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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Esperar por qu�?

'Uma andorinha n�o faz primavera, n�o mais do que um �nico dia de sol; nem um �nico dia, nem um curto per�odo de tempo podem fazer um homem feliz', Arist�teles


18/04/2022 06:00 - atualizado 18/04/2022 00:30

Menina sentada perto de jardim
Tudo tem seu tempo e hora (foto: Pixabay/Divulga��o)
Esperar � algo que a crian�a aprende somente a partir dos quatro anos de idade. Antes desse prazo, nos primeiros doze meses de vida, n�o se v� como um ser inteiro, separada dos seus pais, ent�o esperar gera inseguran�a. At� os tr�s anos, a dificuldade de entender o ponto de vista de algu�m leva � postura de impaci�ncia comum �s crian�as nessa idade. Dessa forma, chorar, gritar e bater os p�s tornam-se imagens comuns dos pequenos. A partir dos quatro anos, j� entendem a no��o de espera e podem tolerar um certo atraso, sem grandes dramas. A partir da�, ao longo da vida, vamos nos colocando em espera. 
 

Eu carrego comigo, quase sempre, um sentimento de algo inacabado. Muitos momentos impunham um tempo de espera para ter resultados, pois n�o fuipaciente para termin�-los, muitas vezes por falta de est�mulos. 

As causas do abandono n�o s�o claras. Pode ser porque n�o valiam mais a pena ou porque as circunst�ncias se modificaram. Aspirar a algo sem tempo de cumprimento pode gerar esse afastamento da expectativa inicial. A aus�ncia do prazo de conclus�o dilui o desejo e desvanece a ambi��o de implement�-lo. 

Tudo tem seu tempo e hora. Quantas vezes se escuta isso! Uma frase ultrapassada nos tempos modernos, quando tudo tem que ser para ontem. Esperar j� n�o � um verbo f�cil de conjugar. Esperar implica o tempo de um desejo que pode n�o mais pulsar na intensidade do dia anterior. O tempo e a sua rapidez, que impressionam, fazem essa espera n�o ser mais justificada. 

Os motivos da espera, que em algum momento fizeram sentido, porque se acreditava que valeria a pena, v�o se enfraquecendo.  Queremos viver agora. Queremos ir �quele lugar hoje. Amanh�, talvez esse desejo possa ser realizado num piscar de olhos, mas j� n�o importa mais. Queremos os arrepios da pele provocados pelo ro�ar daqueles l�bios e o toque atrevido das m�os ao longo desse dia. Fa�a o favor de atender. N�o ponha para esperar. Nesse tempo seus l�bios e suas m�os podem n�o mais interessar. 

N�o pe�a tempo ao outro. Mas se o fizer, que o fa�a com uma promessa, embasada em palavras mais fortes que todas as outras m�s palavras que surgir�o com a tentativa de afastar a espera. A �nica possibilidade de se reconectar com a esperan�a (e a manuten��o da vig�lia) s�o as lembran�as, mesmo t�nues de palavras e gestos. S�o essas mem�rias que ir�o encorajar o outro a viver na letargia da expectativa, mesmo com os infort�nios que venham a surgir. 

A espera subordina o outro. O que se espera � o objeto dominador. Resta saber at� que ponto cogita manter esse poder sobre voc�. Permanecer no estado de espera � viver na incerteza.  � projetar um futuro sobre as sombras do passado. E o passado, quase sempre, deve ser mantido onde est�: no passado. Quem coloca em espera manipula o tempo do outro. Mant�m o outro cativo e subordinado, transformando-o em um ser impotente e sem o controle da pr�pria vida. 

N�o se prenda ao tempo, quase sempre, “perdido” da espera. Mude as rotas, siga outras setas, mais livres, menos aprisionadas. Fique com o outro n�o porque voc� precisa dele, mas apenas porque o ama. Essa � a mais nobre de todas as formas de partilha de sentimentos:  eu apenas amo voc�. � a transforma��o dos sentimentos em amizade sincera. Aquela que n�o imp�e. Est� l�, mesmo quando se encontra distante. 

A espera impede de crescer com novos experimentos. Quem ama, n�o coloca o outro em estado de pausa. N�o estabelece prazos. Pedir um tempo significa que essa pessoa n�o quer mais estar com voc�, mas n�o o(a) quer perder. � injusto pedir ao outro para esperar, pois quem o faz pensa apenas nele. Deseja que o outro o espere, enquanto organiza o que sente. Ningu�m merece aguardar a indecis�o alheia. 

�s vezes, � necess�rio, apenas ir. Ir, paraconhecer outros horizontes, emocionar-se com “novas loucuras”, encontrar seu caminho. N�o fique onde n�o h� crescimento. Seja livre. A dist�ncia o fortalece e a solid�o o inspire a outras ideias. N�o se reprima. 

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