
Estes problemas, por vezes, v�o e v�m como uma montanha russa. Esse �ltimo � meu caso, problemas em ondas, em altos e baixos, hora calmaria, hora furac�o, navegando em estresse neutralizado em viagens r�pidas na tentativa de descanso e com o telefone te lembrando sem parar que, mesmo que voc� n�o esteja presente, a empresa � sua. E vem o constante sentimento do t�nel sem fim, e continua hora indigna��o, hora frustra��o. Sou uma pessoa inconformada, uma mente inquieta, uma mente diagnosticada com TDAH, e apesar dele, ainda capaz de criar, realizar, executar e inovar. � uma vulnerabilidade que entendi e admiti para mim mesma, aos 40 anos de idade. Sim, n�o sou uma super mulher.
Este artigo � uma carta aberta para expressar e contar sobre acontecimentos que me fazem refletir diariamente, questionar meu prop�sito e desenhar minha jornada para meu bem estar e da minha fam�lia. Todo mundo um dia se questiona: Ser� que estou fazendo certo? Ser� que � isso mesmo? Puxa, sou ser humano e tenho fraquezas, apesar da cultura antifr�gil que voc� tenta se preparar para as incertezas, coisas incertas podem acontecer e voc� n�o estar� preparado para isso.
Da� vem a Coragem de Ser Imperfeito e te faz entender que voc� n�o � perfeita e nem precisa ser, mas as pessoas n�o querem estar perto de quem n�o tem sucesso. Uma vez expus certa vulnerabilidade sobre meu neg�cio em um grupo de parceiras que pretendiam colaborar e depois disso, ningu�m mais se interessou pela reuni�o de constru��o conjunta, colaborativa, visando a abund�ncia no coletivo. Esqueci que mundo me ensinou isso. Errei em expor a verdade ou errei por confiar nas pessoas erradas? E nessa hora pensei que desse lado sou a primeira a oferecer escuta ativa, apoio e ideias para as pessoas dessa mesma rede. Ir�nico isso, mas continuo acreditando no ser humano e na mudan�a de atitudes para transformar o mundo.
A vida tem sido uma sequ�ncia de ironias. Desde 2018 venho enfrentando problemas pessoais e profissionais que me causaram raiva, ang�stia, tristeza, estresse, medo, indiferen�a, burnout, depress�o, fal�ncia, recupera��o em meio � pandemia com muita estrat�gia e esfor�o e por fim um c�ncer. Pronto, sou eu e o fundo do po�o. Mas s�rio universo, Deus, Deusa? O que foi isso? Onde me perdi pelo caminho? Ser� que foi tristeza, estresse, comi muito a��car ou o fato de ter negligenciado minha sa�de enquanto resolvia problemas que vivenciei e resolvi meio sozinha e outros que ainda n�o consegui resolver, mas que me perseguem � noite enquanto tento ter minhas merecidas 5 horas de sono? (n�o durmo mais que isso).
Quando fiquei inerte a conta chegou e n�o h� nada a fazer. O governo, os s�cios, os investidores, os filhos, os colaboradores, a rede de apoio que � paga, a escola, a sa�de e os boletos n�o se importam, eles sempre cobram. E nesse momento, at� quem deveria te pagar, te cobra. Rede de apoio.
Leia: O despertar de uma leoa
Receber diagn�stico de uma doen�a grave � bem “punk”. A gente pensa em morte. O estigma que tem tal doen�a pesa para todo mundo como se seu destino mortal estivesse escrito na testa. Vi que era grave a partir da express�o na face de cada pessoa que te atende, entre m�dicos e profissionais da sa�de na jornada que fica intermin�vel a partir do momento que voc� sente o caro�o no peito. Da� pessoas te olham, avaliam seu resultado da mamografia, da ultra sonografia e voc� vive fica no suspense, at� que por fim, no resultado da bi�psia, a palavra “maligno” aparece. Calma! Hoje os tratamentos s�o eficazes, e vai ficar tudo bem, respira.
N�o tenho como provar e s� desconfio, de que o corpo somatiza e manifesta seu desconforto em doen�as a partir de um estilo de vida sufocante, agitado, com enormes responsabilidades ou, no corpo que guarda rancor, m�goa ou �dio. Eu n�o sinto nada disso, s� muita press�o mesmo, e a �nica pergunta que fiz foi: Quem vai cuidar dos meus tr�s filhos se eu morrer?!
Depois, comecei a questionar meu trabalho, minhas ideias investidas, meu tempo dedicado a cada projeto e �s pessoas. Perguntei porque algumas me interpretam mal, porque me acham arrogante, porque se aproveitam sem dar nada em troca, porque pensam que sabem quem sou, porque pensam que sou fechada demais ou ocupada demais e n�o se aproximam, porque sou mal interpretada, porque me chamaram de racista sendo eu aliada das causas, porque me acham meio mandona. Questionei porque as organiza��es, que oferecem dinheiro para projetos de equidade de g�nero, me consideram inaplic�vel? Porque os editais me enquadram no percentual de ser menos minoria que as outras minorias e n�o me qualificam, e para todos aqueles que me julgam de tantas formas eu pergunto, por que? Logo eu que sou inclusiva, que pratico a escuta ativa, que busco aprender, que sou verdadeira quando ofere�o meu apoio, meu voluntariado, minha sororidade, que sou mediadora, conselheira, pragm�tica mas com bom senso acima da m�dia,por que ainda sou ainda julgada das formas mais diversas. Talvez por ser mulher? Por ser mulher e m�e? Por empreender sem ter sucesso?
Eu pare�o ter poder e dinheiro, por�m sempre me achei inadequada, fora da caixa, da bolha, do conformismo, do consciente coletivo, da direita radical, do extremo liberalismo, da esquerda radical, da resigna��o. Inadequada por ser indom�vel. Inadequada por ser uma mulher “afrontosa”, como me identificaram certa vez ao oferecer uma palestra para mulheres l� em Jo�o Pessoa, estado extremamente paternalista. Eu achei gra�a no adjetivo.
Eu tenho consci�ncia de ter trilhado uma jornada foda demais, e ainda assim, n�o me sinto competente o suficiente por conta da tal impostora. Ela sopra no meu ouvido diariamente, todas as minhas falhas e vulnerabilidades, e me faz duvidar de mim mesma. Acordo pensando que ao longo do dia, vai aparecer um homem ou uma mulher para questionar minha compet�ncia e ou questionar meu trabalho, me fazer sentir como a impostora.
Mergulhei em mim e me tornei ativista pela equidade de g�nero, contra o patriarcado que mata mulheres e desqualifica e depois de entender porque, desenvolvi uma forma an�litica de reconhecer injusti�as em acontecimentos, falas e outros comportamentos das pessoas que identifico como um problema a ser discutido. Exemplo, na semana passada a propus, pela terceira vez em dois anos, uma solu��o administrativa e estrat�gica para salvar um dos neg�cios que administro e, para salvar o pr�prio dinheiro desses caras investidores de uma empresa que come�ou a caminhar para o temido “vale da morte” ent�o, nesse caso, seria poss�vel salv�-la, com um �nico movimento do tabuleiro do xadrez. O investidor, homem branco cisg�nero, empres�rio, conservador e endinheirado, ouviu a proposta e depois me informou que consultaria outro homem branco cisg�nero do mesmo mercado que eu atuo, para avaliar minha solu��o para o problema. Adivinha? Para surpresa #sqn dos caras do dinheiro, a Mulher impostora, resolvedora de problemas e “fucking CEO” da empresa, estava certa. Mas ela � mulher ent�o, precisaram validar minha solu��o com um cara.
Da� as quest�es continuam, mergulho em mim, olho para a jornada, vejo que muitas coisas n�o fazem sentido porque, mais uma vez, estou fora do timing, estou indo al�m, estou visando um mundo ideal, mais colaborativo, menos competitivo entre mulheres, menos violento, onde os esfor�os conjuntos podem gerar prosperidade, podem gerar renda para mulheres, onde a engenharia social pode ajudar um grupo bem intencionado de pessoas, onde a comunidade salva quem precisa, onde a comunidade salva todo mundo e onde a comunidade me salva.
A comunidade que n�o paga, n�o compreende, n�o abre a mente, n�o te contrata, passa por cima, n�o pagam a comiss�o, que se beneficia mas n�o te d�o os cr�ditos. E avalio que o mundo continua ego�sta desmontando meu conceito ideal de neg�cio de impacto.
Ningu�m est� interessado? S� as grandes empresas de tecnologia poder�o tornar as economias colaborativa, compartilhada, circular, renov�vel, recicl�vel, org�nica, vegana, da moeda digital e demais futuros concretos? J� existem aplica��es que tornam a inova��o poss�vel e acess�vel. Mas na minha bolha, ningu�m entendeu. Timing.
Pessoas com seus julgamentos, suas cren�as limitantes, seus apegos, seus preconceitos, suas ambi��es individuais e imposs�veis, seus n�os recorrentes, seus elefantes brancos encalhados que esperam o fim se aproximar, suas arrog�ncias. Diante de um diagn�stico de c�ncer, voc� s� pensa em cuidar da sa�de e resgatar sua f� e espiritualidade. Estou determinada a reorganizar minha vida para que, quando o mundo acabar, eu possa ser eleg�vel para uma das naves espaciais do Elon Musk, que me levar� at� marte ou outro mundo qualquer, onde, quem sabe?! O mundo novo e ideal para o ser humano, pode ser constru�do a partir da inten��o verdadeira, da cren�a e da f� nas pessoas de bem. E para voc� que se encontra nessa bolha escassa, entenda que voc� precisa acordar para o Futuro, e ele � feminino.