Os FDPs me aguardem. A chinela voltar� a cantar


29/05/2023 11:00 - atualizado 29/05/2023 11:36
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Menino pobre carrega cesta básica
Que pa�s � esse? (foto: Minervino Junior/CB/DA Press)
Sempre que retorno de viagem ao exterior, passo alguns dias de puro desalento com o Pa�s. Tudo me toca, tudo me comove, tudo me revolta. 

Os �nibus caindo aos peda�os, lotados de trabalhadores cansados, me tocam. Os moradores de rua, famintos e doentes, me tocam. O notici�rio pol�tico e econ�mico me toca. Nossa precariedade urbana me toca. Fosse dono do Brasil e instituiria uma lei: cada brasileiro teria direito a conhecer um pa�s desenvolvido qualquer, ao menos uma vez na vida.

Sim, porque � necess�ria a compara��o, o contraponto, ver o que se perde e onde se poderia estar. N�o � poss�vel que seja assim para sempre. Caramba! Eu nasci na merda, vivo na merda e morrerei nela (entendam como “merda” o Brasil), mas minha filha e netos tamb�m? 

Repito sempre que jamais menti para minha filha, como meus pais e av�s - bem-intencionados, coitados - mentiram para mim: “o Brasil � o pa�s do futuro”. Diziam que jamais veriam um pa�s melhor, mas que eu e meus filhos, sim. Tsc, tsc tsc.

Minha primeira viagem internacional foi aos Estados Unidos, em 1994. De l� para c�, por generosidade do destino, fiz dezenas de outras viagens e conheci dezenas de outros pa�ses, por todos os continentes do mundo, e posso assegurar: isso aqui n�o presta!

T�m na��es piores? Claro, in�meras. Muito piores, ali�s. Fome, guerras, doen�as e mis�ria absoluta assolam dezenas de pa�ses mundo afora, infelizmente. Mas poucas dessas na��es, ou nenhuma, re�nem as condi��es que reunimos para n�o ser assim.

A mat�ria-prima natural que nos abunda � a boa moral e os bons prop�sitos de nossas elites que nos faltam. Deus nos sorriu, � verdade, mas � o diabo que nos faz sorrir, e isso � o que nos aprisiona no purgo. Abandonamos as d�divas e cultivamos as mazelas. Um pa�s de muitos, para poucos.
 
T�O PERTO E T�O LONGE 

Montanhas, rios, fauna, flora, litoral, clima prop�cio, b�nus demogr�fico… por que atiramos tudo e tanto no lixo? Por que insistimos em ser felizes - os que podem, claro - apenas durante alguns dias por ano ap�s embarcar para a Europa, �sia, EUA ou o escambau?

Tudo � t�o simples e complicado ao mesmo tempo. Simples de resolver e melhorar. Complicado de compor, agregar. Uma sociedade n�o-colaborativa como a nossa n�o progride; regride. Quem disse? A hist�ria. Os fatos. Os pa�ses. O planeta. 

Outro dia, uma idiota qualquer, repetindo o mantra dos extremistas me perguntou: “por que voc� n�o muda do Brasil?”. Para ela, a solu��o � essa. Para mim, a solu��o � outra. Se irei ou n�o assistir a alguma melhora - e acho que n�o! -, s�o outros quinhentos.
 
L� E DE VOLTA OUTRA VEZ 

Metaforicamente falando, em paralelo ao passeio recente (real), fiz uma breve viagem a um mundo que idealizei. Fui, vi e n�o gostei. Ali�s, detestei. N�o gostei das pessoas, n�o gostei dos modos, n�o gostei dos prop�sitos, n�o gostei de nada. Nem do caf�! Frio e sem sabor.

Neste mundo, erroneamente idealizado por mim, as pessoas s�o desprez�veis, e suas atitudes tamb�m.

Querem saber? Minha conex�o � com quem sofre, com quem precisa. � da minha �ndole. E quanto mais me distancio fisicamente da dor desse pessoal, mais emocionalmente sofro por eles - e com eles. 

Ainda que a vida tenha me sorrido, a realidade me comove o bastante para jamais abandonar minha ess�ncia emp�tica e solid�ria. Por isso eu voltei. Agora para ficar! Porque esse… Esse � o meu lugar. Os FDPs me aguardem. A chinela voltar� a cantar.

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